Seirei Gensouki [LN]

Seirei Gensouki [LN] – Volume 01, Capítulo 1

Já aproveitando para deixar o primeiro capítulo também. Aproveitem! ^^ (2337 palavras – capítulo revisado 15/10/18)


Capítulo 1

Vida Passada


Vários anos antes, em um dia quente de verão numa área residencial do Japão, o sol de verão queimava o asfalto com seus raios.

Aqui, um garoto e uma garota estavam cheios de lágrimas dizendo adeus um ao outro.

“Não vá, Haru-kun!” a garota chorando disse. Ela se agarrou ao garoto ao lado de uma van estacionada. Seu nome era Miharu Ayase e ela tinha apenas sete anos na época.

“Não chore, Mii-chan”, disse o garoto. “Nós vamos nos encontrar de novo, okay?” ele acrescentou, tentando tranquilizar a garota chorando.

Seu nome era Amakawa Haruto, e ele tinha sete anos na época.

Haruto estava prestes a se mudar para bem longe no campo com seu pai; seus pais estavam se divorciando, e ele não sabia quando ele veria Miharu novamente, já que ele e seu pai não tinham planos de voltar tão cedo. Sua mãe iria ficar por aqui com sua irmã mais nova, mas eles já tinham encerrado o contrato de aluguel em seu apartamento alugado.

O pai de Haruto e os pais de Miharu estavam de pé assistindo com expressões bastante arrependidas.

“Não! Eu não quero que você vá, Haru-kun!” Miharu implorava através de seus soluços.

Ver as lágrimas dela fez Haruto querer chorar também, mas ele não podia. Ele tinha que ser corajoso na frente de Miharu. É por isso que ele continuou a agir de forma durona, dizendo a Miharu que tudo ficaria bem e que eles se veriam novamente. Ele queria que ela parasse de chorar… embora ele estivesse frustrado e triste, e queria também chorar.

Haruto amava Miharu…

E Miharu amava Haruto.

O encontro deles tinha sido uma reviravolta do destino; os pais deles tinham por acaso se mudado para o mesmo e recém-construído prédio de apartamentos, alugado casas uma ao lado da outra, e tido filhos nascidos na mesma estação do mesmo ano. Graças a essa série de eventos, eles acabaram se tornando amigos. Haruto e Miharu foram até mesmo nomeados pelo mesmo motivo: eles receberam o nome haru por causa da palavra japonesa para primavera—a estação em que nasceram. Como ambos os pais de Haruto trabalhavam em tempo integral, o garoto normalmente ficava na casa de Miharu. Já que os dois tinham sido criados juntos desde que eram bebês, eles talvez fossem a personificação do que se poderia chamar de “amigos de infância”. Provavelmente era por isso que eles foram naturalmente atraídos um pelo outro antes mesmo que percebessem. Embora eles não tivessem ideia do que o amor significava na época, eles sabiam que eram incrivelmente preciosos um para o outro. Não importava se eles tinham ou não um motivo para se apaixonar, eles simplesmente tinham se apaixonado.

Eles eram, pura e simplesmente, perdidamente apaixonados um pelo outro.

“Haru-kun, Haru-kun… Fique comigo…”

Haruto queria fazer algo para parar as lágrimas de Miharu. Vê-la triste também o deixava triste. Mas as lágrimas de Miharu não mostraram sinais de cessar—ela apenas continuava a chorar, deixando Haruto completamente perdido. Ele se sentia fraco. O que ele poderia fazer? Ele não conseguia nem mesmo impedir de acontecer essa despedida com a sua mais amada amiga de infância. Com esse pensamento, Haruto cerrou seu punho.

Haruto ficava feliz simplesmente por estar junto de Miharu, mas isso não era possível para ele agora. Eles ainda eram crianças, afinal de contas. Em vez disso, ele tornaria isso possível um dia—um dia, ele estaria ao lado de Miharu, andando ao lado dela para sempre. É por isso que ele tinha que transmitir seus sentimentos a ela; era a única coisa que ele podia fazer neste momento.

“Eu virei buscá-la quando formos maiores! Nós iremos nos casar!” disse Haru, reunindo toda a sua coragem para fazer a primeira e última confissão de sua vida. “Dessa forma… nós ficaremos sempre juntos, eu sempre estarei ao seu lado e poderei proteger Mii-chan com a minha vida!”

Thump, thump. Ele podia ouvir seus próprios batimentos cardíacos acelerados.

“Está bem… assim?” Haruto perguntou com uma voz trêmula.

Miharu tinha parado de chorar em algum momento, e ficou olhando fixamente para o rosto de Haruto.

“Sim”, ela respondeu pouco depois, sorrindo de maneira deslumbrante.

“Sim! Eu quero me casar com o Haru-kun!”

Ver o sorriso dela fez Haruto ficar tão feliz. Ele prometeu cumprir essa promessa. Não importaria quantos anos se passassem… Ele iria protegê-lo—ele iria proteger o sorriso dela. E assim, com essa promessa e um pequeno beijo de despedida, Haruto e Miharu seguiram caminhos separados.

Essa era uma promessa fraca e passageira, sem nenhum valor vinculativo por trás da mesma. Era uma promessa inocente, feita quando eles não tinham ideia do que o futuro reservava… Mas essa promessa se alojou firmemente no peito de Haruto, continuando a apoiar sua vida a um nível quase absurdo.

 

Depois da separação entre eles, o jovem Haruto foi forçado a seguir em frente de cabeça erguida, sonhando apenas com sua reunião com Miharu. Ele queria vê-la… mas, para fazer isso, ele não podia se dar ao luxo de parar. Contanto que ele colocasse todo o seu esforço em tudo o que fizesse, ele acreditava que a reunião entre eles chegaria mais rápida. Ele se jogou nos estudos e ajudou nas tarefas da fazenda de sua família. Seu rigoroso avô até ensinou-lhe antigas artes marciais para treinar sua mente—o que era raro de se ver nos dias de hoje. Graças a isso, Haruto cresceu e se tornou um adulto diligente e honesto. E seus constantes esforços ​​não ficaram sem ser respondidos: seu pai permitiu que ele se matriculasse em uma famosa escola preparatória na cidade onde ele e Miharu cresceram. Como resultado, Haruto se reuniu com Miharu na maneira mais chocante…

Em outra reviravolta do destino, os dois se matricularam na mesma escola.

Embora eles estivessem em turmas diferentes, a imagem do nome de Miharu em uma das listas de turmas o fez congelar em choque. Ele congelou novamente quando a viu. A imagem de Miharu em um uniforme escolar tirou o fôlego dele. Não havia como confundi-la—apesar do tempo que havia passado—porque ela sempre fora preciosa para ele. Ela estava tão perto, porém tão longe.

Seus lisos e sedosos cabelos pretos alcançavam até as costas. Seus traços faciais eram elegantemente refinados e sua pele era branca como porcelana. Ela tinha uma baixa estatura, mas seu corpo era bem balanceado e, embora ela parecesse um tanto reservada, ela exalava uma atmosfera graciosa a sua volta, que atraía o olhar de qualquer um ao seu redor.

Miharu tinha crescido em uma beldade perfeita como a de um quadro.

Haruto sentiu seu coração bater—ele estava transbordando de alegria por ver sua amada amiga de infância novamente. No entanto, ao mesmo tempo, ele ficou chocado… Ao lado de Miharu estava um garoto que Haruto não conhecia. Ver Miharu conversando intimamente com esse garoto desconhecido fez Haruto ficar completamente abalado. Ele perdeu a vontade de falar com Miharu no dia da cerimônia de entrada. Naquele dia, Haruto foi para casa perdido em seus pensamentos.

Não era como se ele totalmente esperasse que a promessa deles fosse incondicionalmente cumprida em sua reunião… mas as memórias de Haruto com Miharu eram especiais para ele. E foi por causa dessas memórias que ele tinha conseguido vir tão longe sem hesitar. A ideia de Miharu ter esquecido a promessa deles—a ideia de não haver mais um lugar para Haruto—fez com que ele se sentisse como se tivesse perdido seu rumo. Eles talvez nunca mais seriam capazes de retornar ao relacionamento que tiveram no passado. Miharu talvez tivesse alguém que ela amava… e Haruto talvez tivesse sido um tolo por ter esses sonhos. E mesmo assim, Haruto ainda queria conversar com Miharu. Amanhã, ele reuniria coragem para fazer isso.

04

Mas então… Miharu desapareceu da vista de Haruto. Ela esteve ausente por alguns dias após a cerimônia de entrada antes de abandonar a escola completamente.

Houve vários outros alunos que abandonaram de forma semelhante a Miharu, o que causou uma grande comoção entre os estudantes. Mas a escola nunca revelou quaisquer detalhes, alegando a proteção de informações pessoais. Como ele não era nada além de um incapaz estudante do ensino médio na época, Haruto só podia assistir enquanto o tempo passava sem obter mais dicas ou pistas. Ele começou a se ressentir.

Por que ele não conversou com Miharu no dia da cerimônia de entrada?

Se ele tivesse falado com Miharu naquele dia, naquele momento, o futuro poderia ter se tornado diferente. Ele não tinha provas, mas também não conseguia evitar de acreditar nisso. Tendo nada além de arrependimentos restando dentro de si, os sentimentos de Haruto por Miharu se intensificaram e se tornaram doentios.

Ele não podia desistir. Ele não queria desistir.

Um silencioso grito de agonia reverberou por seu corpo. Ele havia recebido confissões românticas de garotas antes, mas a ideia de um futuro com uma mulher diferente de Miharu o deixava com uma indescritível sensação de pânico e culpa. E ainda… apesar de seus fortes sentimentos, não havia nada que ele pudesse fazer para encontrar Miharu. Sem um caminho a seguir, Haruto tornou-se cada vez mais distante do mundo ao seu redor.

⟡ ⟡ ⟡

Quatro anos se passaram desde o desaparecimento de Miharu.

Agora, nos dias atuais, Haruto era um estudante de 20 anos de idade frequentando uma universidade na cidade. Mas o tempo havia parado para o jovem rapaz. Ele poderia até estar frequentando a universidade, mas não se esforçava em seus estudos e não tinha nada que quisesse fazer, a não ser um emprego de meio período em uma pequena e organizada cafeteria. Ele acordava de manhã, ia para a universidade, ia para o trabalho e voltava para casa—todos os dias era uma rotina fixa e imutável. Para um espectador, isso talvez fosse normal para um estudante universitário. Mas era só isso. Haruto estava vagando sem rumo e sem objetivos, e o tempo continuava passando no mundo—até aquele dia.

Foi no meio do verão; assim como naquele dia de verão que ele se separou de Miharu, o sol pairava no claro céu azul e brilhava intensamente no chão coberto de asfalto. Mas ao contrário do clima de verão, a expressão de Haruto estava fria enquanto ele embarcava no ônibus perto de seu campus universitário. Como ainda estava no início da tarde, não havia ainda muitos passageiros a bordo. Depois de alguns deles subirem e depois descerem, havia então apenas três passageiros a bordo: Haruto, uma aluna provavelmente voltando para casa depois das atividades extracurriculares na escola secundária associada à universidade de Haruto, e uma garota que aparentava estar no ensino primário. Além dos ocasionais anúncios vindos do sistema de alto-falantes do ônibus, o barulho do motor era o único som que podia ser ouvido enquanto Haruto olhava pela janela para a paisagem que passava.

…Hm?

De repente, Haruto sentiu o olhar de alguém fixado nele. No outro extremo do olhar estava a garotinha com idade a estar no ensino primário.

Ela é a… Endo Suzune-chan, se me lembro corretamente.

Acontece que Haruto conhecia essa garota. Uma vez, ela tinha adormecido a caminho de casa e perdido seu ponto. Ela começou a chorar quando percebeu que estava perdida, e Haruto a havia ajudado a voltar para sua casa. De tempos em tempos eles acabavam novamente no mesmo ônibus, com Suzune olhando na direção dele. Isso chamava a atenção dele. Desta vez, Haruto devolveu o olhar e assistiu enquanto ela entrava em pânico e desviava o olhar.

…Eu fiz algo de errado…?

Nada veio à mente, obviamente. A única vez que ele tinha falado com ela foi na vez que ele a salvara. Ele a havia levado para a casa e fora agradecido pela mãe dela, então era difícil pensar em qualquer problema.

Ele estava apenas imaginando coisas…? Ele considerou perguntar diretamente a ela, mas não queria ser confundido e acabar parecendo um tarado. Afinal, as pessoas são extremamente cautelosas com os pedófilos hoje em dia.

Não importa como você olhe para isso, apenas um tarado conversaria com uma garotinha que ele mal conhece no ônibus, certo?

É, melhor não. Era um pouco problemático, mas Haruto desistiu com um pequeno suspiro e forçou o olhar de Suzune a sair de sua mente.

“—!”

O ônibus de repente começou a girar de maneira descontrolável. Haruto sentiu uma sensação de flutuar antes de uma dor intensa se propagar por todo o seu corpo—ele foi arremessado pelo ar e colidiu no telhado.

“Gah… hah…”

Tudo doía. Ele não conseguia respirar.

Seu corpo estava quente, como se tivesse sido mergulhado em água fervente. O interior terrivelmente esmagado do ônibus se refletiu em sua visão escurecendo enquanto ele rapidamente perdia sua consciência.

N-nós… batemos…?

Apesar de sua mente extremamente confusa, Haruto de alguma forma conseguiu processar esse pensamento. Ele estava ciente de sua provável morte. Ele deveria estar com dor em todo o seu corpo, mas em vez disso, ele estava lentamente perdendo os sentidos. Ele poderia dizer que estava à beira da morte. Com esse pensamento, ele foi repentinamente consumido pelo medo.

“Nnnh… gah…”

Ele reuniu o último pingo de força que tinha para abrir a boca, mas tudo o que escapou foi um tossir cheio de sangue.

Mii… cha…

Enquanto seu coração gritava o antigo apelido de Miharu, uma única lágrima caiu de seu olho e se misturou com sangue. Mas assim que Haruto estava prestes a perder a consciência…

Haru……

Uma voz melódica ecoou na cabeça de Haruto. Ao mesmo tempo, um padrão geométrico circular e enorme começou a ascender do chão, emitindo uma luz brilhante.

 

“E agora, as notícias. Um caminhão colidiu com um ônibus na área metropolitana de Tóquio às 15h23 de hoje. Três passageiros a bordo do ônibus foram confirmados mortos, enquanto os motoristas de ambos os veículos estão gravemente feridos, mas milagrosamente vivos. A causa do acidente foi determinada como sendo o motorista do caminhão ter adormecido ao volante… ”

4 comentários em “Seirei Gensouki [LN] – Volume 01, Capítulo 1”

  1. muito obrigado pelos capítulos, aguardando ansiosamente pela LN, sempre estive em busca dessa novel e estava lendo a WN que comparado com o mangá foi melhor (na minha opinião), achei um site com a LN em en então vou ler ela lá, mas sempre venho passar por aqui para ver em pt.

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    1. A WN é boa, problema mesmo são alguns acontecimentos bem mais para a frente, os quais não fazem qualquer sentido além de serem desanimadores de ler. Felizmente, esses erros foram consertados na LN, o editor da novel fez um ótimo trabalho guiando a autora.
      Por sinal, nem sabia que a LN possuía uma tradução. O bakapervert tinha iniciado uma, mas só fez do volume 01 e excluiu por causa do lançamento na J-Novel.

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  2. eu ia começar a traduzir essa LN já que tinha achado ela em en sem ser comprando, no aguardo de mais caps, quando terminar meu aprendizado em jp vou traduzir muitas LN que comprei em jp com Sono mono, já que a história é bem diferente da WN.

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    1. Eu tinha feito uma boa pausa por causa das outras séries do blog. Felizmente voltarei a postar na próxima terça-feira. Aliás, ajuda sempre é bem-vinda, caso um dia queira de fato traduzir novels! ^^

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