Seishun Buta Yarou Series

Seishun Buta Yarou Series – Volume 01, Capítulo 2

Bom dia. Trazendo o segundo capítulo para vocês. O começo do capítulo é bem cansativo. Logicamente eu revisei, mas me avisem se algum erro passou despercebido devido à exaustão. Aproveitem. ^^ (9940 palavras – capítulo revisado 05/10/18)


Capítulo 2

Compensações de Reconciliação


11

Apesar de sua determinação em tentar, Sakuta foi incapaz de se desculpar no dia depois de irritar Mai. Suas esperanças de encontrar-se com ela no trem pela manhã foram totalmente despedaçadas. Ele tinha então pensado que, nesse caso, iria para a sala de aula dela no curto intervalo após o primeiro período, mas ele não a encontrou em nenhum lugar. Quando ele falou com a garota do terceiro ano perto da porta, ela fez uma cara um pouco confusa, e então disse:

“Sakurajima-san? Hmm, ela veio hoje?” E então voltou para a conversa dela com as amigas com “Bem, ela veio ontem.”

“…”

A sala de aula, da qual ela estava ausente, estava preenchida pelo riso dos garotos e da tagarelice das garotas, a atmosfera do intervalo não mudava muito entre o segundo e o terceiro ano. Quando ele imaginou Mai, isolada dentro dali, seu peito se apertou um pouco.

“Onde é o lugar dela?”

“Eh? Ah, ali.”

A garota apontou para um assento na segunda fileira a partir das janelas, bem no fundo da sala. Vendo que a mochila dela estava na mesa isolada, Sakuta voltou para sua própria sala de aula.

Em cada intervalo depois disso, ele foi para a sala do terceiro ano, mas Mai não estava lá. Sua bolsa permanecia e os livros da próxima aula estavam arrumados na mesa, então ele estava certo de que ela estava no colégio, mas cada viagem terminava como uma perda de tempo.

Sua última esperança agora era quando as aulas terminassem, e com o fim de sua aula, Sakuta correu para a entrada. Ele procurou por Mai, procurando por cerca de vinte minutos. Uma vez que ele sabia que não a encontraria lá, ele deixou a escola e desceu a rua para a estação. Claro, ela não estava lá; ele não conseguia encontrá-la nem na plataforma Shichirigahama.

No final, ele não conseguiu nem sequer encontrá-la hoje, muito menos se reconciliar com ela.

Isso continuou por três dias, depois dos quais até mesmo um idiota teria percebido que ela estava propositadamente evitando-o. O problema era que a atitude completamente forçada dela não relaxou nem depois disso.

Duas semanas haviam passado desde então, e ela ainda o estava evitando perfeitamente. Ontem, a caminho de casa, ele ficou à espera na estação, mas nem mesmo isso tinha colhido frutos. Parecia que ela tinha caminhado para a próxima estação e pego o trem lá, ela não tinha aparecido mesmo depois de uma hora de espera.

De qualquer forma, ela estava tornando isso difícil. Ela provavelmente estava usando técnicas que aprendera no mundo do show business para evitar câmeras de notícias, desaparecendo como a névoa às vezes.

“Eu acho que realmente toquei numa grande ferida.”

Esse pensamento tinha se fortalecido dia após dia devido ao comportamento teimoso de Mai. Ele estava sugerindo que ela voltasse para aquele mundo que causara sua raiva, e o gatilho específico era provavelmente a palavra “empresária”.

Isso o fez pensar que havia uma razão para ela ter feito um hiato e hesitar em voltar, mesmo que ela quisesse. Quando ele usou um computador do colégio para procurar as coisas, os únicos tipos de razões que ele conseguia encontrar eram rumores inúteis, fofocas como ‘excesso de trabalho talvez?’, ‘alguma coisa deve ter acontecido com o produtor dela’ e ‘deve ser um cara’. Tinha chegado ao ponto em que a única coisa que ele poderia fazer seria perguntar diretamente a ela, mas ela ainda estava perfeitamente evitando Sakuta, então não havia mais nada a fazer.

Depois do colégio naquele dia, Sakuta decidiu que a perseguição imprudente era inútil e mudou um pouco a sua abordagem. Depois de terminar o serviço de limpeza, ele foi até o laboratório de física.

Para encontrar sua outra amiga.

Ele bateu levemente na porta e abriu-a sem esperar por uma resposta.

“Eu vou me intrometer.”

Ele entrou e fechou a porta atrás dele.

“Você está se intrometendo, então saia.”

E foi imediatamente atacado por palavras impiedosas.

Havia uma única aluna dentro do grande laboratório, a qual estava preparando uma lamparina a álcool e um béquer na mesa do professor. Ela nem olhou para Sakuta quando ele entrou.

Ela era pequena, com 155 centímetros de altura e usava óculos. O jaleco branco sobre o uniforme atraía o olhar e sua postura reta era atraente.

Seu nome era Futaba Rio, uma aluna do segundo ano da Escola Secundária de Minegahara. Ela tinha sido da mesma classe que Sakuta e Yuuma no ano passado e era a única membro do clube de ciências. Ela era conhecida como uma pessoa estranha que às vezes causava falta de energia ou pequenos incêndios enquanto realizava experimentos para o clube de ciências. O fato de ela estar constantemente usando seu jaleco de laboratório era outro motivo para chamar atenção.

12

Sakuta pegou uma cadeira próxima e sentou-se na frente dela, com a mesa entre eles.

“Como você está?”

“Não aconteceu nada que eu informaria a você, Azusagawa.”

“Diga-me algo divertido.”

“Não me arraste para as conversas de alunos do ensino médio com muito tempo em suas mãos.”

Rio levantou o olhar e olhou para Sakuta. Talvez ela realmente achasse que ele estava se intrometendo.

“Nós realmente somos estudantes do ensino médio com muito tempo em nossas mãos, podemos agir assim.”

Rio ignorou a tentativa de Sakuta de continuar a conversa e acendeu a lamparina com um fósforo. Ela a colocou debaixo de um béquer cheio de água, e provavelmente pretendia fazer algum tipo de experimento.

“Como você tem estado, Azusagawa?”

“Bem, eu realmente não tenho nada para relatar.”

“Mentiroso. Você tem estado obcecado por uma popular atriz infantil, não é?”

Sem sequer pensar nisso, ele sabia que ela estava falando sobre Mai.

“Ela se formou como atriz infantil há muito tempo, ela é uma atriz, performer ou artista.” Ou talvez ele devesse chamá-la de pessoa normal enquanto estivesse em hiato. “De qualquer forma, de quem você ouviu isso?”

“Essa é uma pergunta estúpida.”

“Bem, apenas pode ser o Kunimi.”

Yuuma era o único que sabia sobre as coisas que Sakuta estava envolvido. Ele também era, é claro, o único além de Sakuta que falava com Rio, tão esquisito quanto ela por sempre usar seu jaleco de laboratório. Era isso, QED. [NT: ‘QED’ é uma expressão em latim, recomendo procurar para entenderem melhor]

“Eu tenho me preocupado que você esteja se intrometendo em lugares estranhos novamente, Azusagawa.”

“O que há com esse ‘novamente’?”

“Preocupando-se com um imprestável como você… Kunimi é muito gentil.”

“Se você souber como isso funciona, vá em frente e me diga.”

Ele achava que a frase ‘uma boa personalidade’ existia para Yuuma, do fundo do seu coração.

Quando os rumores tinham se espalhado sobre o incidente do hospital no ano passado, foi apenas Yuuma que não mudou seu comportamento. Ele não tinha acreditado nos rumores e havia perguntado sinceramente a Sakuta quando eles estavam em dupla na aula de educação física.

“Claro que não.”

“Eu imaginei.”

Kunimi tinha sorrido.

“…Você acredita em mim, Kunimi?”

Francamente falando, isso tinha sido um choque. A maioria dos colegas de classe dele acreditava nos rumores e se distanciaram dele sem descobrir a verdade.

“Bem, você não fez isso, certo?”

“Bem, não.”

“Então, em vez de rumores de quem sabe quem, eu irei acreditar em você de pé na minha frente, Azusagawa.”

“Você é o pior, Kunimi.”

“Huh? Como você chegou a isso?”

“Mesmo a sua personalidade é perfeita, você é realmente o inimigo de todos os homens.”

“Que diabos?”

Isso tinha acontecido há um ano e ele sempre conversara com Yuuma desde então.

Ele olhou para a chama com um olhar desfocado.

“O mundo é injusto, não é?” E então ela deu um olhar um pouco rude. “As pessoas são tão diferentes.”

Rio estava claramente olhando para Sakuta com pena.

“Pare de me comparar ao Kunimi.”

“Eu estou apenas zombando de você, não se preocupe com isso.”

“Obviamente eu me preocuparia. Bem, pessoas como ele escondem todos os tipos de perversões indescritíveis, assim o equilíbrio do mundo é mantido.”

“Você é tão desagradável socialmente como sempre.”

Rio falou com um suspiro.

“Como?”

“Chamando seu amigo de pervertido pelas costas quando ele está se preocupando com você.”

A declaração do Rio era irrefutável.

“…Acho que apenas pensei em uma diferença para com o Kunimi.”

“E então.”

Rio prolongou sua fala.

“Então o que?”

Sakuta retornou.

A água começou a borbulhar dentro do béquer.

“Você superou a Makinohara.”

“…Por que você e o Kunimi mencionaram isso?”

“Você não entende isso melhor do que ninguém, Azusagawa?”

Rio perguntou, antes de ter apagado o fogo e transferido a água fervente para uma caneca, seguindo isso com uma colherada de café instantâneo. Aparentemente, isso não era uma experiência.

“Me dê um pouco também.”

“Infelizmente, eu só tenho um copo. Bem, você pode usar esse cilindro de medição.”

Rio calmamente estendeu o fino cilindro de vidro de trinta centímetros de comprimento.

“Se eu bebesse nisso, a bebida acabaria em um único gole.”

“Você precisa experimentar para verificar se sua hipótese está correta, Azusagawa. Além disso, não há mais nada que você possa usar.”

“Não lhe ocorreu de usar o béquer em que você ferveu a água?”

“Isso seria chato, muito óbvio.”

Mesmo enquanto reclamava, Rio acrescentou café instantâneo à água restante no béquer.

“Açúcar, Futaba?”

“Eu não tenho.”

Rio removeu uma garrafa de plástico de uma gaveta e a colocou com força na frente de Sakuta. Dióxido de manganês estava escrito no rótulo.

“Está tudo bem…”

“É provavelmente açúcar. É branco afinal de contas.”

“Até eu sei que existem muitos pós brancos”. Ele também sabia que o dióxido de manganês era preto. “Vamos experimentar um pouco primeiro.”

Sakuta ignorou o conselho realista de Rio e pegou seu café.

O rosto dela ficou de certa forma arrependido com isso e ela mais uma vez acendeu a lamparina. Ele pensou que desta vez ela iria mesmo fazer um experimento, mas ela colocou uma tela metálica sobre aquela e começou a esquentar algumas lulas secas e seus tentáculos se enrolaram.

“Me dê um pouco também.”

Ele não tinha pensado que seria bom com café, mas o cheiro o fez querer comer. Rio rasgou um único tentáculo e deu a ele.

Enquanto mastigava, Sakuta levantou sua principal questão.

“Hey, você acha que as coisas podem se tornar incapazes de serem vistas?”

“Se você está preocupado com sua visão, por que não ir ver um oftalmologista?”

“Não, não é isso que eu quero dizer… não ser capaz de ver as coisas, mesmo que elas estejam lá, como o homem invisível.”

Mai também tinha o sintoma de ser inaudível, então era um pouco diferente na realidade, mas… ele queria entender o básico primeiro.

“E o que, esgueirar-se nos banheiros das garotas?”

“Eu não tenho fetiche por scat, então vamos dizer os vestiários.”

“Esse sim é você, um traste.”

Rio estendeu a mão para a própria mochila e tirou o celular de um bolso.

“Para quem você esta ligando?”

“A polícia.”

“A polícia não fará nada antes que um crime aconteça.”

“Isso é verdade.” Rio colocou o celular de volta em sua mochila. “Voltando à sua pergunta anterior, o mecanismo por trás da visão está no livro de física. Você só precisa estudar sobre luz e lentes.”

Rio colocou um livro de física na frente dele com um baque.

“Isso é chato, então eu estou perguntando a você.”

Sakuta educadamente devolveu o livro. Rio ignorou isso e mastigou sua lula.

“Luz é a coisa importante. Ela atinge o objeto e é refletida por ele, entrando no olho, permitindo que as pessoas vejam a forma e a cor. Você não pode ver as coisas no escuro, onde não há luz.”

“Reflexão, huh.”

“Se você não entendeu, pense em ecolocalização, você já deve ter ouvido falar de golfinhos usando ultrassom.”

“Algo sobre medir a distância entre eles e um obstáculo ouvindo as ondas ultrassônicas refletidas?”

“Está certo. Parece que eles também podem distinguir a forma das coisas. Sonar em barcos é o mesmo. Quando é difícil imaginar com a luz, geralmente é porque não há luz suficiente para perceber o brilho, ou não há sensação de luz entrando no olho. ”

“Hmmm.”

“Então, coisas que não refletem a luz como vidro transparente são difíceis de ver.”

“Ahh, eu entendi.”

Então seria a luz que não atingia Mai. Isso acontecer com apenas uma simples intérprete em hiato é tão improvável que nem era engraçado. Ou talvez ele pudesse pensar nisso como a luz não refletindo a partir dela como o vidro… mas havia muitas coisas que não se encaixavam. A voz dela e o fato de que havia pessoas que podiam e não podiam vê-la. Era uma situação complicada.

“Eu meio que entendo o que você está falando.”

“Mesmo?”

Ela olhou para ele duvidosamente.

“Você deve pensar que eu sou um idiota.”

“De modo algum.”

“Então você acha que eu sou um super idiota?”

“Eu acho que você é um incômodo que sai do seu caminho para dizer algo assim quando pode adivinhar o que eu quero dizer.”

“Você é um incômodo.”

“Eu acho que você é o tipo desagradável de pessoa que finge não entender o que está acontecendo, embora saiba na verdade.”

“Foi mal, pare de me atormentar, você poderia?”

“Você seria capaz de sair disso tão facilmente.”

Rio bebeu seu café, sem se impressionar.

Ele deveria trazer a conversa de volta aos trilhos.

“Umm, então vou colocar algumas condições sobre isso. É possível que você não possa mais me ver quando estou apenas sentado na sua frente assim? ”

“Se eu fechar meus olhos, sim.”

“Com os olhos abertos, olhando diretamente para mim.”

“É possível.”

A resposta do Rio era exatamente o oposto do que ele imaginou, e ela veio tão prontamente também.

“Se eu estivesse me concentrando em algo e estivesse desligada do meu redor, eu não iria mais notar você.”

“Não, é um pouco diferente disso.”

“Bem, analisando isso inteiramente, de um ponto de vista diferente da luz… ‘ver’ é muito mais influenciado pelo cérebro de uma pessoa do que pelos fenômenos físicos.” Aparentemente, ela tinha terminado seu café, enchido outro béquer com água e o colocado acima da lamparina. “Por exemplo, eu posso parecer pequena para você, mas um estudante do ensino fundamental me chamaria de grande.”

“Não, você é grande. Você está sempre vestindo o jaleco de laboratório e se protegendo, mas pode-se até mesmo notar através disso.”

O olhar dele foi em direção aos seios dela.

“N-não fale sobre os meus seios.”

Rio se cobriu como uma garota.

“Ahh, desculpe, isso te incomodou?”

“Você não tem nenhum senso de delicadeza ou vergonha.”

“Talvez eu tenha deixado cair em algum lugar.”

Ele olhou em volta, procurando.

“Vá embora se você não for me levar a sério, a aula acabou.”

Rio se levantou da cadeira.

“Desculpe, vou levar você a sério. Eu não vou olhar para os seus seios também.”

“Como eu disse, não fale sobre os meus seios.”

Ele na verdade não tinha certeza de que conseguiria evitar olhar. Seu olhar inconscientemente era atraído para lá, e pondo isso em prática seria difícil sem modificá-lo no nível genético. Ele colocou seu café na boca e evitou olhar.

“Então as coisas que são visíveis se tornam subjetivas?”

“Isso mesmo. O cérebro de uma pessoa é capaz de não ver coisas que a pessoa não quer ver. ”

Assim como havia as frases ‘fingindo não ver algo’, ‘não considerando alguma coisa’, ‘não prestando atenção a algo’ e ‘não se concentrando em algo’, havia muitas maneiras de dizer isso, mas ele podia concordar com muitas delas.

Era apenas que, as sugestões do Rio foram completamente negadas pela situação de Mai assim como ele as viu. Colocando de forma mais simples, ele achava que ela estava desempenhando o papel de ‘atmosfera’ e estava invisível ao seu redor, e pensou que havia uma causa com Mai, mas Rio só tinha falado do ponto de vista de alguém que vê. Em outras palavras, não tinha nada a ver com aquele que estava sendo visto ou o lugar.

“Há também algo chamado teoria da observação.”

“Teoria da ob… servação?”

Ele apenas repetiu as palavras que não tinha ouvido antes.

“Colocando isso de forma extrema, é que tudo o que existe neste mundo ‘primeiro tem sua existência definida através da observação de alguém’… é uma teoria impensável, normalmente.” Rio falou de maneira nada emotiva. “Você deve ter ouvido falar de um gato em uma caixa, o gato de Schrödinger.”

“Ahh, eu já ouvi o nome pelo menos.”

Rio pegou uma caixa de papelão vazia debaixo da mesa e colocou na frente de Sakuta.

“Você coloca um gato aqui,” enquanto falava, Rio primeiro colocou um maneki neko na caixa de papelão. Era um que o professor de física usava para guardar 500 ienes em moedas, mas parecia bastante leve, “e então você coloca uma fonte radioativa que tem uma probabilidade de emitir radiação dentro de uma hora…” ela continuou, colocando o béquer que ela tinha fervido água dentro, “e coloque um recipiente de gás venenoso que se abrirá se detectar a radiação ao redor. Se ele abrir, o gato vai respirar o gás venenoso e morrer.” Por fim, ela adicionou a garrafa de plástico com dióxido de manganês na caixa. “Você então fecha e espera trinta minutos.” Assim dizendo, Rio fechou a tampa. “Agora, aqui está uma em que foi passado os trinta minutos.”

“Isso é um programa de culinária?”

Rio ignorou a interrupção dele e continuou.

“O que você acha que aconteceu com o gato?”

“Hmm, há uma probabilidade de emitir radiação uma vez em uma hora? Então, o recipiente de gás venenoso detecta isso e abre?”

Rio assentiu inexpressivamente.

“E trinta minutos é metade disso, então… é uma probabilidade de 50%?”

“Estou surpresa, você entendeu.”

“Se eu não entendesse esse tanto, eu seria ou um idiota, ou não teria ficado ouvindo.”

“Então, esse gato está vivo ou morto?”

“É cinquenta-cinquenta, certo? Você pode apenas sacudir a caixa.”

“A caixa é de metal e não pode ser movida.”

Era uma caixa de papelão na frente dele.

“Então, eu vou acreditar que ele está vivo.”

“Qualquer palpite que você faça não importa nesta situação.”

“Então não pergunte.”

“Não há nada a fazer para ‘definir’ o estado do gato, além de olhar.”

“Esse é um método bastante normal”.

Rio abriu a caixa e, é claro, o maneki neko, o béquer e a garrafa de dióxido de manganês estavam dentro.

“No instante em que a caixa é aberta, o destino do gato é definido. Em outras palavras, até que você abra a caixa e verifique, o gato está meio vivo e meio morto. No mundo da mecânica quântica, pelo menos.”

“O que há com essa lógica? E se ele morresse depois de dez minutos? O gato não estaria morto mesmo se você não tivesse os vinte minutos extras antes de abrir? ”

Ou pelo menos para o gato, a sua personalidade estaria acabada. Não, seria gatonalidade neste caso… de qualquer forma, o resultado era o mesmo.

“É por isso que eu disse que isso era uma teoria impensável. Bem, mesmo deixando de lado em explicar a mecânica quântica, acho que a maneira de pensar sobre as coisas em si tem alguma verdade nisso.”

“Verdaaade, huh?”

Isso era inquestionavelmente suspeito.

“As pessoas veem o mundo como esperam que seja. O boato sobre você é um bom exemplo. As pessoas dão precedência à teoria mesmo sobre a verdade. Se você fosse o gato na caixa, e os outros estudantes fossem os observadores, você poderia pensar na realidade sendo substituída, não?”

Parecia que ela estava tentando dizer… que não eram as circunstâncias dentro da caixa, mas sim a subjetividade daqueles que enxergavam isso depois do acontecido. Não tinha nada a ver com Sakuta, a pessoa em questão, a imagem de Sakuta era decidida pelos observadores.

“Isso não é nem engraçado…”

No entanto, era difícil conciliar isso com a situação de Mai. Sakuta podia vê-la e os outros não, e ele não conseguia entender que tipo de condições tornar-se invisível exigiria. Isso havia sido interessante, mas ele tinha a sensação de que as peças não se encaixavam perfeitamente. Além disso, um fenômeno falso como a Síndrome da Adolescência poderia não ser explicado fisicamente. Parecia que algumas das conversas entre eles eram provavelmente pistas, mas discutir isso com Rio parecia ter tornado as coisas mais difícil.

Apenas retornar ao show business poderia não resolver o problema de Mai, e esse sentimento desagradável se instalou no peito de Sakuta. Rio tinha falado sobre as pessoas enxergarem do começo ao fim, então… uma mudança apenas no estado mental de Mai poderia não ajudar em nada.

“Isso é suplementar, mas existem exemplos físicos da observação alterando o resultado.”

“É sério?”

“Há algo chamado experimento da dupla fenda… Falando de maneira muito simples a conclusão é que, observar o experimento ao longo do curso e apenas observar os resultados faz com que os resultados mudem entre cada caso.”

“Então, é como… se o time de futebol japonês tiver um jogo e se eu apenas checar as notícias, eles ganharam, mas se eu for assistir, eles perderam?”

“O que eu estou falando é aplicável apenas a partículas… o mundo microscópico. Antes de ser observada, a posição de uma partícula é probabilística e é uma forma de onda, não importa o que. Observar isso limita a importância.”

“Mas quando você coloca todas essas coisas microscópicas juntas, isso forma as pessoas e as coisas, certo?”

Mesmo Sakuta sabia que pessoas e coisas eram feitas de moléculas, átomos, elétrons e várias outras coisas.

“Se o que eu estava dizendo ocorresse no mundo macroscópico, sua explicação estaria certa. Além disso, você deveria nunca assistir ao futebol novamente em consideração a nossa equipe. Não pense duas vezes.”

Ele recebeu alguns conselhos úteis de Rio quando o interfone da escola soou:

“Kunimi-kun da classe 2-2, por favor venha até a sala dos professores para conversar com o conselheiro do time de basquete, Sano-sensei.”

“Ele fez alguma coisa?”

“Ele não é você. Além disso, provavelmente é para confirmar o cronograma de treinamento deles.”

Ela não parecia estar interessada, mas Rio ficou do lado de Yuuma. Assim que ele olhou para o alto-falante, ele checou a hora, um pouco depois das três.

“Ah, eu tenho trabalho, então vou para casa.”

“Apenas saia.”

“Obrigado por tudo, o café estava ótimo também.”

“Se você vai agradecer a alguém, agradeça ao professor de física, não é meu.”

Rio pegou o pote de café e mostrou-lhe o nome na tampa.

“Bem, ele não vai notar um pouco faltando.”

Ele disse isso e se levantou, alongou os ombros e foi saindo. Assim que ele tocou a porta, ele de repente se lembrou de algo e olhou para trás. Rio estava cuidando de uma chama da lamparina a gás como se ela realmente quisesse fazer uma experiência desta vez.

“Futaba.”

“Hmm?”

Ela só o respondeu verbalmente e manteve seu olhar na chama azul pálida.

“Você está bem com o Kunimi?”

Ela olhou para ele com os olhos hesitantes, e logo disse.

“Eu estou…” então parou no meio da frase. Ela provavelmente quis dizer ‘Eu estou bem’ e falhou, sua voz soava vazia, e sua expressão usual de concentração endureceu. “Estou acostumada com isso.”

Ela desistiu de dizer que estava bem e deu um sorriso fraco.

Sakuta não podia fazer nada, ele não podia fazer nada além de assistir de lado o amor não correspondido dela.

“Você vai se atrasar para o trabalho.”

Ela gesticulou com o queixo para ele sair, e então o observou ir embora enquanto ele saía do laboratório de física. Fechando a porta atrás dele, ele inconscientemente murmurou.

“‘Acostumada’… você não desistiu de jeito nenhum.”

⟡ ⟡ ⟡

“Azusagawa-kun, faça a sua pausa antes de começarmos a correria do jantar.”

“Certo.”

Sakuta entrou no espaço que funcionava tanto como vestiário dos homens quanto sala de descanso com essas palavras do gerente do restaurante familiar. Yuuma tinha acabado de se trocar e saído do lado de seu armário, mesmo que ele já tivesse tido atividades no clube, ele não mostrava nenhum sinal de estar cansado. Yuuma notou Sakuta.

“Yo.”

“Hey.”

Sakuta respondeu sem rodeios a Yuuma enquanto este amarrava seu avental.

“Você está no intervalo?”

“Eu estaria no refeitório se não fosse o caso.”

“Verdade… certo”.

Ele tinha habilmente amarrado o avental e estava checando sua aparência diante do espelho.

“Ah, certo, Sakuta.”

Ele falou com Sakuta novamente, como se lembrasse de algo.

“Hm?”

Sakuta se sentou em uma cadeira de tubo e se serviu de chá que tinha no pote sobre a mesa.

“Você tem escondido algo de mim.”

“O que há com essa frase, você é minha namorada?”

Por um momento, ele ficou surpreso, pensando que era sobre o amor unilateral de Rio. Mas foi um nome diferente que saiu da boca de Yuuma.

“Não é uma piada, é sobre a Kamisato.”

“Ahh”

Sakuta olhou para longe enquanto relaxava. Isso em si não era algo que ele queria falar sobre. Mas aparentemente, Yuuma sabia sobre a Kamisato Saki tê-lo chamado até o telhado. Ele provavelmente tinha ouvido a partir da própria garota. Não havia como evitá-lo agora.

“Sua namorada é incrível.”

“Certo, ela é minha namorada maravilhosa.”

“Ela me disse para não falar com você.”

“Ela me quer para si mesma, ela me ama muito.”

“Aparentemente eu vou fazer você parecer ruim. Quão ruim você está agora?”

“Eu sinto muito!”

Yuuma juntou as mãos e curvou a cabeça.

“Você é incrível também.”

“Como?”

“Ela é tão irritante e você não diz uma palavra contra ela.”

“Bem sim, eu estou saindo com ela porque eu a amo. Ela às vezes parece um pouco feroz, mas é uma garota boa e honesta.”

Ele tinha a sensação de que ela era um pouco honesta demais

“Você parece uma esposa sendo abusada pelo marido.”

“O que, do tipo ‘ele às vezes é gentil’? Não seja idiota.”

“Bem, não se preocupe comigo. O que quer que ela diga não vai me machucar ou até mesmo fazer cócegas.

“Isso é complicado em si.”

Yuuma sorriu com uma expressão perturbada.

“Mais importante, me desculpe.”

“Por que diz isso?”

“Não deve ser divertido me ouvir reclamar sobre sua namorada.”

“Não se preocupe com isso.”

“Isso não é justo para com a Kamisato.”

“Ah, isso é verdade.” Yuuma deu um sorriso despreocupado. “De qualquer forma, está tudo bem. E Sakuta, não preste muita atenção no futuro, me evitar só vai me deixar com raiva.”

“Eu não vou assumir a responsabilidade se você entrar em uma briga com ela.”

“Eu vou lidar com esse problema quando ele aparecer… Eu meio que sinto que ela estará mais focada em você, então está tudo bem.”

Ele falou de um incômodo tão facilmente.

“Oi, espere um minuto, hey!”

“Se não machuca ou faz cócegas, está tudo bem certo?” Yuuma sorriu triunfantemente. “Você também é inacreditável em, ser capaz de perguntar a uma garota ‘você está no seu período’? Que coração é esse seu? É feito de ferro?”

Yuuma gargalhou.

“Ah, droga, está na hora.” Kunimi apressadamente passou seu cartão no relógio de ponto assim que avistou a hora. “Batendo o poooonto.”

E então ele saiu para o refeitório.

Mas, antes mesmo de um minuto ter passado, ele estava de volta à sala de descanso. Talvez ele tivesse esquecido alguma coisa, apesar de Sakuta não conseguir ver nada que ele teria.

O olhar de Yuuma caiu sobre ele sem hesitação, e ele parecia querer dizer alguma coisa.

“O que?”

“Aquela mulher está aqui de novo.”

A expressão de Yuuma ficou fechada, e havia um toque de preocupação misturado com seriedade em seu rosto, dizendo de forma eloquente a Sakuta que era uma cliente que ele deveria cumprimentar.

Sakuta ignorou seu intervalo e saiu para o refeitório, indo em direção a uma mesa interna. Na poltrona estava sentada uma mulher na segunda metade de seus vinte anos. Ela usava uma saia na altura do joelho e uma blusa de manga curta que tinha um toque de um dia fresco de primavera. Ela tinha uma maquiagem natural que evitava a cafonice. Ela parecia um tanto intelectual e como uma apresentadora. Ela era uma real apresentadora, embora…

“Posso pegar o seu pedido?”

Perguntou Sakuta, sendo teimosamente profissional.

“Já faz algum tempo.”

“Quem seria você mesmo?”

“Entendo, é assim que vai ser. Pois bem, prazer em conhecer você, essa é quem eu sou. ”

A mulher estendeu o cartão de visita com movimentos educados.

O logotipo da estação de TV, sua posição como apresentadora, e no meio estava o nome dela, ‘Nanjou Fumika’.

Ele tinha falado com ela dessa maneira, mas ele realmente a conhecia. Ele a conhecera quando sua irmã sofreu bullying e Fumika estava fazendo um trabalho chamado ‘Sobre os Problemas do Bullying no Ensino Fundamental’, e já fazia quase dois anos desde então.

“O que você quer hoje?”

“Eu vim para fazer uma reportagem sobre petingas e estou livre esta noite, então eu vim ver você.”

A expressão de Sakuta permaneceu imóvel diante da forçada alegria dela. Ele sabia do que ela estava atrás, quando ela estava cobrindo o caso de bullying, ela sabia e tinha interesse na Síndrome da Adolescência. Claro, ela não acreditava em uma lenda urbana como essa. Ela duvidava e era cética, mas poderia ser um grande furo se fosse real, então ela não podia desistir disso, e a própria Fumika falava indiferentemente sobre isso desde então.

“Se você está livre, por que não convida um jogador de beisebol para um encontro? Como uma apresentadora faria.”

“É uma sugestão encantadora, mas as principais equipes estão trabalhando, já que é a temporada de beisebol”.

Eram seis da noite e partidas iriam ser disputadas.

“Além disso, eu posso ter um encontro aqui.”

Fumika virou um olhar sugestivo para ele.

“Eu não tenho nenhum interesse em mulheres mais velhas.”

“Uma criança como você simplesmente não conhece os encantos de uma adulta.”

Ela olhou para o rosto dele enquanto segurava um dedo na bochecha.

“Eu sei que você está mais gorda do que quando nos encontramos há três meses. Seu braço está muito feio.”

“…kh!” Ela levantou as sobrancelhas e se sentou em sua cadeira, fazendo beicinho de certa forma, e disse. “Você não é fofo.”

“Você poderia ao menos dizer bonito… seu pedido?”

“Um Sakuta-kun para levar.”

“Você parece um pouco doente, então eu vou pedir uma ambulância.”

Ele respondeu de forma apática.

“Vou querer o conjunto de cheesecake e bebida, com um café quente.”

Ela pediu sem olhar para o menu. Toda vez que ela vinha aqui, Fumika pedia a mesma coisa. Como ele poderia dizer isso? Era como alguém que agia antes de pensar.

“Isso é tudo?”

“Você ainda não está com vontade de falar sobre o incidente?”

Fumika tirou o smartphone da bolsa e começou a verificar seus e-mails.

“Nunca.”

“Eu só quero uma foto das cicatrizes no seu peito.”

“Não.”

“Por quê?”

Ela rolou a tela com o dedo.

“Então você vai me deixar tirar uma foto sua nua, Nanjou-san?”

“Sim, claro.”

“Temos uma mulher promíscua aquiii.”

“Apenas para uso pessoal, okay? Eu seria demitida se isso se espalhasse na internet.”

Parecia que falar com ela ainda mais seria estúpido, e Sakuta saiu sem responder.

Mas, depois de dois ou três passos, ele de repente pensou em alguma coisa.

“Um.”

Ele voltou e falou com ela.

“Hm?”

Ela respondeu distraidamente, ainda olhando para o celular.

“Nanjou-san, você conhece Sakurajima Mai?”

Ele disse, com uma ligeira hesitação antes do nome.

“Existe alguém que não a conheça?”

O olhar de Fumika ainda estava focado em seus e-mails.

“Você sabe… por que ela entrou em hiato?”

Ele sabia que Fumika trabalhava como assistente de um programa de variedades e fazia coberturas sobre o show business.

“…” Ela olhou para ele com perplexidade, provavelmente se perguntando por que ele estava perguntando sobre Sakurajima Mai. Mas seu rosto rapidamente assumiu outra expressão. Ela estava interessada que ele tinha perguntado isso, mas mesmo que se mostrasse em seu rosto, ela não disse nada. “Eu acho que sei ao menos de algumas coisas que as pessoas normais não sabem.”

“Entendo.”

“Então, isso é um pedido como uma criança? Ou uma negociação entre adultos?”

“Pare de me tratar como uma criança.”

“Nesse caso, então, eu não posso te dizer de graça, posso?”

“Você pode ter uma foto.”

“Fu fu, temos um acordo.”

Ela devolveu o telefone para a bolsa e, quando Sakuta a pediu com os olhos para prosseguir, ele se sucedeu ao mundo adulto.

Sakuta parou em uma loja de conveniência a caminho de casa, depois de trabalhar até as nove horas. Havia poucas pessoas nas ruas enquanto ele se arrastava pelas áreas residenciais por cerca de dez minutos até chegar ao seu prédio. O elevador subiu para o quinto andar de uma só vez, e quando ele se aproximou de sua porta, ele notou alguém lá.

Era Mai, sentada contra a parede e usando um uniforme escolar de Minegahara, com os joelhos para cima e os braços ao redor deles. Ela estava sentada como uma garota na aula de educação física, com os ambos joelhos e coxas juntos, e apenas as pernas separadas. Ela provavelmente havia seguido alguém através das portas de travamento automático abaixo.

Ela olhou para ele de forma reprovadora quando ele se aproximou.

“Você está finalmente em casa.”

“Eu estava trabalhando.”

“Onde.”

“No restaurante familiar perto da estação.”

“Hmm~”

“Mai-san.”

“O que?”

Primeiro, ele fez um gesto como se estivesse fritando algo para ‘pan’, depois colocou as mãos em forma de T para ‘ties’, seguido por juntar um dedo em forma de R para ‘estão’ [NT: R = ‘are’], e então estendeu a mão com a palma para cima, para “a mostra”. [NT: ‘pan’ = ‘panela’ por isso a ação de fritar / ‘panties’=’calcinha’]

“Do que você está brincando?”

Ela olhou para ele como se ele fosse um idiota, aparentemente, ela não tinha percebido que sua calcinha puro branco estava visível através de sua meia-calça preta, ela estava muito indefesa.

Ele não tinha outra escolha.

“Eu posso ver sua calcinha.”

Ele disse a ela sem rodeios. Mai entrou em pânico e verificou a si mesma.

“N-não é como se eu me importasse se um garoto mais jovem visse minha calcinha.”

Enquanto ela falava, ela colocou a mão entre as pernas e puxou a saia para baixo. Ele se perguntou por que ela tentando esconder era mais erótico do que estar completamente visível.

“Mesmo que você esteja brilhando vermelho?”

“I-isso é porque eu estou excitada!”

“Uwah, há uma promíscua aqui também.”

“Quem você está chamando de promíscua!”

13

Mai o encarou.

“Bem, você deveria apenas se levantar por agora.”

Ele estendeu a mão para ela. Mai a alcançou até que eles estavam quase se tocando e, em seguida, como se tivesse repensado as coisas, retirou-a, levantando-se com um “hmph”.

“Eu não quero tocar na mão de um garoto, eu não sei onde ela foi colocada.”

Ela sorriu de forma triunfante, aparentemente se divertindo. No entanto, seu triunfo não durou muito, visto que seu estômago roncou.

“…”

“…”

“Você parece estar faminta.”

Ele prosseguiu, monotonamente.

“Você tem uma personalidade horrível.”

“Eh, eu sei.”

Sakuta pegou um bolinho de creme da loja de conveniência de sua sacola. Depois de alguma ligeira hesitação, ela estendeu a mão. Parecia que ele estava alimentando um gato de rua.

Mai abriu o pacote e mordeu o bolinho de creme.

“Quando você se transformou na personagem faminta?”

“…” Ela continuou mastigando silenciosamente e depois de engolir disse. “Eu não posso fazer compras.”

Com um tom que soou como se fosse culpa de Sakuta.

“Ahh, entendi.”

Outras pessoas não podiam vê-la, então ela não conseguiu fazer o que tinha planejado. Assim como ele tinha visto acontecer quando ela tentou comprar um bolinho de creme da padaria na estação e a mulher pareceu ignorá-la. Foi uma cena lamentável.

“Há muitos mais lugares onde me tornei invisível. A área em torno da estação de Fujisawa desapareceu completamente e, mesmo que eu compre coisas on-line, não consigo receber o pacote, então é a mesma coisa. ”

“Então, você vai entrar?”

Sakuta pegou sua chave e apontou para a porta.

“Compre comida para mim.”

“Essa é uma maneira estranha de pedir isso.”

Mai olhou fixamente para ele, mas infelizmente não era assustador nem um pouco, na verdade, era fofo.

“Eu vou fazer isso então.”

“De jeito nenhum, entrar no quarto de um garoto tão tarde é apenas implorar para que algo aconteça.”

“Entendo, então há consentimento de sua parte, eu vou lembrar disso.”

“Esqueça isso.”

Mai bateu na cabeça dele com a ponta da mão.

“Ow”

“Não seja estúpido, apenas venha fazer compras comigo.”

“Ah, então espere um pouco, preciso dizer a minha irmã que estou em casa.”

“Entendi, eu vou esperar lá embaixo.”

Mai virou as costas para Sakuta enquanto ele girava a chave e se dirigiu para os elevadores.

Demorou quinze minutos para convencer Kaede e outros quinze para pacificar Mai depois que ela esperou quinze minutos. Demorou dez minutos para se locomover, e quando finalmente chegaram a um supermercado perto da estação, o relógio já tinha passado das dez da noite.

A loja ficava aberta até as onze e tinha alguns clientes, jovens de terno espalhados ao redor. Eles provavelmente viviam sozinhos e estavam fazendo compras a caminho de casa. Era a loja que Sakuta costumava frequentar, mas era raro para ele ir neste horário, então havia de certa forma um sentimento revigorante.

E então, revigorando-o ainda mais havia o fato de que ele não estava sozinho, ele tinha Sakurajima Mai com ele. Ela estava um pouco à frente, escolhendo comida. Empurrar o carrinho atrás dela era de certa forma divertido, e seu rosto relaxou naturalmente.

“Isso definitivamente nos faz parecer um casal.”

“Você disse alguma coisa?”

Mai olhou para trás, segurando uma cenoura em cada mão.

“Não, nada.”

“Está tudo bem, além disso, ninguém pode me ver.”

Aparentemente, ela realmente ouviu isso.

“Eu me pergunto se essa é a situação em que uma garota me visita pela primeira vez e cozinha para mim.”

“Se continuar tendo ilusões idiotas, você acabará ficando idiota.”

Ela devolveu a cenoura na mão direita à prateleira com um olhar depreciativo.

“Então eu ficarei sério.”

“Eu duvido.”

Ele podia dizer que o tom dela era totalmente descrente.

“Como essa cenoura parece para as pessoas que não podem ver você, ela está flutuando?”

“Aparentemente fica invisível.” Mai respondeu imediatamente, ela provavelmente já havia experimentado. Ela então balançou a cenoura na frente do rosto de um trabalhador que passava e ele não teve reação. “Vê?”

“Então é assim.”

“Eu tentei levar as compras para um caixa antes, mas isso também não funcionou. Além disso, eles também não podem ver minhas roupas, podem?” Isso era verdade, era completamente diferente com apenas a própria Mai se tornando invisível. “Eu me pergunto se as coisas se tornam invisíveis se eu tocá-las.”

“Por essa lógica, a Terra ficaria invisível.”

“Você está pensando grande.”

“Eu sou um cara grande.”

“Certo, certo.”

Ela ignorou isso.

“Então… o que aconteceria se você me tocasse?”

“Essa é uma maneira indireta de pedir para ficar de mãos dadas?”

“Não, apenas uma experiência.”

Ele já tinha experimentado tocá-la, quando ela entrou em seu quarto e tocou as cicatrizes em seu peito, e quando seus ombros se tocaram e ela iria ‘engravidar’ enquanto eles estavam no trem. Mas Sakuta não tinha ficado invisível. Ele provavelmente seria capaz de finalizar a compra com as coisas no carrinho se ele as levasse para o caixa. Se ele tivesse que dizer, ele queria saber o que aconteceria enquanto eles estivessem se tocando

“Eu não vou dar as mãos para isso.”

Ela caminhou rapidamente até a carne.

“Eu estava escondendo o meu constrangimento ao chamar isso de experiência, eu realmente só queria ficar de mãos dadas.”

Ele respondeu para as costas dela enquanto a observava.

“E?”

Mai sorriu em satisfação por cima do ombro.

“Por favor me dê, nunca tendo segurado a mão de uma garota antes, minha primeira vez.”

“Isso é um pouco desagradável… mas bem, você passou.”

Mai esperou que Sakuta a alcançasse e, em seguida, o calor envolveu o lado direito do corpo dela assim que ela colocou seu braço no dele. Ele estava, é claro, surpreso e seu coração disparou.

O rosto de Mai estava ao lado dele por causa de sua altura, ela estava perto o suficiente para que ele contasse todos os seus cílios individuais.

“…”

Com o passar do tempo, ele se tornou mais e mais consciente da sensação suave do peito dela pressionando-o. Ele sabia quando a viu na roupa de coelhinha, mas pelo seu corpo esbelto, ela certamente tinha algumas curvas. A leve fragrância dela fez sua cabeça girar.

“Você está pensando em algo pervertido, não está.”

“Algo cem vezes mais pervertido do que você imagina.”

Mai de repente se separou devido a honestidade dele.

“Mas bem, uma adulta como você estaria bem com isso.”

“Está certo. Um garoto mais novo imaginando coisas pervertidas não é nada para mim.”

Mai teimosamente segurou o braço dele.

“Uhah”

Ele não pôde deixar de soltar um barulho estranho. Por causa disso, um trabalhador próximo olhou para ele de forma intrigada. Seus olhos se encontraram e o homem definitivamente podia vê-lo. Mas ele não pareceu notar Mai, ela ainda estava invisível.

“Um, Mai-san?”

“Isso não é suficiente.”

“Sinto muito, esta é minha derrota. Qualquer coisa a mais dificultará o ato de caminhar por certas razões, então, por favor, me deixe ir.”

“Esta é sua punição por provocar as pessoas.”

Mai estava se divertindo e não se afastou dele. Aparentemente, ela estava gradualmente se tornando imune a esse tipo de declaração. Dito isto, o ato de Mai não era de fato um castigo, era muito agradável e estava mais para uma recompensa.

“Ah, isso me lembrou, não estamos brigados?”

“Isso é verdade.”

Mai estava sorrindo gentilmente e agora se afastou de Sakuta em aparente aborrecimento. A velocidade com que ela mudou sua atitude foi surpreendente, e ele não sabia se ela estava falando sério ou atuando. Ele pensou que era uma pena, mas ainda se divertiu muito no resto das compras.

Havia uma pequena quantidade de desconforto restante, mas a comida que Sakuta estava carregando foi toda paga. Ele pagou normalmente e empacotou os legumes, a carne e os doces em sacos.

Sakuta saiu da loja com uma sacola em cada mão e caminhou para casa ao lado de Mai. Apesar disso, Sakuta não sabia onde a ‘casa’ ficava.

“Mai-san, onde você mora?”

Ir às compras na estação de Fujisawa significaria que ela vivia a uma curta distância.

“Terra.”

Ela disse desinteressadamente, e Sakuta apenas a seguiu obedientemente. Eles estavam indo na mesma direção que Sakuta vivia.

“Estou ansioso para ver sua casa.”

“Você não vai entrar.”

Ela se recusou categoricamente, com uma expressão séria.

“Ehhh.”

“Não se queixe como uma criança. Além disso, estamos brigados, não estamos?”

“Isso é porque você não é honesta.”

“Huh? Eu disse algo que eu não deveria ter dito?”

“Você continua seguindo em frente embora queira voltar a atuar.”

“Não mencione coisas que não lhe dizem respeito.”

Ela falou baixinho, mas com força. Foi mais do que uma negação, foi uma rejeição, visto que ela recusou friamente.

“É porque eu não sei de nada?”

“Isso mesmo, não abra a boca se você não souber de nada.”

“Que pena então, eu sei sim. Pelo menos o porquê você entrou em hiato do show business.”

“Certo, certo.”

Mai sorriu indulgentemente.

“É o álbum de fotos que foi lançado no seu terceiro ano do ensino fundamental.”

“!?”

A compostura desapareceu do rosto dela.

“Mesmo que você tenha dito que os trajes de banho estavam fora de cogitação, havia um com tal traje requisitado e sua empresária, sua mãe, assinou o contrato.” Até então, mesmo nos ensaios, ela não tinha usado um traje de banho, embora houvesse demanda mais do que suficiente. Pelo contrário, ela tinha estabelecido uma posição de não mostrar a pele, e estava muito bem em apenas mostrar sua beleza. “E então, você brigou com sua mãe e se vingou com a melhor maneira de chocá-la ‘se retirando do mundo do show business’.”

“…”

“Mas isso foi inútil”.

“Fique quieto…”

“Jogar fora seus próprios desejos ao mesmo tempo não tem sentido.”

“Fique quieto!”

“Não, você é quem deve ficar quieta, você vai perturbar as pessoas dormindo…”

Enquanto ele falava, um tapa voou em sua bochecha esquerda e ressoou pela rua.

“Eu estava obviamente muito incomodada!”

“…”

“Eu ainda era um estudante do ensino fundamental, sabia!? E ainda assim eles me presentearam com um traje de banho no estúdio, e havia apenas adultos por perto… me disseram que o contrato já estava assinado, e mesmo que eu odiasse isso, eu teria que fazer o meu trabalho, que eu tinha que vestir aquilo… que eu tinha que forçar um sorriso!”

Se ela fosse alguém mais comum, ela poderia ter falado por si mesma, feito uma birra e recusado. Mas ela era Sakurajima Mai, que trabalhava profissionalmente naquele mundo desde os seis anos, entre os adultos…

Ela não teria permissão para causar uma cena naquele momento. Ela teve que ler a atmosfera e escolher inteligentemente. Ela teve que agir como uma adulta, embora fosse uma criança.

“Ela me usou, ela não me enxergava como nada além de uma maneira de conseguir dinheiro.”

Ela praticamente cuspiu as palavras com uma voz rouca. E assim Sakuta percebeu que essa era a primeira razão, rebelar-se contra a mãe que apenas a via como mercadoria. Ele não iria dizer que ele entendia esses sentimentos, ele não entendia nem um pouco, mas havia uma coisa que ele tinha certeza.

“É por isso que eu acho que você deve voltar ao show business.”

“Por quê?”

“Apenas largas as coisas com esses sentimentos desagradáveis ​​significa apenas que você vai ficar com esses sentimentos desagradáveis.”

“Eh…”

“Se você quer fazer alguma coisa, não se segure, apenas faça. Até eu sei disso, então você definitivamente deveria saber.

“…”

Mai olhou para baixo, como se sua raiva ardente tivesse esfriado.

“…”

Dez segundos se passaram em total silêncio.

“Sinto muito por bater em você.”

Ela pediu desculpas em voz baixa.

A bochecha dele ainda latejava de dor.

“Você costuma bater nas pessoas que estão carregando suas coisas?”

“Eu não te dei um soco, ao menos.”

“…Muito obrigado.”

Ele a agradeceu honestamente, mas sem emoção.

“Você não parece realmente grato.”

“Bem sim, você me deu um tapa. Ahhh, isso dói, isso dóóói~”

“Você está exagerando.”

“Dói tanto que eu talvez chore. Apenas o carinho de uma bonita senpai pode me curar.”

“Você colheu o que plantou.”

“Eh, onde eu plantei alguma coisa?”

Ele não achava que tinha feito algo errado aqui.

“E quem foi que propositalmente me deixou com raiva?”

Mai denunciou Sakuta com seu olhar insatisfeito.

“O que você quer dizer?”

Era tarde demais para se fazer de idiota agora, mas ele não iria admitir isso aqui.

“Você estava tentando me fazer dizer o que eu realmente queria ao me deixar emotiva, não é?”

“Nem um pouco.”

“Você realmente tem uma boa personalidade.”

A mão de Mai se estendeu até a bochecha dele, e quando ele achou que ela iria acariciá-lo, ela gentilmente a beliscou, beliscando a bochecha que não tinha esbofeteado. [NT: nesse parágrafo há mais uma parte dizendo “e separou suas mãos dele”, mas prefiro não colocar por não fazer sentido com as próximas ações]

“Owowow.”

“A propósito, Sakuta-kun.” Mai tinha completamente voltado a si mesma e virou um olhar questionador para ele. “De quem você ouviu sobre isso?”

“…”

Ele olhou para o céu.

“Me olhe nos olhos.”

Ela comprimiu o aperto de seus dedos.

“Owowow”

“Então, quem foi?”

Ela não iria deixá-lo ficar em silêncio, e tentar enganá-la provavelmente não funcionaria também. Mai sabia que isso não era uma informação que a maioria das pessoas conhecia. Afinal, isso não tinha sido descoberto até agora.

“Eu tenho uma conhecida que é uma apresentadora de quando as coisas aconteceram com a Kaede.”

“Quem?”

“Nanjou Fumika…”

“Ah, ela.”

“Você conhece ela?”

“Ela tem sido uma assistente naquele show de variedades da tarde. Ela também me ajudou.” A palavra ‘ajudou’ não foi, obviamente, dita de uma maneira boa. “Então, por que você ainda se associa com ela, a coisa com sua irmã foi há dois anos, não foi?”

“Ahh, bem~”

“Conte-me.”

“Quando fazia o noticiário, ela tinha interesse na Síndrome da Adolescência. Ela viu as cicatrizes no meu peito e às vezes aparece querendo fazer uma história sobre isso.”

Aliás, ela havia dito que o que ela estava lhe contando sobre Mai era suposição em parte, e que havia pressão de várias fontes para não ir a público com isso.

“E então, o que você disse àquela mulher para obter as informações sobre mim?”

Mai olhou para ele com um olhar penetrante.

“Nada.”

Ele respondeu calmamente, mesmo enquanto seu coração disparava.

“Mentiroso, essa mulher é uma repórter, além disso, a mídia não vai apenas dar informações de graça, você deve ter tido algum tipo de acordo.”

Mai era muito mais entendida sobre o mundo da televisão, é claro, ele não podia continuar a mentira, e ela provavelmente não o deixaria ficar em silêncio. Sakuta aceitou a situação e confessou.

“Eu deixei ela tirar uma foto, das cicatrizes no meu peito.”

Ele tinha ficado quieto sobre ter ido ao banheiro com ela para tirar a foto, definitivamente seria melhor não dizer que o doce perfume dela o tinha colocado em um estado levemente excitado.

“Idiota.”

“Isso é maldoso.”

“Você realmente é, o que você está pensando!?”

Ela olhou para ele com raiva, mostrando sua verdadeira raiva.

“Bem, em você.”

“…”

“Eu realmente estou.”

Ele não conseguia olhá-la no rosto por medo e olhou para o lado.

“Haaaah…”

Em desgosto ou exausta, Mai deixou suas mãos caírem do rosto dele e o soltou, mas ele ainda podia sentir o olhar dela.

“Suas cicatrizes vão se tornar uma lembrança ruim para você, e podem até machucar sua irmã.”

Mai olhou para ele seriamente.

“Eu protegerei Kaede disso.”

“Se eles fizeram uma reportagem há dois anos sobre o bullying, eles podem noticiar algo sobre ela também?”

“Bem, eu realmente não posso ajudar isso.”

“Você não pode.”

Mai, de repente, estendeu a mão como se exigisse alguma coisa. Ele não tinha a menor ideia do que ela queria, então ele colocou as duas sacolas em uma mão e esticou sua mão de volta.

Mas ela deu um tapa antes delas se tocarem.

“Eu lhe disse para me dar os detalhes de contato dela.”

“Você disse?”

Ele pensou de volta, mas não conseguia se lembrar dela dizendo uma única palavra.

“Deduza isso a partir das circunstâncias.”

“Você é muito parecida com uma rainha, Mai-san.”

“Você é muito ingênuo sobre a mídia. Ingênuo o suficiente para ser descuidado. Se a mídia se interessar por você, você será cercado por repórteres, sabia? Imagine isso, câmeras apontadas para a sua casa.

Ele imaginou exatamente como ela disse, o duro holofote sobre alguém envolvido em um escândalo, o flash das câmeras, o rude questionamento… se colocando em um filme que ele havia assistido no passado.

“…”

Ele engoliu em seco.

“…Me sinto doente.”

A cor sumiu do rosto dele.

“Você vai se sentir cem vezes mais doente se isso realmente acontecer.”

Mai deu um perverso golpe final. Sakuta começou a pensar que ele poderia ter feito algo que ele não conseguiria consertar, e sentiu um arrepio nas costas.

“Tenha mais cuidado, okay?” Mesmo que ela estivesse irritada, ele não sentia nenhum desagrado dela. Ela parecia cordial, apesar de estar com raiva, Sakuta percebeu que era provavelmente porque ela estava realmente preocupada com ele e repreendendo-o. “Sua resposta?”

“Certo, eu entendi. Eu vou tomar cuidado. Mas a foto já está…”

“É por isso que eu disse.” Mai esticou a mão dela novamente. “Você deve ter os detalhes de contato dela, certo?”

Sakuta tirou o cartão de visita que ela havia lhe dado antes e entregou a Mai. Ela olhou na frente e então o virou imediatamente.

“Ela escreveu o número de celular dela atrás, nojento”.

Por alguma razão, ela condenou Sakuta.

“Eu gosto de garotas mais velhas, mas não tão velhas assim.”

“Hmmm~”

Ainda descontente, Mai digitou o número em seu telefone.

“Hey, Mai-san, o que você está fazendo?”

“Fique quieto.”

Ela colocou o telefone no ouvido e deu as costas para Sakuta. Aparentemente, ela atendeu imediatamente.

“Peço desculpas por uma chamada tão súbita, eu sou Sakurajima Mai, você me ajudou no trabalho antes. Não é um trote, então não desligue, por favor… Sim, aquela Sakurajima Mai. Já faz algum tempo. Podemos conversar agora?” Mai desenvolveu a conversa rapidamente. “Você falou com Azusagawa Sakuta hoje e deu a ele seu contato. Ele está no ano abaixo de mim. Sim…”

O tom calmo de Mai no telefone a fazia parecer estranhamente como uma confiável adulta.

“Eu gostaria que você não publicasse a foto das cicatrizes dele. Eu também gostaria que você evitasse perguntar a especialistas se você pudesse… Sim, claro que eu não pediria isso de graça, eu vou te dar um furo jornalístico em troca.”

“E-espera, Mai-san.”

Ele pensou que sabia o que ela ia dizer e entrou em pânico, pensando que ela iria se oferecer em seu lugar.

Mai virou por cima do ombro e colocou um dedo nos lábios como se estivesse dizendo a uma criança para ficar quieta.

“Sim eu sei. É uma informação adequada, então fique tranquila.” Ela virou as costas para ele novamente e continuou. “Eu voltarei ao show business em breve. Eu darei a você e à sua empresa direitos exclusivos para isso… sim, é claro, eu sei que isso não seria suficiente, mas tenho certeza que você concordará quando ouvir isso.” Ela então fez uma pausa, e falou palavras que pareciam quase ensaiadas. “Eu não voltarei para a agência da minha mãe, voltarei com outra.”

Sakuta provavelmente ficou mais surpreso que Fumika com isso. Apenas no outro dia, apenas em outro momento… eles estavam brigando sobre isso, com Mai lutando contra a sugestão de Sakuta de voltar… E ainda assim ela estava dizendo exatamente isso. Se isso não tivesse surpreendido ele, então nada mais iria.

“Eu acho que esta será uma história muito mais eficaz do que a que você tem do Azusagawa-kun, a qual fará as pessoas duvidarem de sua sanidade, não é? Espero que você considere isso.” Por um tempo, ela apenas respondeu com frases curtas como ‘sim’, ‘certo’ e ‘eu compreendo’. “Então nós temos um acordo. Estou ansiosa para trabalhar com você.”

Tendo mantido sua educação até o fim, Mai desligou e imediatamente se virou para Sakuta.

“E é isso.”

“Desculpe.”

“Por que você está se desculpando?”

“Obrigado.”

“Você é muito fofo quando está triste.”

Pela primeira vez, ele não tinha nada para responder e não conseguia levantar a cabeça. O arrepio de estar cercado por câmeras não estava mais em lugar algum e ele estava preenchido por uma sensação de segurança. E, sem dúvida, Mai foi quem lhe dera isso.

“Mas você disse que voltaria.”

E ela até dissera que mudaria de agência.

“Eu pensei que você estava certo.” Ela fez beicinho como se ela não quisesse admitir isso. “Eu gostava de trabalhar em programas de TV e filmes, valia a pena fazer isso e foi divertido. Eu sempre achei que gostaria de continuar fazendo isso. Eu não posso evitar, mesmo se eu mentir sobre esses sentimentos… existe algum problema?”

“Há um grande problema.”

“O-o que, esse é o momento onde você me perdoa.”

“Você diz isso depois de me evitar nas últimas duas semanas?”

“Eu apenas ajudei você, não é?”

“Isso e aquilo são coisas separadas.”

“Uuhh… me desculpe por ser teimosa, okay?”

Mesmo quando ela parecia irritada, ela admitiu seu erro e pediu desculpas.

“Mais uma vez.”

“Por favor, me perdoe, eu me arrependo.”

“Isso teria sido perfeito se você tivesse ficado tímida e com os olhos virados para cima.”

“Não se empolgue.”

Mai beliscou o nariz dele.

“Uwah, o quu você está fazendd?”

Sua voz estava mais abafada do que o habitual e Mai riu disso. Foi então que ele percebeu por que ela havia ido à sua casa. Ela tinha ido dizer a ele que voltaria ao show business. Não tinha nada a ver com seus problemas com a Fumika, era algo que Mai havia decidido por si mesma. Ele estava um pouco arrependido disso, mas também feliz.

“O mundo continua girando, huh”.

“O que você disse?”

“Eu estava falando comigo mesmo.”

Eles caminharam lado a lado, e seus passos eram muito mais leves do que antes. Tudo o que restou foi a determinação de Mai em acabar com sua Síndrome da Adolescência.

Três minutos depois, Mai parou e disse.

“Chegamos.”

Eles estavam parados em frente ao prédio em que Sakuta morava.

“Eh?”

“Sim, eu moro aqui.”

Mai apontou para o prédio em frente. Era tão perto que ele não precisaria ver a casa dela, mas era uma surpresa que ela vivia tão perto. Hoje foi um dia de choques, e ele ficou ainda mais surpreso do que quando ela disse que estava voltando ao show business.

“Obrigada por carregá-las.”

Ela disse isso enquanto pegava as sacolas dele, infelizmente, parecia que ela realmente não o convidaria para entrar.

“Isso mesmo, Sakuta-kun.”

“O que é, minha Rainha?”

“Saia comigo neste fim de semana.”

As palavras dela eram estranhamente apropriadas porque ele a chamou de rainha.

“Quando eu voltar, vou estar ocupada e não terei tempo para sair. E apesar de eu ter vivido aqui por dois anos, nunca estive em Kamakura, é estranho, certo? Então eu quero ir pelo menos uma vez.”

“Você consegue trabalho assim tão facilmente?”

Ele olhou para ela duvidosamente e ela respondeu naturalmente.

“Eu sou Sakurajima Mai.”

Era incrível que ela não soasse arrogante ao dizer isso, mas sim revigorante. Apesar disso, parecia realista e ele sentiu que, sendo Mai quem ela era, sua agenda realmente seria preenchida rapidamente.”

“Ah, mas Domingo é—”

“Você tem algo mais importante do que o meu convite?”

“Eu tenho um expediente de manhã até o almoço no fim de semana.”

“Troque com alguém… bem, eu não vou te dizer isso.” E quem foi aquela a dizer isso de forma tão franca. “Eu meio que tenho a sensação de que você prioriza o trabalho sobre mim e isso é irritante.”

“É até as duas, então depois disso está bem.”

“Bem, pode ser isso.”

Parecia que ela estava relutante e não concordava nem um pouco, mas disse que sim. Ele não sabia se devia chamá-la de adulta ou criança. Em vez disso, ela era uma mistura dos dois, ele pensou.

“Não sorria tanto.”

“Você me chamou em um encontro, como eu não poderia?”

“Ah, não é um encontro.”

Ela rejeitou isso imediatamente.

“Eh?”

“Um encontro seria tão bom assim?”

“Claro.”

Ele assentiu energicamente.

“Nós vamos ter um então.”

“Sim!”

E, é claro, ele fez uma pose triunfante.

“Você está feliz com isso?”

“Bem sim.”

“Então eu vou estar esperando no portão de embarque para a estação Enoshima Fujisawa às duas e cinco.”

“Eu disse que terminaria às duas, não foi?”

“É por isso que eu disse cinco minutos depois.”

“Por favor, me dê um pouco mais de tempo para caso o restaurante esteja lotado e eu não possa sair imediatamente.”

“Duas e meia então, se você estiver atrasado um segundo, eu irei embora.”

“Entendido.”

E assim, Sakuta inesperadamente ganhou o direito ao seu primeiro encontro.

Naquele dia, no banheiro da casa Azusagawa, um rugido feliz podia ser ouvido.

“Yahooo~!”

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