Seishun Buta Yarou Series

Seishun Buta Yarou Series – Volume 01, Capítulo 4

Assistiram o primeiro episódio do anime esta semana? Gostei muito dele, identifiquei umas diferenças aqui e ali mas nada que atrapalhasse. Bem, aproveitem o capítulo, talvez eu já revise ele amanhã. ^^ (12425 palavras – capítulo revisado 08/10/18)


Capítulo 4

Nossas Memórias


16

Eles tinham gasto quase uma hora no trem com direção contrária ao centro, tendo partido da Estação de Fujisawa na linha Tokaido, e viajado cerca de 50 quilômetros ao oeste. Os vagões prateados com linhas laranja e verde ao longo dos lados tinham passado pela prefeitura de Kanagawa e chegado em Atami, na prefeitura de Shizuoka, famosa por suas fontes termais.

Eram sete da noite.

Independentemente da hora, havia algo que eles precisavam saber. O que estava acontecendo com Mai…

E se alguém que já a tivesse visto conseguia se lembrar dela.

Eles precisavam saber em que escala o caso de Síndrome da Adolescência que estava afetando Mai a faria sofrer.

Eles já tinham descido na Estação de Chigasaki e na Estação de Odawara, mas ninguém tinha sido capaz de enxergá-la. Quando Sakuta perguntara às pessoas, ele só tinha recebido reações como ‘Huh?’, ‘Eu não a conheço’ e ‘Eu não entendo as crianças de hoje em dia’. Assim que chegaram na Estação de Atami, ele imediatamente perguntara às pessoas, mas não houve nenhuma mudança para melhor… Todos realmente haviam se esquecido de Sakurajima Mai, ou pelo menos agiam como se nunca a tivesse conhecido.

Mai assistiu tudo isso sem expressão. Ela engoliu qualquer surpresa, tristeza ou medo, sem qualquer abalo no rosto. Como um lago parado.

Sakuta olhou para cima de onde ele estava na plataforma, para as placas elétricas com os horários de partida do trem. Para o próximo trem, mesmo que continuassem na linha Tokaido, eles precisariam transferir para um outro, visto que o trem no qual haviam andado até aqui terminava nessa estação.

Ele encontrou um trem que chegaria às sete e onze e ia para Shimada. Ele não sabia qual prefeitura era ou onde ficava a estação, mas… verificar o mapa da rota revelou que ficava ainda mais ao oeste do que Shizuoka, e isso era bastante.

Ele partiria em seis minutos então, embora não fosse muito, ele tinha algum tempo.

“Vou telefonar para minha irmã.” Com essas palavras para Mai, ele correu para um telefone público ao lado de uma loja. Ele usou um trocado e levantou o receptor antes de discar o número, o deixando tocar. Após um curto período de tempo, ele foi transferido para a secretária eletrônica. “Kaede, sou eu.”

Kaede nunca atenderia um telefonema de qualquer outra pessoa, então uma ligação sempre começaria dessa maneira com a secretária eletrônica.

“Alô, é a Kaede.”

“Ótimo, você está acordada.”

“São apenas sete horas.” Mesmo sem ver o rosto dela, ele conseguia imaginá-la fazendo beicinho. “Aconteceu algo?”

“Desculpe, eu não vou voltar para casa hoje.”

“Eh?”

“Surgiu uma coisa que preciso fazer.”

“O-o que é essa ‘uma coisa’?”

“É…” Por um momento ele estava sem palavras, mas Sakuta logo percebeu que deveria perguntar a Kaede também e falou ao telefone. “Kaede, você se lembra da garota que veio à nossa casa, Sakurajima Mai?”

“Eu não conheço ninguém chamada assim.”

Ela respondeu, muito facilmente.

“…”

Ele não conseguia responder imediatamente e levemente mordeu o lábio, tentando se acalmar.

“Quem é ela?”

Kaede resmungou com inveja. Sakuta ouviu isso de longe. Era realmente complicado ter a realidade jogada em sua cara dessa maneira por alguém que ele conhecia tão bem. Foi o mesmo que quando ele falou com Nanjou Fumika, muito mais complicado do que ouvir isso de alguém que ele não conhecia e nunca tinha visto.

“Tudo bem se você não sabe. Coma o macarrão instantâneo esta noite, pode comer qual você quiser. Certifique-se de alimentar o Nasuno também. Escove os dentes antes de ir dormir. Eu vou ligar de novo. Tchau.” [NT: eu preferi colocar ‘tchau’ para fazer mais sentido, mas no final ele fala ‘night’ como se fosse falar ‘boa noite’ de forma mais casual sem o ‘boa’]

“Ah, eh? Onii-chan!”

No meio do grito de Kaede, o telefone desligou com o barulho de uma moeda de dez ienes.

Ele foi para o trem.

“Vamos, Mai-san.”

“Vamos.”

Sakuta e Mai embarcaram no trem em direção a Shimada na plataforma dois.

⟡ ⟡ ⟡

O trem deixou Atami ao longo da costa do Pacífico, indo mais ao oeste. Eles trocaram de trem ao longo do caminho na Estação de Shimada e na Estação de Toyohashi. Eles foram da prefeitura de Shizuoka para a prefeitura de Aichi e partiram da prefeitura de Aichi para a prefeitura de Gifu, viajando centenas de quilômetros.

Enquanto faziam isso, Sakuta perguntou para as pessoas de lugares que ele não conhecia sobre Mai, mas é claro que não havia um único que soubesse dela, nem um único que pudesse vê-la.

Os dois estavam agora sacudindo com o trem a caminho de Ogaki. Isso era provavelmente o mais longe que eles iriam para confirmar as circunstâncias em torno de Mai. Por volta do momento em que chegaram, a data havia mudado. Por cada estação que passavam, o número de passageiros diminuía.

À medida que o número de pessoas ao redor diminuía, o rangido das rodas e dos trilhos e os solavancos causados ​​pelas junções nos trilhos gradualmente começaram a soar como uma canção de ninar.

Quando um conjunto de poltronas opostas ficou livre, Sakuta e Mai sentaram lado a lado nas mesmas.

“Na prefeitura de Gifu, lá possui o maior número de pessoas depois da cidade de Gifu.”

Mai falou de repente enquanto olhava para seu smartphone.

“Do que você está falando?”

Quase não havia pessoas no mesmo vagão. Havia algumas pessoas sentadas em lugares distantes, então não havia muita diferença no humor comparado a eles estarem sozinhos.

“Sobre Ogaki.”

“Ah.”

Graças a isso, as baixas vozes deles eram claramente audíveis para um ao outro.

“Além disso, é dito haver muita água subterrânea.”

“Eu daria uma calorosa boas-vindas em algum lugar com água limpa.”

“…”

“…”

Os dois ficaram em silêncio e o barulho do trem preencheu o espaço. É claro que os arredores fora do trem estavam escuros como breu, então não havia divertimento em olhar pela janela. Mesmo assim, Mai apoiou o cotovelo na mesa embaixo da janela e olhou para as terras desconhecidas.

Ele pensou que cerca de dez minutos haviam passado sem que eles dissessem nada.

“Hey, Sakuta.”

“O que foi?”

“Você consegue me ver?”

O reflexo dos olhos de Mai no vidro manteve o perfil do rosto de Sakuta à sua vista.

“Eu consigo ver você.”

“Você, você consegue me ouvir?”

“Alto e claro.”

“Você se lembra de mim?”

“Sakurajima Mai, aluna do terceiro ano na Escola Secundária de Minegahara na prefeitura de Kanagawa. Você estreou no mundo do showbiz ainda jovem e, bem, você já teve um bom número papéis.”

“Por que esse ‘um bom número’?”

“É provavelmente porque você passou tanto tempo no mundo do showbiz desde que era criança, que sua personalidade se deformou e você não é honesta.”

“Como?”

“Escondendo-a, embora você esteja apreensiva.”

Sakuta disse isso e corajosamente segurou a mão de Mai. As sobrancelhas dela se levantaram de surpresa e seu olhar foi em direção a ele segurando sua mão.

“Eu não disse que você poderia segurar minha mão.”

“Mas eu quero.”

“…”

“Eu acho que você pode me dar uma pequena recompensa, não é?”

“…Eu acho que não tenho escolha.” Mai voltou seu olhar para a janela, e seus dedos deslizaram entre os de Sakuta. O aperto de mão de uma namorada, isso fez cócegas nele e o fez arrepiar. “Esta é uma ocasião especial.”

O perfil de Mai parecia um pouco envergonhado quando ela disse isso e, ao mesmo tempo, ela parecia estar se divertindo ao ver a confusão de Sakuta.

Finalmente veio o anúncio de que a próxima parada seria a estação terminal de Ogaki. Sakuta e Mai não se soltaram até que tinham chegado.

Quando eles desceram na plataforma, a data já tinha mudado há muito tempo e era meia-noite e quarenta. Sakuta perguntou ao funcionário sobre Mai e depois dele responder ‘Não, eu não a conheço,’ eles saíram pelos portões de bilhetes.

Eles acabaram saindo pela entrada sul e depois caminharam até perto do terminal de ônibus antes de pararem. Se essa fosse uma estação sem nada ao redor, eles teriam se preocupado com o que fazer, mas visto que esta estação ficava no centro da cidade junto a todos os estabelecimentos, eles deveriam ser capazes de pelo menos encontrar um lugar para passar a noite.

O problema era onde ficar. Se Sakuta estivesse sozinho, ele poderia ter usado um mangá café, mas ele não podia levar Mai para um e ela havia dito a ele mais cedo que queria tomar um banho, como se fosse um aviso para ele. Sakuta concordou com isso, a brisa do mar na praia de Shichirigahama tinha coberto eles completamente em sal e ele queria lavar isso no chuveiro. Ele estava um pouco melado e achava que suas roupas poderiam estar cheirando a sal.

Levando em conta as várias considerações, Sakuta decidiu contar com o hotel de negócios em frente à estação como um lugar seguro. Quando ele perguntou se havia um quarto livre, a recepcionista olhou para ele com desconfiança, uma reação natural a um estudante do ensino médio que estava quase de mãos vazias dizendo que queria passar a noite. Independentemente disso, eles passaram pelo check-in sem problemas. Para evitar mais perguntas desagradáveis, ele pagou primeiramente pela noite de estadia.

Como Mai era invisível, não havia motivo para fazer o check-in. Sakuta se virou para perguntar se ela estava bem em dividir um quarto, mas não havia necessidade, já que Mai tinha ido direto para o elevador. Eles utilizaram o elevador até o sexto andar.

O quarto deles ficava no final do corredor, quarto 601.

Sakuta inclinou a cabeça para o lado em completa confusão sobre como usar o cartão-chave, então Mai estendeu a mão e abriu a porta.

“Você pode retirá-lo depois de inseri-lo.”

Sakuta tentou apenas para praticar, mas devido a falta de resposta parecia não ter funcionado, não havia sinal da porta abrir. Mas, como Mai disse, a porta se abriu normalmente. O quarto era de solteiro e possuía uma cama, uma pequeníssima escrivaninha com armário, e um assento para ela. Ele também tinha uma televisão de dezenove polegadas, uma pequena geladeira e uma chaleira.

Francamente falando, era apertado, e a cama ocupava cerca de setenta por cento do quarto.

“Tão pequeno.”

“Isso é de se esperar.”

Mai se jogou na cama, ligou a TV usando o controle remoto e tirou suas botas. Ela passou por todos os canais antes de imediatamente desligá-la. Ela então deitou na cama a partir de sua posição sentada. Claro, ela provavelmente estava cansada também. Eles não tinham feito nada além de viajar, mas essa viagem também havia esgotado Sakuta e a pesada sensação de fadiga permeava todo o seu corpo.

“Eu irei tomar banho.”

Mai se levantou abruptamente.

“Vá em frente, vá em frente.”

“Não espie.”

“Tudo bem, o som por si só já é suficiente para nutrir meus pensamentos por um dia.”

“…”

Mai silenciosamente apontou para a porta, dizendo-lhe para sair.

“Eu pensava que atormentar um garoto mais novo com o som do chuveiro aqui seria do gosto de uma calma mulher adulta.”

“E-eu sei disso, é claro.” Mai desconfortavelmente disse como se esse sempre fosse seu plano. “Em troca, não faça nada estranho sozinho, okay?”

“Algo estranho?”

Ele fingiu não entender o que ela queria dizer.

“C-coisas estranhas são coisas estranhas. Idiota, eu não me importo!”

Mai se virou e entrou no banheiro, batendo a porta atrás dela e trancando-a com um ruído alto.

“Isso foi realmente fofo…”

Finalmente, o som do chuveiro preencheu o quarto. Enquanto ouvia, Sakuta checou o telefone fixo no quarto. Aparentemente, ele podia fazer chamadas externas também.

Ele pegou o aparelho e discou o único número que ele havia memorizado de seus melhores amigos.

O terceiro toque foi cortado no meio e ele ouviu uma voz familiar responder.

“Que horas você acha que são?”

Foram as primeiras e sonolentas palavras de Yuuma.

“Uma e dezesseis.”

Sakuta imediatamente respondeu com o tempo do relógio na cabeceira da cama.

“Eu sei disso.”

“Você estava dormindo?”

“Eu estava dormindo, cansado das atividades de clube e do trabalho.”

“É uma emergência, me ajude.”

“O que você precisa?”

“Primeiro, eu preciso fazer uma pergunta, você se lembra da Sakurajima-senpai?”

Ele achava que fazer isso era inútil, no entanto. Hoje ele havia perguntado a dezenas… talvez até centenas de pessoas sobre Mai, e nem uma vez ele tinha ouvido a resposta que queria.

“Huh? Claro que eu lembro.”

“Certo, você não lembra.”

Ele respondeu reflexivamente.

“Não, eu lembro.”

A voz de Yuuma ainda estava meio sonolenta e ele balançou a cabeça.

O que Yuuma tinha acabado de dizer?

“Kunimi!”

“Woah, não fale tão alto.”

“Você conhece a Sakurajima-senpai? Sakurajima Mai-senpai.”

“Obviamente eu conheço.” Ele não entendia o porquê, nem um pouco, mas surpreendentemente, Sakuta havia encontrado pelo menos uma única pessoa. Esta alegria, surpresa e confusão fizeram seu coração bater com tanta força que doía. “Era só isso? Eu vou dormir.”

“Espera. Me fale o número da Futaba.”

“Eh, claro.” Parecia que ele tinha acordado um pouco, e Yuuma resmungou o número em meio a suas reclamações enquanto Sakuta escrevia em um papel na mesa. “Você vai ligar para ela agora?”

“É por isso que eu pedi.”

“Ela vai ficar com raiva e dizer que você não tem senso comum.”

“Fique tranquilo, eu pensei isso também.”

“Claro, estou tranquilo. Trate-me para almoçar pelo menos, a Futaba também.”

“Certo, boa noite.”

“Sim, boa noite…”

Ele desligou a ligação e depois ligou para Rio, que logo atendeu, e disse “É o Azusagawa”.

“Que horas você acha que são?”

A voz de Rio estava descontente e surpreendentemente clara. Talvez ela ainda estivesse acordada.

“Uma e dezenove.”

“Esse relógio está vinte e um minutos atrasado.”

“Ah, é mesmo?” Este era um hotel de negócios, então ele esperava que eles colocassem o horário correto. “Agora é um bom momento? Bem, sendo ou não, eu gostaria de falar com você.”

“Entendo, você se envolveu mais uma vez em algo incômodo.”

“Eu não diria realmente que foi ‘incômodo’.”

“O chuveiro que eu posso ouvir atrás de você é a Sakurajima-senpai, certo?”

“…Você acertou.”

Mesmo enquanto ele estava surpreso com a percepção muito afiada dela, Sakuta sentiu-se profundamente desconfortável.

“Sua fofa irmã mais nova não tomaria banho a essa hora da noite. Além disso, dá para ver que você não está ligando da sua casa apenas pela tela do identificador de chamadas.”

Enquanto ele ouvia a lógica de Rio, Sakuta percebeu a razão por trás de seu desconforto.

“Futaba, você se lembra da Sakurajima-senpai também, certo? Você conhece ela?”

Palavras buscando confirmação escaparam pela boca dele.

“Claro que conheço alguém tão famosa. Você é um idiota, Sakuta?”

“É porque está acontecendo algo que eu liguei para você nessa idiota hora da noite.”

Rio soltou um suspiro.

“Okay. Eu vou ouvir sua idiota história, Azusagawa, seu idiota.”

Sakuta levou cerca de vinte minutos para explicar o que estava acontecendo com Mai para a Rio. Ele deixou de fora seus palpites, dizendo-lhe apenas o que ele tinha visto. Rio ocasionalmente intervia para confirmar algumas coisas, mas ouviu atentamente toda a conversa.

“…É basicamente isso.”

Rio ficou em silêncio por um tempo depois que ele terminou, antes de finalmente dizer:

“Entendo,” e depois, depois de deixar escapar um suspiro de consideração, ela continuou, “Estou surpresa que o relacionamento de vocês tenha progredido tanto”.

“Oi, você sequer ouviu alguma coisa que eu disse?”

“Eu não queria ouvir sobre o romance de vocês.”

“Eu não me lembro de ligar para você e falar sobre isso.”

“Você apenas parecia meloso, especialmente ligando tão tarde.”

“Eu não estou meloso.”

“Se gabando então?”

“Isso é ridículo.”

“Você diz isso, mas é realmente algo muito espantoso.”

Rio falou em um tom de voz mostrando o quão problemático ela tinha achado isso.

“Bem, eu suponho que sim… se você começar com o fato de que Sakurajima Mai e eu estamos juntos, não há nada de estranho em relação as pessoas não serem capazes de vê-la, ou até mesmo ela desaparecer das memórias delas.” Ele disse.

“Ah, isso é verdade.”

“…sua maldita.”

Ele disse isso como uma piada, mas Rio tinha imediatamente concordado.

“Apesar que nós tínhamos conversado sobre isso antes, e eu neguei a existência da Síndrome da Adolescência.”

“Eu sei, você disse que era ilógico, não é?”

“Isso mesmo.”

Mesmo assim, a razão pela qual ela não tinha o rotulado de convencido era que ele havia mostrado a ela as feridas em Kaede e as cicatrizes em seu peito. Com isso, ela tinha dito “É ilógico, mas acreditar no que você está dizendo é consistente no geral”.

Claro, Sakuta não tinha falado uma única mentira. Ele ter deixado sua cidade natal e vindo para a Escola Secundária de Minegahara estava entrelaçado com a Síndrome da Adolescência de Kaede. Se não fosse isso, ele provavelmente teria ido para a escola perto de sua casa, não conhecido a Makinohara Shouko e nunca tido a oportunidade de conhecer a Escola Secundária de Minegahara.

“Então, o que você está esperando de mim?” Ela perguntou.

“Eu quero que você pense sobre o porquê disso estar acontecendo e encontre algo para consertar isso.”

“Você está sendo irracional, Azusagawa.”

“Estou em pânico, por isso estou sendo irracional.”

“…” Houve um silêncio por parte de Rio.

“Huh? Futaba? Você está aí?”

“Kunimi disse algo antes.”

“Huh?”

Por que ela estava trazendo Yuuma nesse assunto?

“Que ser capaz de dizer ‘obrigado’, ‘desculpe’ e ‘me ajude’ era um dos seus pontos positivos.”

“Ninguém além de vocês dois diria isso.”

Sakuta bufou para esconder seu constrangimento.

“Entendi, eu irei pensar pelo menos, mas não espere nada.”

“Não, eu irei,” disse ele.

“Sabe…”

“Obrigado, isso realmente ajuda.”

Honestamente, Sakuta também estava preocupado. O futuro era completamente incerto. Desde o caso de Síndrome da Adolescência de Kaede, ele não sabia até hoje como combater esse medo. Isso o assustava.

No futuro, ele poderia acabar ficando incapaz de enxergar Mai, incapaz de ouvir a voz dela, esquecendo-a completamente. Isso o assustava mais que qualquer coisa.

“E quanto a escola amanhã?”

“Nós estamos em Ogaki no momento, então não vamos conseguir chegar a tempo pela manhã. Por que a pergunta?”

Ele não achava que Rio perguntaria, sem sentido, sobre seus planos para amanhã.

“Fazendo uma breve consideração, a única coisa que você, Kunimi e eu temos em comum é a escola.”

“Entendo.”

“E então, eu pensei que a causa poderia estar na escola.”

“…Esse poderia ser o caso.”

De repente, Sakuta lembrou que hoje… bem, pela data seria ontem, o que aconteceu com a garota colegial que ele tinha conhecido junto da garota perdida, quando eles se encontraram novamente no local onde seu encontro com Mai deveria começar… Koga Tomoe. Quando eles tinham se encontrado novamente na estação, Tomoe pôde ver Mai, como também as amigas dela.

“Então foi uma perda de tempo vir tão longe…?”

Enquanto pensava nisso, ele contou a Rio sobre Tomoe e as amigas dela.

“Isso acabou sendo uma informação que ajudou a esclarecer o que está acontecendo, então não foi um desperdício. Graças a isso, fomos capazes de pensar que a causa poderia estar na Escola Secundária de Minegahara.”

“Certo… isso é bom então. Eu estarei na escola amanhã, embora possa já estar perto do almoço nessa hora. Peço desculpas pela hora.”

“Você deveria mesmo.”

Rio desligou enquanto abafava um bocejo e Sakuta desligou o telefone também. Ele notou que inconscientemente se levantara e caíra na cama. Em algum momento, o som do chuveiro parou, e ele não percebeu porque estava concentrado na ligação com Rio.

“Uwah, que desperdício.”

Enquanto ele expressava seu arrependimento, a porta do banheiro se abriu levemente e a partir da abertura, Mai colocou para fora o rosto com uma toalha enrolada no cabelo. Seus ombros, ligeiramente visíveis, estavam brilhando rosados ​​devido a água quente, e vapor se emanava dela.

“O que eu faço quanto as roupas íntimas?”

“Huh?”

“Está tudo bem em usar as mesmas roupas, mas eu não quero as mesmas meias ou roupas íntimas”.

“Devo lavá-las?”

“Eu prefiro morrer.”

“Elas são suas, então eu não me importo se eles estiverem sujas.”

“E-elas não estão sujas!”

“Pelo contrário, isso aumentaria o valor delas.”

“Pare com seus pensamentos pervertidos.”

Ela pegou a toalha em volta dos cabelos e jogou-a nele. Ela bateu direto no rosto dele, visto que Sakuta esquecera de se esquivar porque ficou atraído pela visão do cabelo levemente molhado de Mai. No entanto, essa foi a decisão correta, já que um perfume agradável emanava da toalha, embora fosse provavelmente o do xampu.

“Você não está usando elas agora, Mai-san?”

“Eu estou com uma toalha de banho.”

“Ohhh.”

“Não fique excitado imaginando coisas estranhas.”

“É uma ilusão, então está tudo bem.”

“Por que você é tão pervertido?”

“É irracional me dizer para não ficar excitado quando estou em um hotel com a minha linda senpai.”

“Você está tentando dizer que é minha culpa?”

“Eu acho que uma estimativa moderada definitivamente diria que foi sua culpa pela metade.” Sakuta ficou de pé enquanto falava e checou sua carteira. “Se você estiver okay com roupas íntimas de uma loja de conveniência, eu comprarei algumas. Eu quero trocar a minha também.”

“Você tem certeza?”

“Eu tenho o dinheiro.”

Ele mostrou a pequena quantidade em sua carteira para Mai. Ele havia depositado seu salário antes de deixar Fujisawa, então isso não era nada comparado aos cinquenta mil ienes de antes, mas ele tinha o suficiente para um par de roupas íntimas de quinhentos ienes.

“Não é isso que eu quero dizer… não é constrangedor para um garoto comprar esse tipo de coisa?”

“Hm? Ah, talvez seja, mas estou acostumado com isso.”

“Acostumado?”

Mai olhou para ele com confusão, como se ela não entendesse o que ele queria dizer.

“Comprar produtos de higiene para minha irmã mais nova me acostumou a fazer isso. Agora posso aproveitar as reações das funcionárias.”

Kaede se recusava a sair de casa, então Sakuta também comprava roupas e roupas íntimas para ela.

“Que cliente mais incômodo.”

“Eu estou indo então.”

“Espere, eu também vou.”

Mai tirou a cabeça da abertura e fechou a porta, trancando-a. Ou ela estava sendo excessivamente cautelosa ou ela não confiava nele nem um pouco.

“Você pode simplesmente deixar isso para mim.”

“Tenho a sensação de que você escolheria algo exagerado”.

“Embora eu esteja indo para uma loja de conveniência.”

Eles só têm os modelos mais simples.

“Além disso, usar roupas íntimas que um garoto escolheu é nojento.”

Talvez porque ela estava se vestindo em um banheiro tão pequeno, suas palavras eram intercaladas com sons de ‘ngh’, era muito erótico. Depois de um tempo, os sons do banheiro mudaram para o de um secador de cabelos.

No final, levou mais de dez minutos de espera antes de Mai finalmente sair.

“Venha, vamos lá.”

“Ceerto”.

Sakuta e Mai evitaram a recepção e saíram pela entrada dos fundos. Um estudante do ensino médio que estivesse saindo por conta própria chamaria a atenção e não haveria melhor maneira de fazer com que os olhares desconfiados que lhe foram enviados no momento do check-in diminuíssem. Era realmente útil que Mai estava invisível nesse momento. Se eles fossem um casal, isso levaria a mais especulação e poderia até envolver a polícia. Bem, se ela fosse visível, eles não teriam vindo tão longe assim de qualquer maneira…

Eles procuraram por toda a rua e viram o brilho de uma placa verde sobre uma loja de conveniência a cerca de cinquenta metros da estação. Naturalmente, os dois caminharam nessa direção. Depois de terem caminhado pela deserta calçada por um tempo, Mai murmurou.

“É meio estranho.”

Pela imagem de Mai, ela parecia estar se divertindo enquanto olhava para a pacata rua e caminhava com as mãos cruzadas atrás das costas.

“Hm?”

“Estar assim em uma cidade que eu não conheço.”

Mai estava andando fazendo ruídos intencionais com seus saltos, como um soldado marchando.

“Você já não foi a muitos lugares para filmar?”

“Eu não fui a tais lugares, fui levada até eles.”

“Ah, eu sei o que você quer dizer.”

Ele já tinha ido muito mais longe em viagens familiares. Em uma viagem no ensino fundamental, ele tinha ido mais longe que isso para Kyoto, e na escola primária ele tinha ido para Nikko. Ele já ido para muitos lugares em viagens escolares, mas nunca se sentira como se tivesse ido para tais locais por si mesmo. Como Mai disse, ele tinha sido levado para tais locais.

Então Sakuta talvez estivesse gostando disso assim como Mai, ele talvez tivesse uma sensação de alegria que ele nunca havia sentido antes, desde o momento em que ele havia embarcado no trem ao longo da linha Tokaido. Ele não tinha escolhido um destino, mas apenas escolhido um trem que foi longe o suficiente para procurar alguém que pudesse enxergar Mai, alguém que pudesse se lembrar dela…

Ele tinha vindo para cá por si mesmo e, é claro, não poderia retornar por si mesmo. Essa tensão era agradável.

Sakuta e Mai estavam em uma pequena aventura, mesmo ignorando a Síndrome da Adolescência, era algo incomum e foi a primeira vez que ele teve esse tipo de diversão.

“Eu ficava em hotéis fora dos locais das filmagens. Mesmo que fosse uma cidade que eu não conhecia, todos me conheciam, então eu não queria sair.”

“Isso foi para se gabar?”

“Você sabe que isso não é verdade. Você está apenas procurando por atenção?”

Os olhos de Mai sorriram ao ver através dele.

“Fui descoberto, huh.”

Mai riu pelo nariz e o chamou de mimado em sua tentativa de esconder seu constrangimento.

“Mas a coisa mais estranha é andar por uma cidade que eu não conheço com um garoto mais novo.”

“Eu não pensei que eu estaria andando em uma cidade distante com Sakurajima Mai também.”

“É uma honra.”

“Eu nunca me esquecerei disso.”

Sakuta colocou isso em palavras com um claro propósito. Não havia como evitar tal fato, na realidade Mai estava desaparecendo das memórias das pessoas.

“…”

Mai não disse nada. Então Sakuta enfatizou novamente.

“Eu definitivamente não vou esquecer.”

“…E se você esquecer?”

“Eu irei comer pocky pelo meu nariz.”

“Não brinque com a sua comida.”

“Foi você quem sugeriu isso.”

Mai não disse mais nada sobre isso, apenas sorriu.

“…Hey, Sakuta.”

“Sim?”

“…Você realmente não vai?”

“…”

“Você realmente não vai esquecer?”

Ela falou com Sakuta com um olhar hesitante, como se estivesse testando ele.

“A imagem de você em uma roupa de coelhinha está gravada na minha mente.”

Mai soltou um suspiro.

“Você ainda tem aquela roupa, não é?”

O tom dela estava completamente o repreendendo. Era a verdade, então ele não se importava, mas…

“É claro.”

“Você provavelmente está a usando para coisas estranhas.”

“Eu ainda não usei ela.”

“Quando voltarmos, livre-se dela.”

“Ehh.”

“Não diga ‘ehh’.”

“Você vai usá-la mais uma vez?”

“Por que você está me perguntando isso tão seriamente?”

Mai olhou para ele completamente horrorizada. Mesmo assim, ele não desistiu e continuou olhando para ela.

“Como um agradecimento por hoje também… só mais uma vez.” Com isso, com um pouco de vergonha, ela cedeu. “Obrigado.”

“Lidar com os desejos de um garoto mais novo não é nada.”

Traindo suas palavras, Mai desviou o olhar. Ele não conseguia dizer devido ao escuro, mas ela provavelmente estava corando.

“Bem, precisamos escolher a sua roupa íntima primeiro.”

“Eu não vou deixar você as escolher.”

A discussão progrediu assim e os dois chegaram à loja de conveniência.

O som de boas-vindas do recepcionista os acompanhou ao entrar na loja. Não havia outros clientes na loja e o outro funcionário estava organizando as prateleiras de doces. Os itens que eles procuravam estavam nas prateleiras perto da entrada. Ele pegou uma cesta e ficou na frente delas com Mai.

Havia meias, camisetas, toalhas, meias-calças e, é claro, as roupas íntimas e camisolas que eles estavam procurando.

Ele não sabia já que nunca havia olhado tão detalhadamente, mas eles tinham uma variedade mais completa do que ele pensava, cada uma dessas roupas estava dobrada em um saco de plástico para facilitar o fato deles pegarem. No que diz respeito às roupas íntimas femininas, havia calcinhas e camisolas, podendo escolher entre os tamanhos pequeno ou médio, e as cores rosa ou preto.

Sem hesitar, Mai pegou um par de calcinhas preta e, igualmente, uma camisola preta e as colocou na cesta antes de acrescentar um par de meias.

“Rosa ficaria ótimo.”

“Não é como se eu fosse mostrá-las a você, então isso não importa.”

“Uwah, eu realmente quero ver.”

“Dizer coisas estúpidas fará de você um estúpido.”

Mai foi em direção à seção de bebidas enquanto abafava um bocejo. Ser teimoso não mudaria nada, então Sakuta colocou um par de cuecas junto com uma camiseta e um par de meias na cesta para si e depois seguiu Mai.

“Bem, o preto fica ótimo também.”

“Você disse alguma coisa?”

“Não.”

Eles voltaram para o hotel e, depois de se trocar, encheram os estômagos com os sanduíches que compraram. Eles tinham comido no caminho, mas isso tinha sido há quatro horas, então eles estavam com fome.

Assim que terminaram a curta refeição, Sakuta tomou um banho. A primeira coisa que ele disse quando terminou foi:

“Devemos ir para casa logo pela manhã.”

Ela mostrou uma ligeira surpresa, mas pareceu concordar e disse.

“Você deve estar preocupado com sua irmã.”

“Bem, eu estou, mas encontrei alguém. Alguém que se lembra de você.”

“…Mesmo?”

“Meus amigos que frequentam a Escola Secundária de Minegahara.”

“Quando você descobriu isso?”

“Eu liguei para eles enquanto você estava no chuveiro.”

Ele apontou para o telefone no canto.

“Você não tem senso comum telefonando tão tarde, você perderá seus amigos.”

“Eu me desculpei, então está tudo bem.”

“Tamanha autoconfiança.”

“Eu acho que eu os perdoaria pelo mesmo.”

“Isso seria bom… mas, compreendo. Ainda há outras pessoas que se lembram de mim.”

“A causa pode estar na escola.”

Ele não tinha provas, mas não havia outras pistas, então ele só poderia depositar suas esperanças nisso.

“Entendi. Vamos dormir então.”

“Ummm, onde eu deveria dormir?”

Ele perguntou a Mai, que havia assumido uma posição na cama. Ele olhou para ela vestindo uma camisola no lugar de pijamas.

“No chão, no banheiro? Eu acho que isso vai deixar os funcionários do hotel com raiva, então fique com o chão.” O olhar de Mai recaiu na cama de solteiro depois de olhar fixamente para Sakuta. Depois de um momento pensando, ela perguntou. “Você pode prometer não fazer nada?”

“Eu prometo.”

Ele respondeu instantaneamente.

“Mentiroso.” Ela não confiava nele nem um pouco. “Bem, fui eu quem te arrastou para um hotel.”

“Não diga isso como se você tivesse me enganado.”

“Eu vou deixar você dormir ao meu lado.”

“Mesmo?”

“Você queria dormir no corredor?”

“Eu quero dormir com você.”

Nesta situação, essas palavras soaram como se tivessem um significado diferente.

“…”

E, na verdade, os olhos de Mai estavam cautelosamente afiados.

“Eu quero dormir ao seu lado.”

Sakuta apressadamente se corrigiu.

“…Pode vir.”

Mai se moveu para ocupar apenas metade da cama e Sakuta deitou-se no espaço. A cama estava quente devido a Mai estar sentada há pouco tempo atrás.

“…”

“…”

Eles estavam silenciosamente tentando dormir.

“Hey, Sakuta.”

E então Mai falou.

“O que foi?”

“Está apertado.”

Claro que estava, ter duas pessoas em uma cama de solteiro obviamente ficaria apertado e se mover faria com que um acertasse ao outro.

“Você está me dizendo para sair?”

Ele virou a cabeça para o lado e seus olhos encontraram os de Mai, que tinha virado da mesma maneira. O rosto de Mai estava bem na frente dele e ele sentiu como se pudesse contar os longos cílios dela na fraca luz…

“Converse comigo.”

“Sobre o que?”

“Sobre algo divertido.”

“Isso é difícil. Você gosta de me incomodar?”

Ele ligeiramente mudou de assunto.

“Eu me pergunto.”

Mai falou sem uma alteração sequer em sua expressão.

“Não é horrível agir desta maneira se não for divertido?”

“Você não gosta que eu te provoque?”

“Você sabe disso e ainda me provoca, você realmente tem a personalidade de uma rainha.”

“Eu estou apenas dando uma recompensa para você e seu masoquismo.”

“Eu não acho que haja um homem que não gostaria de ser provocado por uma senpai tão bonita.”

“Isso é um elogio?”

“É um grande elogio.”

“Hmmm.”

A conversa deles parou ali. Com os dois em silêncio, o zumbido do ar-condicionado e o ventilador do banheiro reinavam por todo o quarto. Não havia barulho de tráfego do lado de fora, e nem mesmo um pio dos quartos vizinhos.

Era apenas Sakuta e Mai.

Sakuta só podia sentir a presença dele e de Mai no pequeno quarto de solteiro. Mai também não tirou olhar para longe dele.

“…”

“…”

Um longo tempo passou com eles em silêncio. Eles piscaram várias vezes, e a respiração longa de Mai pesou nos ouvidos dele..

Sem aviso prévio, os lábios de Mai se moveram lentamente.

“Hey, vamos nos beijar.”

17

Ele ficou surpreso, mas não se abalou.

“Mai-san, você está sexualmente frustrada?”

“Idiooota”. Mai não estava com raiva de Sakuta depois de provocá-lo. Ela não estava perplexa ou envergonhada, ela apenas sorriu se divertindo. “Estarei dormindo agora, boa noite.”

Mai virou de costas para ele. Seus longos cabelos fluíam e revelavam a nuca do pescoço dela. Pensando que ele poderia acabar abraçando-a se continuasse olhando para aquilo, Sakuta se virou e agora estava de costas para Mai.

“Hey, Sakuta.”

“Você não estava dormindo?”

“Se eu começasse a tremer e chorar e dissesse ‘eu não quero desaparecer’, o que você faria?”

“Eu te seguraria por trás e sussurraria ‘vai ficar tudo bem’.”

“Eu definitivamente não vou fazer isso então.”

“Huh, não é bom o suficiente?”

“Você aproveitaria para apalpar meus seios.”

“E que tal o seu traseiro.”

“Isso está obviamente fora de questão.” Ela levou isso na brincadeira e um pouco cansada. “…Eu não posso desaparecer, decidi voltar ao show business.”

Sua continuação foi dita em um quase sussurro.

“Isso mesmo.”

“Eu queria participar em dramas e em filmes… eu queria até estar no palco. Eu queria fazer um bom trabalho com os diretores, co-atores e outros funcionários, e me sentir viva.”

“E então ir para Hollywood.”

“Fu fu, isso seria incrível.”

“Talvez eu devesse pegar seu autógrafo agora.”

“Meu autógrafo já é muito valioso.”

“Ah, isso é verdade.”

“Realmente… eu não posso desaparecer.”

“…”

“Eu acabei de conhecer um insolente garoto mais novo e comecei a gostar de ir à escola…”

“Eu não vou te esquecer.”

Sakuta falou suavemente, ainda de costas para ela.

“…”

Ela não respondeu.

“Eu absolutamente não vou esquecer de você.”

“Você tem essa certeza?”

Sakuta ignorou essa pergunta.

“Porque, você pode beijar a qualquer momento, não precisa ser agora… você não precisa se apressar… não precisa ser eu. Você irá para Hollywood facilmente, eu acho, e será capaz de fazer qualquer coisa. Isso é o que eu acho.”

“…” Ela ficou em silêncio por um tempo e depois respondeu. “…É mesmo. Infelizmente, essa foi sua primeira e última chance de ter o meu primeiro beijo.”

“Se você tivesse dito isso antes, eu teria feito isso.”

“Tarde demais.” Risadas vieram de Mai, mas elas logo pararam. “…Obrigada. Obrigada por não desistir de mim.”

“…”

Sakuta fingiu estar dormindo e não respondeu. Se eles conversassem mais, ele talvez realmente acabaria a abraçando.

Finalmente, ele ouviu a respiração suave de Mai dormindo. Ele tentou dormir enquanto a sentia, mas estando ao lado de Mai, não havia como ele conseguir fazer isso.

⟡ ⟡ ⟡

No final, Sakuta não teve um pingo de sono e passou as várias horas até o céu ficar iluminado ouvindo a tranquila respiração de Mai. Claro, o clima tomou um rumo estranho, mas mesmo quando ele arranjava coragem para olhar nela, ela não mostrava nenhum sinal de despertar, e pelo contrário, isso o fazia parecer uma criança ficando animada por conta própria. Se concentrar e pensar que era apenas ele ali sozinho fazia-o acalmar.

Isso deveria ter facilitado com que ele dormisse, mas além de Mai dormir ao seu lado, o cansaço da longa viagem fez suas articulações doerem e elas mantiveram Sakuta acordado a noite toda. Enquanto o tempo passava por ele dessa maneira, o outro lado das cortinas se iluminou.

Quando a hora passou das seis e meia, Mai acordou e eles se cumprimentaram. Então eles começaram a se preparar para o check-out. Dito isto, eles estavam praticamente de mãos vazias, então os preparativos de Sakuta foram quase inexistentes.

Mai não terminou tão facilmente e disse que tomaria um banho primeiro, gastando mais de trinta minutos. Quando ele finalmente pensou que eles estavam prontos para sair, ela disse que tinha outras coisas para fazer e o forçou a sair do quarto, que injusto.

Para matar o tempo convenientemente, Sakuta foi à mesma loja de ontem para comprar o café da manhã. Ele teria que andar devagar…

Quando ele voltou, cada um deles comeu seu bolinho de creme e, finalmente, fizeram o check-out quando o relógio girou às oito horas.

Eles seguiram para a Estação de Ogaki, embarcaram no trem e depois viajaram por centenas de quilômetros. No entanto, ao contrário do dia anterior, eles usaram um trem-bala de Nagoya, então Sakuta e Mai retornaram rapidamente a Kanagawa e Fujisawa.

Ainda era de manhã quando eles chegaram em casa. Este era o super expresso dos sonhos1, tinha sido super rápido. Depois de retornar temporariamente para suas próprias casas, eles se encontraram novamente em frente aos prédios.

“Você parece tão desleixado.”

Disse Mai, que havia se trocado e chegado primeiro, enquanto observava Sakuta abafar um bocejo.

“E você está tão linda como sempre.”

“Sua gravata está torta. Segure isso.”

Mai empurrou a bolsa para Sakuta e colocou as mãos na gola dele, arrumando a gravata.

“Eu não tinha pensado que você agiria como recém-casados tão rapidamente assim, Mai-san. Obrigado.”

“Deixe a estupidez apenas para você.”

Ela pegou a bolsa de volta e foi andando em frente.

“Ah, espere.”

Ele correu atrás dela, encostando ao seu lado. As ruas deveriam ser familiares para ele, mas evocavam uma leve sensação de nostalgia, e um sentimento como se ele tivesse deixado a casa vazia por uma semana habitava em seu peito.

E ainda assim eles apenas tinham saído no dia anterior. Chegar atrasado para o encontro prometido também tinha sido algo que ocorreu ontem, e isso já tinha se tornado uma memória.

Enquanto ele pensava essas coisas:

“Phwaah.”

Ele soltou um bocejo. O dano de ficar acordado a noite toda foi severo, e vir para cá tinha o deixado sonolento de repente.

“O queee, não dormiu o suficiente?”

Mai olhou para os olhos de Sakuta, eles provavelmente estavam vermelhos.

“E de quem você acha que é a culpa?”

“Você está tentando dizer que é minha culpa?”

“É porque você não me deixou dormir na noite passada.”

“Isso não foi só porque você se excitou?”

“De qualquer maneira, eu estava tenso.”

Sakuta falou honestamente enquanto bocejava mais uma vez.

“Você também tem seu próprio charme, Sakuta.”

“Você realmente não tem nenhuma preocupação no mundo, você dormiu muito bem.”

“Quando eu era criança, eu ia a todos os lugares para realizar filmagens, eu até dormi no vestiário. Além disso…” Mai fez uma pausa e fez uma careta como uma criança que acabara de pensar em uma travessura. “Dormir ao seu lado não é nada.”

“Isso foi bom de ouvir, vou me certificar de fazer uma pegadinha com você na próxima vez.”

“Você realmente não tem coragem de fazer nada disso.”

Sakuta e Mai chegaram na escola durante o intervalo do almoço. Era a hora em que quase todos os alunos estavam relaxando depois de terminar suas refeições. Eles podiam ouvir alguns dos alunos jogando nas quadras de basquete do pátio. Esse sentimento cotidiano da escola parecia um pouco estranho. Como voltar para a escola depois das férias de primavera ou inverno. Eles trocaram para os sapatos de uso interno no hall de entrada e Mai disse.

“Eu vou olhar ao redor da escola.”

“Eu irei até a Futaba. Ah, Futaba é a amiga que se lembra de você—”

“‘Futaba’, então ela é uma garota? Isso é uma surpresa.”

Mai parou quando estava prestes a sair.

“Futaba é o sobrenome dela.”

No entanto, ela não estava errada sobre Futaba ser uma garota…

“Entendo. Até mais tarde então.”

Sakuta inconscientemente a observou enquanto ela saía pelo corredor. Ela passou por uma aluna segurando um monte de anotações, pelo professor de geografia segurando os slides da aula e por um grupo de garotas conversando sobre um aluno mais velho no clube de basquete.

Nenhum deles prestou atenção em Mai, nem sequer olhou para ela. Sakuta não achou estranho, sempre foi assim. Essa era a posição em que Mai havia sido colocada dentro da escola.

Isso era o que o ostracismo parecia em seu extremo, ia além de simplesmente fingirem não vê-la e era como se ela tivesse se tornado parte da atmosfera. Essa situação de ignorá-la era semelhante a alguma coisa.

Era a reação de pessoas que não podiam vê-la mesmo sem pensar sobre isso. Essa mesma atitude tinha sido o caso na Escola Secundária de Minegahara por um longo tempo, desde antes de Sakuta ter chegado…

Mai passou entre as estudantes. A cena era completamente idêntica àquela causada pela Síndrome da Adolescência.

“…”

Havia apenas um fragmento de lógica nisso, mas ele tinha a sensação de que havia uma conexão, uma sensação de que ele vagamente estava olhando para a causa.

Sakuta se sentia da mesma forma que Rio, que tinha dito que a causa poderia estar dentro da escola.

“Azusagawa.”

Ele se virou até onde seu nome tinha sido chamado e Rio estava de pé atrás dele, com as mãos nos bolsos do jaleco de laboratório. Ela olhou para Sakuta e bocejou, fazendo-o bocejar também.

“Tenho más notícias.” Com essas palavras repentinas de Rio, Sakuta ficou tenso. “Todos, além de mim, podem ter se esquecido da Sakurajima-senpai.”

“…!?”

Ele franziu a testa, isso certamente era uma má notícia.

“Ao menos, o Kunimi não se lembra dela.”

“Mesmo?”

Rio não tinha motivos para mentir, esse não era o tipo de brincadeira para ser feita nessa situação, e Sakuta estava bem ciente de que Rio não tinha o tipo de personalidade para fazer esse tipo de piada. Mas Sakuta reflexivamente buscou por uma confirmação e queria que isso fosse uma mentira.

“Quando eu disse o nome dela, Kunimi perguntou quem era, eu não verifiquei com os outros alunos, mas…”

Nesse caso, Sakuta achou que eles deveriam perguntar aos outros alunos. Ele olhou ao redor, mas a necessidade disso logo desapareceu. Mai voltou correndo para eles, ofegante e em pânico… sua expressão pálida de medo. Depois que ela recuperou o fôlego, olhou diretamente para Sakuta e perguntou:

“Você ainda pode me ver?”

“Sim, eu posso te ver perfeitamente.”

Ele respondeu com um profundo aceno de cabeça. A tensão foi drenada do rosto de Mai.

“Ainda bem…”

Ela soltou um suspiro, escondendo seu alívio. Mas o que ele deveria fazer? Por alguma razão, ela só era visível para Sakuta e Rio, os outros estudantes provavelmente tinham esquecido dela. Ontem, pelo menos, Sakuta, Rio, Yuuma… e Koga Tomoe e suas amigas eram capazes de ver Mai.

“É isso, a Koga Tomoe!”

Sakuta correu sozinho para as salas de aula dos alunos do primeiro ano.

Ele olhou através de cada uma das salas de aula no primeiro andar e Tomoe estava na quarta sala, classe 1-4. Ela estava em uma mesa na janela com as amigas que ele tinha visto ontem, comendo seus almoços.

No momento que a primeira delas o viu, todas as quatro olharam para Sakuta.

“Aquele—”

Tomoe olhou para Sakuta e murmurou. Vendo isso, Sakuta parou em frente à mesa da professora e falou para elas.

“Vocês conhecem a Sakurajima Mai-senpai?”

As quatro, incluindo Tomoe, se entreolharam e começaram a falar entre si.

“Sobre o que é isso, Tomoe, você sabe?”

“E-eu não.”

“Além disso, Sakura… Mai?”

“Quem é essa?”

Sakuta as interrompeu novamente.

“Vocês a viram ontem perto das catracas de acesso ao Enoden na Estação Fujisawa.” As quatro se entreolharam novamente e cada uma sacudiu a cabeça. “Como vocês podem ter esquecido dela? É a Sakurajima-senpai, a atriz, não é?”

Sakuta deu um passo à frente.

“Pense bem, ela está no terceiro ano e uma verdadeira beldade… é quem ela é!”

Ele se aproximou ainda mais e a expressão de Tomoe ficou tensa.

“Lembre!”

Ele colocou as mãos nos ombros dela.

“E-eu não sei!”

Assustada, lágrimas brotaram nos olhos de Tomoe.

“Por favor!”

“Ow.”

Ele notou a força de seu aperto.

“Sakuta, pare.”

Ele ouviu uma voz o contendo em sua orelha e Mai pegou seus pulsos.

Lentamente, Sakuta tirou as mãos dos ombros de Tomoe.

“Foi mal, me desculpe.”

“C-certo…”

“Eu realmente sinto muito. Com licença.”

Ele pediu desculpas mais uma vez e saiu da sala de aula com os pés pesados.

“Azusagawa.”

Rio acenou com a mão, acenando para ele ao longo do corredor de onde ela havia chegado depois.

“O que?”

Rio estava parada, então Sakuta não teve escolha senão deixar Mai para trás e se aproximar.

“Eu tenho uma única ideia.”

Ela falou baixinho, de modo que só Sakuta podia ouvi-la.

No entanto, ela fez uma pausa, como se não tivesse certeza de como continuar.

“Me diga.”

“Diga, Azusagawa… você dormiu na noite passada?”

Essa foi a questão com a qual ela começou.

Depois da escola naquele dia, Sakuta voltou com Mai até a Estação de Fujisawa antes de se separarem. Mesmo em um momento como esse, Sakuta tinha um turno no trabalho e não poderia faltar. Mai havia dito a ele para cumprir o turno também.

Ele trabalhou até as nove com um olhar sonolento e, a caminho de casa, entrou em uma loja de conveniência. Ele caminhou ao redor da loja enquanto checava os expositores. As bebidas energéticas que ele procurava ficavam perto dos caixas, com coisas como geleias.

Havia bebidas que custavam duzentos ienes cada, e aquelas que custavam o suficiente para uma tigela grande de carne. Na verdade, ele até encontrou algumas que custavam mais de dois mil ienes. O que diabos havia de diferença entre elas e qual ele deveria escolher?

Por ora, ele pegou três bebidas, algumas pastilhas de menta e alguns comprimidos para mantê-lo acordado.

Tudo custou um pouco menos de dois mil ienes. Combinado com o custo da viagem de ida e volta para Ogaki ontem e com a estadia no hotel de negócios, a carteira dele estava ficando mais leve e praticamente não restava mais nada.

Dito isto, esta não era a hora de ser mesquinho.

As palavras de Rio atravessaram sua mente.

“Diga, Azusagawa… você dormiu na noite passada?”

Sakuta tinha respondido ela com “Nem um pingo”. Rio parecia então saber o que era.

“Eu também não.”

“…”

Sakuta não tinha entendido o significado e esperou que ela continuasse.

“Não é nada mais do que uma simples conclusão, mas eu não estava com a Sakurajima-senpai.”

“…Isso mesmo.”

“Você se lembra da conversa sobre a Teoria da Observação?”

“Gato de Schrödinger, certo.”

“Eu sinceramente pensei que isso era ridículo…” Os olhos de Rio tinham ido em direção a Mai naquele momento, que tinha ficado esperando um pouco mais distante. Rio não tinha certeza de qual expressão ela tinha, ou qual ela deveria ter, e claramente tinha ficado perplexa. “Experimentar isso pessoalmente é arrepiante.”

“Síndrome da Adolescência?”

“Não, antes mesmo disso acontecer, ela foi tratada como a atmosfera dentro da escola.”

“Isso mesmo.”

“Eu fui com o fluxo também e aceitei a situação como se ela fosse normal. Eu não tinha dúvidas quanto a isso.”

“Pelo contrário, é porque não havia dúvidas que isso aconteceu. Se as pessoas percebessem que o que faziam estava errado, elas realmente não seriam capazes de seguir em frente, não é?”

Ele não achava que houvesse muitos que pudessem perceber que algo estava errado, não era legal, era patético e tosco… e até mesmo erguer a cabeça e proclamar ‘eu estou ignorando minha colega de classe’. Algo estaria errado com eles.

A garota que agia como líder quando Kaede sofreu bullying era assim, ela estava completamente perdida e só dizia: ‘Eu fiz algo de errado?’

Para as circunstâncias com Mai, ela mesma provavelmente também era a causa. Ela havia tentando agir como a atmosfera em algumas ocasiões, e as pessoas que a cercavam agiam de maneira a aceitar isso. Ela tinha desejado desaparecer, se comportado como a atmosfera. Atuado.

“Mas é por isso que parece provável que a causa seja a atmosfera aqui.” Rio havia murmurado para si mesma, lendo as entrelinhas da declaração de Sakuta. “Para a Sakurajima-senpai, a escola é a caixa com o gato dentro.”

“…”

Ninguém a enxergava, ninguém tentava enxergá-la. Porque ninguém estava a observando, a existência de Mai se tornou indeterminada… então ela estava desaparecendo. Não era que ela estava deixando de existir, era que ela nunca tinha existido. Não ser reconhecida por todos era o mesmo que não existir no mundo…

Um calafrio percorreu por ele, uma compreensão visceral das palavras de Rio.

Em essência, a causa estava na escola, na consciência de todos os estudantes. Na subconsciente apatia deles em relação a Mai. Ela não adentrou nos corações deles, e Rio estava sugerindo que a Síndrome da Adolescência poderia ter induzido esses sentimentos que nem sequer poderiam ser chamados de sentimentos.

Como eles deveriam mudar seu subconsciente? Eles nem perceberam que havia um problema, nem achavam que o problema era um problema. Havia cerca de mil desses alunos na Escola Secundária de Minegahara.

Havia uma maneira de transformar a apatia deles em relação a Mai em simpatia?

“…”

Parecia que havia um vazio de escuridão diante dos olhos dele.

Era a verdadeira causa do seu calafrio, a verdade por trás da origem. Algo que Sakuta teria que derrotar, algo que poderia ser chamado de seu inimigo. Não era uma coisa visível, mas ela certamente existia, a ‘atmosfera’. Aquela mesma ‘atmosfera’ que Sakuta tinha dito ser ridículo lutar contra.

“Se a atmosfera na escola é a causa, então por que a Mai é invisível mesmo para pessoas não relacionadas?”

“Ela pode ter sido removida da atmosfera da escola.”

Sakuta não tinha pensado que poderia negar essa possibilidade quando a conheceu na Biblioteca de Shonandai e quando ela havia ido ao Aquário em Enoshima. Mai tinha agido como a atmosfera, e o próprio Sakuta tinha achado que ela poderia ser a causa.

Mas agora, esse não era o caso.

Mai não queria mais desaparecer, ela havia definitivamente declarado isso. Ela havia decidido retornar ao show business, e apesar de ter sido uma piada, ela havia perguntado a Sakuta:

“Se eu começasse a tremer e chorar e dissesse ‘eu não quero desaparecer’, o que você faria?”

E dito a ele:

“Eu acabei de conhecer um insolente garoto mais novo e comecei a gostar de ir à escola…”

Esses eram, sem dúvida, os verdadeiros sentimentos de Mai.

“Mesmo assim, a atmosfera se espalha facilmente.” Rio disse desinteressadamente. “Vivemos em uma era em que as pessoas simplesmente leem a atmosfera como elas querem, e as informações podem cruzar o mundo em um instante, é como as coisas são convenientes hoje em dia”.

Ele tinha ido refutá-la, tendo muitos pensamentos sobre como fazer isso. Até mesmo Rio teve que perceber que sua explicação estava cheia de buracos. Mesmo assim, ele poderia concordar que havia áreas onde as coisas eram realmente assim. Esta era… uma conveniente era e, ao mesmo tempo, uma desagradável…

“…”

E assim ele não tinha sido capaz de responder. Em primeiro lugar, Sakuta não tinha visto sentido em discutir sobre a causa do fenômeno se espalhando, tudo o que importava para ele era a realidade diante de si.

“Voltando ao ponto…” Rio tinha assistido o silêncio dele e cuidadosamente adicionou sua explicação final. “Se a consciência e a observação são a chave, posso de certa forma aceitar a mudança que ocorre quando as pessoas estão inconscientes e adormecidas.”

Quando isso acontecia, as pessoas podiam ver, pensar. Mas quando eles estavam dormindo, eles não conseguiam permanecer conscientes de algo, você poderia até dizer que o poder cognitivo deles caía. Como resultado, eles aceitaram a mudança de Mai para a atmosfera enquanto a consciência deles parava.

“…”

Ele se lembrou da noite passada e seu interior congelou. Porque se ele tivesse dormido, ele poderia não se lembrar mais de Mai nesse momento…

Ele mastigou a pastilha para se manter acordado enquanto voltava para casa e bebeu a primeira bebida energética de sua vida. Ela possuía uma doçura estranha, bem diferente de suco, e tinha uma ligeira acidez em seu sabor.

Não era de forma alguma desagradável e era fácil de beber, mas ele não gostava do sabor quando o clima era levado em conta.

Ele não estava esperando muito efeito, mas seu corpo estava claramente energizado, e ele estava bem acordado com sua mente clara.

“Onii-chan, o que você bebeu?” Kaede inclinou a cabeça para ele quando viu a garrafa na cozinha. Eram quase onze horas, e Kaede normalmente estaria dormindo, então ela estava com bastante sono. Os olhos dela estavam caídos, mas ela não fez um movimento em direção ao seu quarto, provavelmente porque ela ainda tinha em sua mente a memória dele saindo ontem. Ela então acrescentou. “Eu não dormirei até você compensar ontem.”

E então ele conversou com Kaede por um tempo, principalmente sobre os livros que ela havia lido recentemente.

No começo, ela realmente havia dito que não iria dormir até de manhã, mas ela se enrolou no sofá com Nasuno dentro de uma hora.

Ele a pegou nos braços e levou-a para o quarto dela. Inúmeros livros estavam reunidos dentro e havia pilhas de livros perto de seus pés que não cabiam nas estantes de livros. Tomando cuidado com onde ele colocava os pés, Sakuta se aproximou da cama dela e a deitou sobre.

“Boa noite.”

Ele colocou um cobertor sobre ela e apagou a luz antes de fechar silenciosamente a porta atrás dele.

Sakuta jogou vários comprimidos de hortelã em sua boca e depois voltou para seu próprio quarto. Eles esfriaram sua boca e o nariz.

Enquanto ele ainda pensava claramente, havia algo que ele tinha que fazer. Ele sentou na frente de sua mesa e abriu um caderno. Ele não ia estudar nem nada. Ele teria exames a partir de amanhã, então ele deveria, mas suas notas eram medianas. Ele tinha que se preparar para o pior.

Ele coçou a cabeça com o lápis e começou a escrever.

Escrevendo suas memórias das últimas três semanas, os dias desde que ele tinha conhecido Mai…

Ele continuou escrevendo a noite inteira.

6 de Maio

Eu conheci uma coelhinha selvagem. A identidade dela era minha senpai em seu terceiro ano na Escola Secundária de Minegahara, a famosa Sakurajima Mai.

Este foi o começo disso, nosso encontro. Eu não posso esquecer isso.

Mesmo se você esquecer, lembre-se, resista, futuro eu.

⟡ ⟡ ⟡

O primeiro dia do período de três dias de exames foi um momento horrível para Sakuta.

Além de não ter estudado nada na noite anterior, ele não tinha dormido por dois dias e sua concentração era quase inexistente. Mesmo quando ele tentava pensar, seus pensamentos paravam quando ele estava lendo as questões e sua mente dava um branco. Ele apenas olhou para o papel do exame, aceitando-o.

Após o teste, ele olhou na sala de aula seguinte em busca de Rio. Ela estava vestindo seu jaleco mesmo na sala de aula, então ela era facilmente identificável.

Ela também o notou, recolheu suas coisas e saiu para o corredor.

“Você se lembra?”

Sakuta perguntou nervosamente.

“Huh? O que você quer dizer?”

Rio olhou intrigado para ele.

“Ah, não importa.”

“Certo, eu estou indo para o laboratório.”

“Até mais tarde.” Ele levantou a mão acenando quando ela saiu. Rio saiu enquanto agitava a manga de seu jaleco. Não adiantava esperar que ela de repente se virasse e dissesse que estava brincando, ela continuou andando e desapareceu pelas escadas. “Então, sua teoria estava correta.”

A própria Rio ter esquecido de Mai era prova disso. Agora, Sakuta era o único que restava. O único que poderia lembrar de Mai, ouvi-la ou vê-la.

“Wheew, isso está me deixando animado.”

Contra essa adversidade, Sakuta só podia se forçar a sentir seu desejo de resistir.

O dia seguinte era vinte e oito de Maio, o segundo dia dos exames, e não foi melhor.

Ele estava sonolento, muito sonolento. Cada vez que ele piscava, ele podia sentir um chamado para dormir. Ele só queria fechar os olhos.

Ele não tinha dormido desde o Domingo. Hoje era Quarta-Feira, o quarto dia sem dormir. Ele já estava muito além de seu limite.

Ele se sentia enjoado, já tinha na verdade vomitado duas vezes e estava preocupado com o que aconteceria da próxima vez.

Sua condição estava horrível. Seu pulso estava irregular e acelerado em seus ouvidos. Por estas razões, ele estava pálido, e Yuuma havia o chamado de zumbi no trem naquela manhã com uma expressão séria e preocupada.

Sua única graça salvadora era que ele não tinha turnos de trabalho durante os exames. Trabalhar nessa condição seria demais.

Suas pálpebras estavam pesadas e seus olhos não se abriam. A luz do sol era cansativa e beliscar suas coxas estava começando a não acordá-lo, o estímulo não o alcançava, a menos que fosse algo como espetar com o próprio lápis.

“Você parece cansado.”

Mai disse a ele no caminho de volta.

Mesmo que apenas Sakuta conseguia enxergá-la, ela vinha para a escola todos os dias. Ela tinha dito que não havia mais nada a ser feito, mas ele não achava que ela estivesse tão calma assim. Ele tinha certeza de que ela ficaria desconfortável ao ficar sozinha em sua casa o dia todo, e estaria esperando que, se ela fosse para a escola naquele dia, talvez tudo voltasse ao normal.

“Eu sou sempre assim durante os testes. Eu só estou estudando.”

“Isso só acontece com você porque você não estuda.”

“Não diga isso como uma professora.”

“Já que insiste…”

“Hm?”

“Eu vou ajudar você a estudar.”

“Se você estiver no meu quarto comigo, só irei conseguir pensar em coisas pervertidas, então melhor não.”

“…” Mai parecia honestamente surpresa, como se ela não esperasse que ele recusasse. “C-certo… tudo bem então.”

“Vejo você amanhã então.”

Eles se separaram na frente de seus apartamentos.

Ele entrou no elevador e deu um suspiro de alívio. Ele não podia deixá-la saber que ele não estava dormindo, e se ele dissesse, ela diria que ela não podia continuar sem dormir. Ele não queria preocupá-la e não queria que ela se sentisse responsável por algo que ele próprio decidira fazer.

Depois que ele voltou para casa, ele abriu um livro de física na sala de estar. Ele havia pegado emprestado de Rio no dia em que voltou de Ogaki, na esperança de encontrar uma dica para alguma solução.

Este era uma introdução destinada a desmembrar a teoria quântica. Mas mesmo isso era difícil e não entrava na cabeça dele. Ele estava ignorando os estudos para os exames do meio do semestre e lendo isso, mas suas mãos estavam pesadas enquanto ele virava as páginas.

O livro de física não funcionava com suas pálpebras sonolentas, que agiam como uma forte pílula para dormir. Ele gritou para conectar sua consciência, que estava desaparecendo, ao seu desejo, e de alguma forma seguiu as notas explicativas.

Ele queria salvar Mai. Isso era tudo que o sustentava.

Depois de cerca de uma hora, o estômago de Kaede roncou, visto que ela havia se sentado na sala de estar com ele, lendo também. Sakuta se levantou silenciosamente, começou a preparar a comida e depois comeu com Kaede.

“Onii-chan, você parece pálido, você está bem?”

Kaede disse algo do outro lado da mesa, e embora ele olhasse naquela direção, Sakuta esqueceu de responder.

“…”

“Onii-chan?”

“Ahh, hmm?”

Seus pensamentos pararam devido a fadiga.

“Você está bem?”

“Meus testes estão acontecendo no momento.”

Ele não estava confiante de que isso funcionaria como uma desculpa.

“Não se esforce demais.”

“Sim, eu não irei.”

Embora tivesse dito isso, se esforçando ou não, Sakuta não poderia dormir.

Se ele dormisse, ele se esqueceria de Mai.

Esta não era uma certeza, mas era uma grande probabilidade.

Por causa disso, Sakuta não podia dormir.

“Obrigado pela comida.”

“Obrigada pela refeição.”

Depois que ele e Kaede terminaram a refeição, Sakuta foi dar uma caminhada até a loja de conveniência. Ficar sentado depois da refeição era perigoso e ele se sentia sonolento mesmo quando estava de pé. Ele estava no ponto de adormecer em pé no trem até a escola enquanto segurava nas alças. Na vez que ele havia desmaiado, seu joelho se dobrara e, graças à colisão com o homem de terno, ele acabara despertando, tinha sido realmente perigoso.

Ele comprou bebidas energéticas, aquelas caras que tinham o mesmo preço que uma tigela de carne. Provavelmente porque ele as estava bebendo continuamente, a eficácia das mesmas havia começado a diminuir. Elas tinham um efeito enorme, mas depois de duas ou três horas, a sonolência assaltou-o. Mesmo assim, era muito melhor do que não beber.

Ele saiu da loja enquanto colocava a carteira no bolso de trás.

O vento acariciou sua bochecha e Sakuta ficou travado ali em apuros.

Alguém estava na frente dele. Ele sentiu um arrepio de seu corpo traindo-o, que gradualmente se transformou em um suor desconfortável.

“O que você comprou?”

Mai estava lá com suas roupas casuais olhando de maneira assustadora para ele.

Ele freneticamente procurou através de sua mente travada por uma desculpa, mas não conseguia pensar em nada, sua sonolência tinha roubado suas capacidades.

“Ahh, hum …”

Mai pegou a sacola dele e conferiu o interior.

“Eu estava certa, você não está dormindo.”

Ela foi direto ao ponto.

“…”

Aparentemente, Sakuta estava errado sobre não ter sido descoberto. Sua condição atual era visível com um simples olhar, tanto Yuuma quanto Kaede haviam apontado isso. Teria sido estranho para Mai não ter notado.

“Você achou que poderia esconder isso?”

“Eu esperava que pudesse.”

“Idiota, você não pode simplesmente continuar assim.”

“Eu não conseguia pensar em mais nada.”

Ele disse como uma criança mal-humorada.

Ele sabia muito bem que ele não seria capaz de continuar com isso. Os humanos não podiam viver sem dormir e, mesmo que não fosse o caso, isso não resolveria nada. Mesmo que ele soubesse que isso não fazia sentido, Sakuta não tinha escolha senão continuar com essa falta de sentido. Ele ainda não tinha encontrado nada para resolver o fenômeno incompreensível que estava atormentando Mai. Ele nem sequer sabia se havia uma solução. Mas ele ainda tinha que procurar por uma e ele não poderia dormir até que tivesse a encontrado. Mesmo que ele não conseguisse encontrar uma, ele não tinha intenção de desistir e ir dormir.

Ele queria continuar se lembrando de Mai, mesmo que fosse só por mais um dia. Ele queria estar com ela, mesmo que fosse só mais um minuto. Ele queria reduzir a quantidade de tempo que ela estava sozinha, mesmo que fosse apenas mais um segundo. Isso era tudo que seu cérebro exausto conseguia pensar.

“Você está tão pálido, você é realmente um idiota.”

“Eu também pensei o mesmo, desta vez.”

“Vamos lá, vamos para casa.”

Ela empurrou a sacola de volta para ele e foi em direção a sua casa. Sem pensar, Sakuta a seguiu.

Já passava das oito da noite quando ele voltou para casa. Kaede provavelmente estava no banho, já que ele conseguia ouvir um canto alegre do outro lado da porta. Ela estava cantando um jingle de uma loja de eletrônicos. Era uma música curta, então ela cantava repetidamente.

Ele foi em direção ao seu quarto, mas parou na porta.

Bem no meio do seu quarto estava Mai, sentada em uma almofada e preparando uma mesa dobrável.

“Se você entrar no quarto de um garoto a esta hora da noite, é o mesmo que dizer que você está tudo bem com qualquer coisa que aconteça, certo?”

“Oito horas é um horário seguro.”

“Mesmo assim, por que você está aqui, Mai-san.”

“Eu ficarei com você.”

“Hurray, uma confissão de amor.”

“Não é. Você deveria saber, eu não vou deixar você dormir esta noite.”

“Droga, estou ficando excitado.”

“Se parecer que você vai cair no sono, eu lhe darei um tapa para acordar.”

“Uwah, parece que esta será uma noite difícil.”

Mai parecia estar se divertindo de alguma forma. Quantas vezes ela pretendia dar um tapa nele? Ele esperava que ela não tivesse um fetiche estranho, mas…

“Vamos lá, sente-se.”

Mai deu um tapinha no tapete. Por ora, ele se moveu para lá.

“Seu livro e caderno?”

“O que tem eles?”

“Você irá estudar para seus exames do meio do semestre até amanhã. Eu irei observar você.”

“Ehh, tudo bem.” Estudar não o ajudaria neste momento, apenas o deixaria mais cansado. “Além disso, você é boa em estudar?”

“Eu não fui para a escola no início do primeiro ano por causa do trabalho, mas desde o segundo ano, não há um número menor do que oito no meu boletim escolar.”

A Escola Secundária de Minegahara tinha um sistema de pontuação de dez pontos, um sendo o mais baixo e dez o mais alto, de modo que nunca ter ganhado menos que um oito fazia dela uma excelente estudante.

“Você é mais nerd do que eu pensava.”

“Eu apenas estudo no meu tempo livre.”

“Você normalmente se divertiria nesse tempo livre.”

“Isso já é o bastante, estude. Eu não sou tudo para você.”

“Você é no momento.”

Se não, ele não estaria seguindo com essa imprudente estratégia de privação de sono.

“Mesmo que as coisas sejam resolvidas, se você continuar assim, você terá apenas uma folha de respostas em branco à sua frente.”

“Estou com sono, então pare de ser lógica.”

“É o bastante. Estude.”

“Eu não tenho motivação.”

“Embora eu esteja atuando como professora em uma visita domiciliar?”

“Se você estivesse em sua roupa de coelhinha, eu poderia estar motivado.”

“E alguém faria isso por você, Sakuta?”

“Eu apenas diria isso para você.”

“Isso não me faz feliz de maneira alguma.” Sakuta bocejou e esfregou os olhos com força suficiente para fazê-los lacrimejar. “Além disso, se eu estivesse usando aquela roupa de coelhinha, você só pensaria em coisas pervertidas e não estudaria nada.”

“Bem, eu tentei.”

Sua cabeça mal estava funcionando e ele estava apenas dizendo o que vinha à cabeça.

“Bem, já sei… Se você obtiver nota máxima no teste, eu lhe darei uma recompensa.”

Seu corpo se inclinou levemente para a sedutora oferta de Mai.

“Posso pedir qualquer coisa a você?”

“Certo certo, eu farei.”

Mai concordou com facilidade, pensando que isso era sem sentido de qualquer maneira.

“Amanhã é Matemática II e Japonês, huh.” Ele verificou seu calendário e acordou um pouco. “Eu talvez seja capaz de obter nota máxima em matemática.”

“Eh? Você é bom nisso?”

Mai disse chocada.

“Eu normalmente vou muito bem em ciências.”

Foi por isso que ele sacrificaria Japonês e apostaria tudo em Matemática II. Japonês possuía algumas perguntas ligeiramente vagas de qualquer maneira, por isso era difícil conseguir nota máxima. Já ao contrário, matemática tinha uma resposta definitiva e, desde que ele escrevesse o processo corretamente, ele deveria ser capaz de evitar perder pontos pequenos.

Ele imediatamente abriu o livro de Matemática II. Mas ele foi roubado por Mai.

“Por que você está me impedindo de estudar, mesmo que você tenha me dito para fazer isso?”

“Embora eu tenha dito que faria qualquer coisa, eu não quis dizer qualquer coisa.”

Ela fez beicinho, inquieta.

“Eu não irei tão longe assim”, ele insistiu

“Mesmo?”

“Vou me contentar com um ‘tome banho comigo’.”

“Isso está fora de questão.”

“Ehh.”

“C-claro que está!”

“Mesmo com trajes de banho?”

“Que tipo de maníaco você é, pensando em trajes de banho no chuveiro?”

Ela olhou para ele com desprezo, cutucando-o. Isso em si foi um bom estímulo.

“Então eu vou usar suas coxas como travesseiro enquanto você usa sua roupa de coelhinha.”

“O que você está sugerindo como se isso estivesse tudo bem?”

Ele tinha sido bastante sério desta vez, mas Mai não faria isso.

“Que tal termos aquele encontro em Kamakura que não pudemos antes?”

Talvez por causa da súbita sugestão madura, Mai ficou chocada por um momento.

“Tudo bem… mas você tem certeza?”

“Eu posso pedir algo mais extremo?”

“Eu não disse isso.”

Os dedos de Mai pareciam que iriam acariciar a bochecha dele, mas ela o beliscou com força.

“Ahh, não me acorde~”

“Honestamente, você é atrevido demais para sua idade.”

E assim, eles passaram quase duas horas estudando juntos.

No entanto, estudar Matemática II foi rejeitado e eles ficaram estudando Japonês…

“Escreva as derivações corretas do radical ‘garant’ para as seguintes frases: ‘Não há ninguém que será o _________ do futuro de Sakuta’ e ‘Não há como _________ que Sakuta viverá até a velhice’.”

“Sensei, acho que as questões estão zombando de mim.”

“Apenas escreva-as.”

Mai bateu no caderno dele.

Por ora, ele escreveu ‘garantidor’ e ‘garantir’.

“Qual delas seria usada em ‘Não há ninguém que será o _________ do futuro de Sakuta’?”

“É…”

Ele não conseguia distingui-las, então ele moveu o dedo em direção à garantir e deu uma olhada na reação dela. Ele tinha esperanças em determinar qual estava correta a partir da expressão de Mai.

No entanto, ela tinha visto através disso. Seus olhos se encontraram e ela sorriu muito gentilmente. Era um sorriso de lado a lado, bem de frente a ele, então era ainda mais assustador.

“Podemos tentar então ‘Eu não posso _________ a segurança de Sakuta se ele trapacear’.”

“Me desculpe, por favor, dê uma dica.”

“Aquele com ‘or’ tem o sentido de assumir responsabilidade, e aquele com ‘ir’ tem o sentido de proteção.”

“Então seria ‘eu serei o garantidor da felicidade de Mai-san’ e ‘Há como garantir que nossa vida juntos será gratificante’?”

“Não mude a questão arbitrariamente.”

“Elas não eram fofas.”

Aparentemente ele estava correto. Se a mesma pergunta surgisse, ele seria capaz de respondê-la, provavelmente. Ele se lembraria disso, junto com a expressão mal-humorada de Mai. Depois disso, Mai continuou fazendo perguntas semelhantes, e Sakuta conseguiu estudar as derivações como se fosse um jogo.

Dito isso, a concentração dele tinha seus limites e foi quando eles estavam perto de completar a primeira etapa de estudar as derivações que Sakuta se levantou e disse.

“Eu vou fazer uma bebida. Café está bom para você? Embora seja instantâneo.”

“Sim.”

Mai estava folheando um livro de exercícios, procurando a próxima pergunta para fazer a ele.

Sakuta saiu do quarto e colocou a chaleira para ferver. Enquanto ele estava esperando, ele verificou sua irmã, a luz do quarto dela já estava apagada, então ela provavelmente estava dormindo.

Ele pegou duas canecas com café instantâneo e colocou uma na frente de Mai antes de perguntar a ela.

“Leite ou açúcar?” Sakuta tinha esquecido completamente que ele iria tomar café preto para se manter acordado. “Eu vou buscá-los.”

Ele saiu do quarto novamente e pegou alguns pedaços de açúcar, leite e uma colher.

Quando ele voltou, Mai ainda estava olhando através do livro de exercícios.

“Aqui está, Mai-san.”

“Obrigada.”

Mai pôs o leite e o açúcar na caneca e mexeu lentamente com a colher. Sakuta tomou um gole de café enquanto desfrutava das ações delicadas dela. O líquido preto e amargo se instalou em seu estômago, onde o calor daquele o relaxou.

“Como está a sua irmã?”

“Ela já está dormindo.”

Ela tinha olhado no quarto dele cerca de uma hora atrás, mas ao vê-lo estudando, ela apenas o deixou com um “dê o seu melhor”.

“Você é filha única, Mai-san?”

Ele tinha essa impressão.

“Eu tenho uma irmã mais nova.”

Mai usou as duas mãos para levar a caneca à boca.

“Ah, você tem?”

“Minha mãe se divorciou do meu pai… e ela é do segundo casamento dele.”

“Ela é fofa?”

“Não tão fofa quanto eu.”

Mai respondeu instantaneamente, como se fosse adulta.

“Uwah, quão madura.”

Enquanto eles conversavam, a mente dele ficou confusa. Ele se sentiu tonto e suas pálpebras caíram.

“Você gosta do tipo de garota que elogia a fofura de outras garotas, embora ela mesma seja fofa?”

“Eu odeio esse tipo.”

“Mesmo?”

“Mas, sua própria irmã é…”

Ele não tinha conscientemente parado, mas suas palavras travaram antes de ele terminar.

Os sentidos gradualmente deixaram seu corpo. Ele não conseguia parar isso, mesmo em pânico.

Ele agarrou a borda da mesa para se sustentar.

Seus olhos já estavam meio fechados.

“Estou contente, elas estão funcionando.”

Ele olhou para cima e a expressão conflituosa de Mai entrou em seu estreito campo de visão. Ela estava olhando gentilmente para ele, mas definitivamente havia desconforto no olhar dela e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

“Mai-san… o que você…”

Os dedos delicados de Mai agarraram alguma coisa.

Era uma pequena garrafa, com ‘pílulas para dormir’ escrito no rótulo.

“Por quê…?”

Ele não conseguia levantar a voz.

“Você se esforçou tanto, Sakuta.”

“Eu ainda consigo…”

Ele perdeu a força para ficar em pé.

“Você se esforçou tanto por mim.”

“…Não.”

“Então, isso é o suficiente, é o suficiente.”

Mai estendeu a mão e gentilmente acariciou a bochecha dele. Era uma sensação quente e agradável. Isso fez cócegas e fez seu corpo tremer. Mas mesmo essa sensação deixou seu corpo.

“Não… é…”

Ele nem percebeu que estava falando.

“Eu sempre estive sozinha, então está tudo bem. Não importa se você me esquecer.”

A figura de Mai estava desaparecendo. Mesmo agora, a mão dela estava em sua bochecha, seu dedo indicador acariciando lentamente sob sua orelha.

“Mas obrigada por tudo.”

Ele não tinha feito nada digno de agradecimento.

“E, eu sinto muito.”

Ela não tinha feito nada para se desculpar.

“Descanse bem…”

Guiado pela voz gentil, Sakuta finalmente fechou os olhos e caiu em um sono confortável.

“Boa noite, Sakuta.”

Ele dormiu, profundamente, profundamente…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Está bem.

Pode ter sido doloroso e triste…

Mas de manhã você terá esquecido tudo isso e eu.

Não se preocupe com nada, apenas descanse.

Essas três semanas foram muito divertidas.

Adeus, Sakuta.

 


↑ [1] super expresso dos sonhos: é uma expressão utilizada para os Shinkansen, os trens-bala japoneses.

Deixe um comentário