Seishun Buta Yarou Series

Seishun Buta Yarou Series – Volume 01, Capítulo 1

Deixando também o primeiro capítulo da série. Espero que gostem. ^^ (12256 palavras – capítulo revisado 05/10/18)


Capítulo 1

 Minha Senpai é uma Coelhinha


08

No último dia da Golden Week [NT: Semana Dourada japonesa], Azusagawa Sakuta encontrou uma coelhinha selvagem. Fazia cerca de vinte minutos desde que ele tinha saído de seu apartamento. A paisagem urbana ao redor da Estação Shonandai, onde as linhas municipais de metrô Odakyu Enoshima, Sotetsu Izumino e Yokohama se cruzam, apareceu em sua vista. Era uma calma cidade dormitório, com relativamente poucos edifícios altos como os típicos dos subúrbios. Ao passar pela estação à sua esquerda, Sakuta virou à direita no semáforo e depois de menos de um minuto chegou ao seu destino: a biblioteca.

Sakuta deixou sua bicicleta no estacionamento quase cheio e seguiu para o prédio. Não importava quantas vezes ele viesse, ele nunca conseguia se acostumar com o particular silêncio característico das bibliotecas, e levemente se endireitou.

Simplesmente porque era a maior biblioteca da região, havia um grande número de frequentadores. Havia um homem de meia-idade o qual Sakuta costumava ver no canto das revistas e dos jornais que ficava bem ao lado da entrada, lendo a seção de esportes com uma expressão descontente. O time de beisebol dele provavelmente havia perdido ontem.

Quando ele chegou em frente ao balcão de empréstimos, seus olhos foram em direção as mesas que preenchiam a maior parte do interior. Alunos do ensino médio, estudantes universitários e trabalhadores se destacavam, com laptops abertos em suas frentes.

Enquanto ele distraidamente reconhecia a presença daqueles, Sakuta moveu-se para as estantes de livros com romances contemporâneos de capa dura. Inclinando-se ligeiramente, ele deslocou seu olhar através das colunas em ordem alfabética; ele estava procurando por um livro que começava com “Yu” e comparado à sua altura de 172 centímetros, a pequena estante mal alcançava sua cintura.

Ele logo encontrou o livro que sua irmã havia pedido. Era escrito por Yuigahama Kanna, seu título era A Maçã Venenosa do Príncipe e fora lançado quatro ou cinco anos atrás. Ela gostava do trabalho anterior do autor e tinha decidido que iria atrás de todos eles.

Sakuta pegou o livro bastante esfarrapado da pequena estante de livros. Foi exatamente nesse instante, quando ele levantou a cabeça para levá-lo ao balcão de empréstimos, que aquilo preencheu sua visão.

Uma coelhinha estava de pé entre as estantes de livros.

“…”

Ele piscou várias vezes, sem saber se era uma ilusão ou algo diferente, e percebeu a aparência e a existência dela.

Ela tinha saltos altos pretos lustrosos em seus pés. Suas pernas estavam envoltas por meias pretas levemente transparentes e que mostravam a cor da sua pele. Da mesma forma, um collant preto enfatizava suas curvas e, embora seu peito fosse modesto, seu decote era bem exibido. Em seus pulsos haviam pulseiras brancas ao redor; acentuando a aparência e, claro, uma gravata preta estava em volta do pescoço.

Removendo a altura de seus saltos, ela tinha em torno de 165 centímetros. Seu rosto refinado tinha uma expressão um pouco entediada e, uma apatia adulta e sex appeal fluíam a partir dela.

No começo, ele se perguntou se havia algum tipo de filmagem acontecendo, mas quando ele olhou ao redor não havia adultos que parecessem ser funcionários de TV. Ela estava completamente sozinha, uma perdida. Surpreendentemente, ela era uma coelhinha selvagem.

Claro, a presença dela preenchia a biblioteca no começo da tarde. Seria ‘fora do lugar’ o termo…? Os únicos lugares em que Sakuta podia pensar que eram habitados por coelhinhas eram os cassinos de Las Vegas e restaurantes ligeiramente sombrios, mas em todo caso: ela estava fora do lugar. No entanto, a verdadeira razão para a surpresa de Sakuta era algo completamente diferente. Isso era que, embora ela estivesse com uma roupa tão chamativa, ninguém estava olhando para ela.

“Que diabos?”

Ele não conseguiu segurar sua voz e um bibliotecário próximo lançou um olhar para ele, dizendo-lhe para ficar quieto. Enquanto ele acenava de volta para o bibliotecário, ele pensou Não, não, há um outro alguém com quem você deveria se preocupar.

Mas isso em si era o que a estranha convicção de Sakuta havia firmado. Ninguém estava preocupado com a coelhinha: não havia nem mesmo um distúrbio reprimido por ignorar algo, nenhum sinal de que alguém a tivesse notado.

Normalmente, se eles tivessem uma coelhinha tão estimulante ao lado deles, até mesmo o estudante que estava segurando livro de estatutos, com sua testa franzida, teria olhado. O velho homem lendo o jornal continuaria fingindo ler e lançaria olhares para ela, enquanto o bibliotecário teria que educadamente repreendê-la com algo como: “Essas roupas são um pouco…”

Isso era estranho, era claramente estranho. Era quase como se ela fosse um fantasma que só Sakuta podia ver.

Um rastro de suor frio correu pelas suas costas.

Ignorando o desconforto dele, a coelhinha pegou um livro e se dirigiu a um canto de estudo dentro da biblioteca. Em seu caminho, ela olhou para o rosto de um aluno e mostrou a língua para fora, acenou com a mão entre o rosto de um trabalhador e o PC tablet dele, como se para garantir que ele não pudesse vê-la. Quando ela reconheceu que eles não reagiriam, ela sorriu satisfeita e depois pegou o assento vazio que estava mais à frente.

O estudante universitário em frente a ela não a notou. Mesmo quando ela ajustou a área dos seios do collant que tinha escorregado um pouco, ele não reagiu nem um pouco. Mesmo quando ela deveria certamente estar na frente do campo de visão dele…

Depois de um tempo, o estudante recolheu seus livros e começou a se preparar para sair. Então, como se nada tivesse acontecido ele saiu e, ao fazer isso, ele não olhou para os seios da garota.

“…”

Depois de se preocupar com isso por um tempo, Sakuta se sentou no lugar do aluno que acabara de desocupar o assento. Ele olhou fixamente para a coelhinha. Para as curvas de seus braços que fluíam dos ombros nus, a pele pálida do pescoço aos seios, os movimentos estranhamente sensuais e delicados que acompanhavam cada uma de suas respirações. Apesar de estar em uma biblioteca, que deveria dar a ele uma impressão de diligência, parecia que seu humor tomaria um tom estranho. Não, seu humor já estava estranho o suficiente.

09

Depois de um tempo, seus olhos encontraram com os da garota enquanto ela levantava o olhar do livro em sua mão.

“…”

“…”

Os dois piscaram duas vezes e a garota foi a primeira a abrir a boca.

“Isso é uma surpresa,” a voz dela possuía uma energia travessa acerca disso, “você ainda consegue me ver.”

O comentário dela soou como se ela esperasse que outras pessoas não pudessem vê-la. Mas esse era provavelmente o jeito certo de interpretar tais palavras, porque nenhuma das pessoas ao redor tinha notado a existência da garota, que era como uma massa de sensações discordantes…

“Nesse caso.”

A garota fechou o livro e se levantou. Normalmente, este seria o lugar onde eles se separariam, e ele poderia conversar mais tarde sobre como ele conheceu uma pessoa estranha. Mas Sakuta tinha um motivo para evitar simplesmente se separar; o que ele estava incomodado era o fato de que ele conhecia a garota. Ela frequentava a mesma escola que ele e estava no ano acima, no terceiro ano na Escola Secundária da Prefeitura de Minegahara. Ele sabia o nome dela também, o nome completo.

Sakurajima Mai.

Esse era o nome da coelhinha.

“Um”. Ele gritou baixinho para as pálidas costas que se despediam. Ela parou e perguntou “o que?” apenas com seu olhar. “Você é a Sakurajima-senpai, certo?”

Ele manteve o volume de sua voz em mente enquanto falava o nome dela.

“…” Os olhos de Mai mostraram surpresa por um instante. “Se você se dirige a mim assim, você é um estudante da Escola Secundária de Minegahara?”

Mai mais uma vez se sentou e olhou diretamente para Sakuta.

“Eu sou Azusagawa Sakuta da classe 2-1. Azusagawa Sakuta é formado por Azusagawa de “Área de Serviço de Azusagawa”, e Sakuta de “Flor de Taro1 Desabrochando”.

“Eu sou Sakurajima Mai, Sakurajima Mai é formado por Sakurajima de ‘Sakurajima Mai’ e Mai de ‘Sakurajima Mai’.”

“Eu sei, você é famosa, Senpai.”

“Sim.”

Desinteressadamente, Mai colocou a mão na bochecha e deixou seu olhar vagar para a janela. Ela estava inclinada para frente, o que enfatizava seu decote e, naturalmente, atraía os olhos de Sakuta. Certamente, um colírio para os olhos.

“Azusagawa Sakuta-kun”

“Sim?”

“Eu vou te dar um conselho.”

“Conselho?”

“Esqueça o que você viu hoje,” antes que Sakuta pudesse dizer uma palavra, ela continuou, “Se você conversar com alguém sobre isso, você será considerado insano e tratado como tal.”

De fato, isso certamente era um conselho.

“E de maneira alguma você deve se envolver comigo.”

“…”

“Se você entende, diga ‘sim’.”

“…”

Mai olhou de maneira sombria para ele enquanto Sakuta permanecia em silêncio. No entanto ela logo voltou à sua indiferença anterior e mais uma vez se levantou, e depois de devolver o livro à prateleira, caminhou em direção à saída.

Naquele momento, nem uma única pessoa prestou atenção nela. Mesmo quando ela passou calmamente em frente ao balcão de empréstimos, a bibliotecária silenciosamente continuou seu trabalho. Sakuta era o único a observar com fascínio as belas e esguias pernas delas cobertas por meias.

Quando ela tinha completamente sumido, Sakuta se debruçou sobre a mesa.

“Dizendo-me para esquecer,” ele murmurou para si mesmo, “de maneira alguma eu conseguirei esquecer uma coelhinha tão excitante.”

O erotismo dos ombros até os seios dela tinha sido exposto nu para ser visto, e Mai colocando a mão na bochecha enfatizava seu decote. Ela havia deixado um aroma agradável e o murmúrio de sua voz só tinha sido audível para Sakuta. Ele olhou diretamente nos olhos brilhantes dela. Todas essas coisas tinham estimulado a masculinidade de Sakuta, e certa parte de seu corpo tinha ficado bastante energética.

Graças a isso, ele se preocuparia com os olhares de todos se ele se levantasse, então ele não podia se levantar da cadeira. Ele só teria que sentar lá em silêncio por um tempo. Essa era a razão pela qual, apesar de ter muitas coisas que ele queria perguntar a ela, ele não foi atrás de Mai.

⟡ ⟡ ⟡

No dia seguinte, Sakuta acordou de um estranho sonho de ser esmagado por uma ninhada de coelhos.

“Eu pensei que seria um da coelhinha, ma…” ele foi se levantar enquanto reclamava de seu sonho. “Hmm?”

Mas ele não conseguia levantar, seu ombro esquerdo estava muito pesado. Revirando a colcha, a razão para isso ficou clara.

Havia uma garota vestida de pijama dormindo enrolada em seu braço como se estivesse abraçando-o. Ela tinha uma expressão inocente enquanto dormia. Ela se aproximou de Sakuta como se estivesse com frio sem a colcha.

Esta era Kaede, sua irmã mais nova que completaria quinze anos este ano.

“Kaede, é de manhã, acorde.”

“Onii-chan, está frio…”

Ela ainda estava adormecida e não mostrava nenhum sinal de acordar, então Sakuta levantou sua irmã e se levantou.

“Pesada!”

Ela era sua verdadeira irmã mais nova, com 162 centímetros de altura, ela estava crescendo bem recentemente e seu desenvolvimento de menina para mulher estava evidente na sensação em seus braços.

“Isso é porque metade de mim é amor por você, Onii-chan.”

“O que há com esse cenário dramático? O que você é, analgésicos que são amabilidade pela metade2? De qualquer forma, levante-se se estiver acordada.”

“Mghh~”

Mesmo enquanto fazia beicinho em descontentamento, Kaede desceu dos braços de Sakuta. Talvez porque no ano passado a aparência dela tinha se desenvolvido mais parecida como uma adulta, sua aparência e suas ações não se combinavam, então havia uma estranha sensação de corrupção na inocente afeição física entre os irmãos.

“Além disso, amadureça e para já de se rastejar para a minha cama.”

Ao mesmo tempo, ela deveria também parar de usar seu pijama com capuz e estampa de panda.

“Eu vim para te acordar, mas você não queria acordar, Onii-chan.”

A cara emburrada dela parecia muito mais imatura do que sua idade.

“De qualquer forma, você já está envelhecendo.”

“Ah, você estava excitado esta manhã, Onii-chan?”

“Quem cobiça a própria irmã mais nova?”

Ele cutucou levemente a testa dela e saiu do quarto.

“Ahh~, espere.”

Depois disso, ele preparou o café da manhã para os dois e comeu com Kaede. Sakuta terminou primeiro e rapidamente terminou de se vestir para o colégio.

“Vejo você mais tarde, Onii-chan.”

E, observado pelo rosto sorridente de Kaede, ele saiu sozinho.

Ele bocejou logo depois de sair do apartamento. Porque ele havia visto coisas tão estimulantes ontem que ele tinha ficado excitado e incapaz de dormir. Além disso, acordar com um sonho tão estranho não foi particularmente agradável.

Ele bocejou novamente quando passou pela área residencial. No caminho, ele cruzou uma ponte. Os edifícios ao redor dele aumentavam à medida que ele se aproximava da estação de trem; o número de pessoas aumentava também e todos caminhavam na mesma direção que Sakuta. Cruzando os semáforos no final da estrada principal e passando por um hotel de negócios e um atacadista de eletrônicos, a estação estava finalmente à vista. Fazia dez minutos desde que ele tinha saído de casa.

Ele continuou caminhando pelo corredor por mais trinta metros aproximadamente, e chegou à frente da Loja de Departamentos Oda Express. Ele não ia fazer algumas compras ali, as lojas nem sequer estavam abertas afinal. À direita dessas portas fechadas havia outra plataforma. A Estrada de Ferro Elétrica de Enoshima, comumente chamada Enoden. Era uma única rota que parava em treze estações antes de chegar a Kamakura. Ele usou seu bilhete sazonal3 e passou pelos portões de segurança, embarcando no trem. O trem tinha um aspecto retrô, com uma cor creme ao redor das janelas, cercada por verde acima e abaixo. Era um trem pequeno de quatro vagões. Sakuta tinha andado até o final da plataforma e entrado no primeiro vagão.

Havia muitos passageiros com uniformes escolares do ensino primário, fundamental e médio, e os demais eram trabalhadores vestidos de terno. Parecia apenas uma linha de turismo até que você residisse ali, mas era um trajeto diário para as pessoas que chamavam isso de pátria.

Sakuta se sentou em um assento perto da porta.

“Eaí.”

E alguém chamou por ele.

A pessoa que chegou ao seu lado, terminando um bocejo, era uma pessoa bonita que parecia que trabalhava em um famoso escritório de ídolos. Seu rosto tinha uma estrutura acentuada e havia um ar intimidante à primeira vista, mas quando ele sorria, os cantos externos de seus olhos se moviam para trás, dando lugar a uma tenra amabilidade. Era um charme que as garotas não podiam resistir.

Seu nome era Kunimi Yuuma, um aluno do segundo ano que era membro do clube de basquete. Ele tinha uma namorada.

“Haaah…”

“Oi, oi, você não deve soltar um suspiro quando vir o rosto de alguém.”

“Sua energia logo de manhã é um veneno para os meus olhos, isso me deprime.”

“Sério?”

“Sério.”

Enquanto a habitual conversa sem sentido se desenvolvia, a campainha de partida soou e as portas fecharam. O trem só estava avançando rápido o suficiente de forma que ainda parecia estar acelerando, como alguém arrastando seu pesado corpo para a frente. Quando isso veio à mente, o trem já havia começado a diminuir sua velocidade para parar na próxima estação: Estação Ishigami.

“Hey, Kunimi.”

“Hmm?”

“Você conhece a Sakurajima-senpai—”

“Minhas condolências.”

Mesmo ele ainda não tendo dito nada, Yuuma o antecipou e colocou uma mão amiga no ombro de Sakuta.

“Para o que você está me consolando?”

“Estou feliz que você esteja mostrando interesse em uma garota que não seja  a Makinohara, mas be~~m, ela já é atéééé demais.”

“Eu não disse que iria me confessar ou que gostava dela.”

“O que é então?”

“Eu estava apenas imaginando que tipo de pessoa ela era.”

“Mhhhmmmm, bem, ela é famosa, não é?”

“Bem, sim.”

Isso estava certo, Sakurajima Mai era uma celebridade, todos os alunos da Escola Secundária da Prefeitura de Minegahara sabiam dela. Não, provavelmente era mais ou menos setenta ou oitenta por cento da população do país como um todo. Ela era uma verdadeira celebridade, de tal forma que não parecia ser um exagero dizer isso.

“Ela estreou no mundo do showbiz [NT: ‘showbiz’ é uma abreviação de ‘show business’] como uma atriz infantil aos seis anos de idade. Começou com um drama exibido no horário matinal que ostentava classificações e popularidade a par com grandes sucessos, e se tornou uma sensação da noite para o dia, certo?”

Ela tinha aparecido em muitos filmes, dramas e anúncios desde seu início explosivo, e alcançou tamanha popularidade que literalmente nem um único dia se passava sem ela estar na televisão. Claro, depois de dois ou três anos desde sua estréia, ela perdeu a influência de ser ‘Sakurajima Mai, em toda e qualquer coisa’, mas, ao contrário, ganhou ainda mais ofertas pelo seu talento em atuação.

Entre os muitos atores que desapareceram após um único ano, sua carreira de atriz continuou bem, mesmo quando ela entrou no ensino fundamental. Só isso era muito impressionante, mas ela até mesmo teve sua segunda pausa. Aos quatorze anos, Sakurajima Mai tinha se transformado em uma bela jovem com aparência de uma adulta, e com o filme que estava sendo exibido na época, ela mais uma vez ganhou atenção rapidamente, e em uma semana, as gravuras em capas de revistas tinham sido completamente cobertas pelo seu rosto sorridente.

“Eu gostava dela no ensino fundamental. É mesmo, sabia? Eu não podia resistir àquela mistura misteriosa de fofura e erotismo.”

Não era apenas Yuuma, muitos jovens tinham tido seus corações roubados por ela.

Sua popularidade estava mais uma vez a caminho de seu apogeu mas, enquanto isso estava acontecendo, ela de repente anunciou que faria uma pausa em suas atividades. Foi pouco antes dela se formar no ensino fundamental, e nenhuma razão específica foi dada. Desde então, dois anos e alguns meses tinham se passado.

Claro, quando eles descobriram que Sakurajima Mai foi para a mesma escola que eles, eles ficaram surpresos, e simplesmente pensaram as celebridades realmente são reais.

“Havia muitos rumores. Ela era tão conhecida que estava trabalhando com prostituição, que estava tendo um caso com seu produtor, e coisas assim.”

“Ela ainda era uma estudante do ensino fundamental naquela época.”

“Foi assim desde que ela se tornou uma estudante do ensino fundamental. Além disso, havia rumores de que a mãe dela era sua empresária e agora está começando um escritório de entretenimento, certo? Eu vi na TV semana passada.”

“Hmmm, eu não sabia disso. Mas, no que diz respeito aos rumores, eles são apenas divagações sem base.”

“Há a expressão “não há fumaça sem fogo”, sabia?”

“E vivemos em uma época em que não é apenas a própria pessoa que acende o fogo”.

A informação se espalharia e seria compartilhada em um instante na internet. E mesmo que não tivesse base… Os destinatários dariam pouca importância à sua veracidade, e só iriam querer falar sobre isso, fazer piadas sobre isso, achar engraçado, divertido ou se satisfazer com isso.

“É realmente persuasivo quando você diz isso, Sakuta.”

Ele levemente ignorou essas palavras.

O trem, lentamente como sempre, passou por quatro estações, Yanagi-Koji, Kugenuki, Parque Costeiro de Shonan e Enoshima.

Olhando para fora da janela, eles estavam passando por uma seção da estrada. Era uma visão estranha ter carros bem ao lado do trem, mas, no momento em que você pensasse em comentar sobre isso, você teria retornado aos trilhos normais.

Nessa área o trem e os prédios pareciam estar tão próximos que colidiriam, e se você pusesse a mão para fora da janela, seria capaz de tocar as paredes das casas e se perguntar se as folhas e galhos de cada jardim batiam no trem.

Deixando de lado essas preocupações, o trem passou vagarosamente pelas casas e chegou à próxima estação: a Estação Koshigoe.

“Mas eu não a vejo com ninguém na escola.”

“Hmm?”

“Sakurajima-senpai, foi você quem trouxe esse assunto.”

“Ah, é mesmo.”

“Ela está sempre sozinha, sabia.”

Não só isolada de sua classe, ela ficava sozinha também na escola. Sakuta também tinha essa impressão dela.

“Eu ouvi de um senpai no clube de basquete, mas ela aparentemente não veio para a escola no início do primeiro ano.”

“Por quê?”

“Trabalhos. Mesmo depois que ela anunciou que estava dando uma pausa, ainda acontecia as coisas que ela já estava no elenco. ”

“Ah, é isso que você quer dizer.”

Mas nesse caso, não teria sido melhor terminar tudo e depois anunciar isso? Deve ter havido algo o qual fez ela ter dito isso primeiro, mas…

“Aparentemente ela começou a vir corretamente quando as férias de verão terminaram.”

“…Isso deve ter sido difícil.”

Ele poderia facilmente imaginar como era a sala de aula quando Mai foi para a escola no outono. Durante o primeiro período, os colegas de classe dela devem ter cimentado completamente os relacionamentos e o equilíbrio de poder dentro da classe.

“E você pode imaginar como foi a partir daí.”

Yuuma provavelmente estava imaginando o mesmo que ele. Uma vez decidida que a estrutura de uma turma não mudaria tão facilmente, e aliviadas em encontrar um lugar, as pessoas se apegariam a tais lugares e protegeriam sua posição dentro da classe.

Mai, tendo começado a frequentar no segundo período, teria indubitavelmente tido dificuldade de lidar com isso. Claro; ela era uma atriz, eles teriam se interessado, mas não poderiam interagir indelicadamente com ela também. Fazer um esforço especial para falar com Mai faria com que eles se destacassem, e se eles se destacassem, alguém poderia começar a chamá-los de irritantes ou dizer que eles estavam sendo convencidos. Por essa razão, ela estava agora isolada de sua classe. Todos sabiam que não havia como evitar isso desde quando aconteceu; essa era a atmosfera de uma escola.

Por causa disso, Sakuta achava que Mai não teve uma chance de se familiarizar com a escola.

No final do dia, apesar de as pessoas reclamarem das coisas serem entediantes, ou de pedirem algo interessante para acontecer, ninguém realmente queria qualquer mudança.

Mesmo Sakuta era assim, as coisas eram mais fáceis quando não havia nada de especial. Ele gostava das coisas sendo fáceis, não cansando sua mente ou corpo. A tranquilidade eterna e o tempo livre eram os melhores.

O som dos sinos de partida soou e as portas se fecharam com um silvo. Novamente o trem correu entre as casas vagarosamente. Diante deles seus olhos estavam construindo paredes: parede após parede, casa após casa e, ocasionalmente, pequenas travessias ferroviárias. Então, quando se perguntaram se as paredes continuariam, a linha de visão deles se expandiu de repente até o horizonte.

O mar. Os azuis e intermináveis ​​mares estavam visíveis, cintilantes enquanto refletiam a luz do sol da manhã.

O céu. Os azuis e infinitos céus estavam visíveis, a límpida atmosfera da manhã criando um gradiente de azul para branco.

Diretamente entre os dois estava a linha perfeitamente reta do horizonte, com o poder de irresistivelmente atrair o olhar deles.

Por um tempo, o trem percorreu o litoral de Shichirigahama que dava para a Baía de Sagami. Era uma visão fascinante, com Enoshima à direita e Yuigahama, conhecida por suas áreas de natação oceânica, à esquerda.

“Mas por que a citou tão de repente?”

“Você gosta de coelhinhas, Kunimi?”

Perguntou Sakuta, ainda olhando pela janela.

“Não, eu não gosto.”

“Então, você as ama?”

“Sim, eu as amo.”

“Eu não vou te dizer então.”

“Huh? Que diabos, me diga.”

Yuuma cutucou o estômago de Sakuta.

“Digamos que você tenha encontrado uma coelhinha encantadora na biblioteca, o que você faria?”

“Olharia novamente.”

“Certo.”

“E então: me deliciaria com os meus olhos.” Essa seria a reação de uma pessoa normal. Ou pelo menos a reação de um homem normal. “O que isso tem a ver com a Sakurajima-senpai?”

“Quero dizer, acho que tem algo a ver com ela, mas eu me pergunto o que.”

“Que diabos?”

Sakuta evitou a pergunta e, não querendo mais questioná-lo, Yuuma apenas riu. Ainda correndo ao longo da costa, o trem parou em outra estação, e então chegou à estação para a escola deles: Estação de Shichirigahama.

As portas se abriram e o cheiro de sal encontrou seus narizes.

Dentro desse perfume, grupos de estudantes usando o mesmo uniforme desceram para a plataforma. Havia apenas um único portão de passagem, com uma figura parecida com um espantalho para escanear os passes deles. Durante o dia a estação teria atendentes, mas não havia ninguém lá no momento em que eles se dirigiram para a escola.

Sair da estação e passar por um único cruzamento colocaria você bem na frente da escola.

“Ah sim, como vai a Kaede-chan?”

“Você não terá minha irmã.”

“Que insensível, Onii-sama.”

“Você tem uma namorada fofa, Kunimi.”

“Sim, é verdade.”

“Ela ficaria com raiva se ela ouvisse.”

“Tudo bem, eu também gosto do rosto zangado da Kamisato. Huh? Falando no diabo.”

Seguindo a linha de visão de Yuuma, ele viu Sakurajima Mai andando sozinha cerca de dez metros à frente. Suas longas pernas, seu rosto pequeno e sua constituição esbelta e semelhante a uma modelo. Embora vestisse o mesmo uniforme, ela parecia diferente dos outros alunos. Nada disso encaixava… não as meias pretas ao redor das pernas, nem a saia escondendo as nádegas, ou o blazer de tamanho perfeito. Parecia que ela estava usando um uniforme emprestado: mesmo que ela já estivesse no terceiro ano, o uniforme não era familiar para Mai.

Na verdade, as três garotas perto dela que estavam conversando usavam o uniforme de maneira muito melhor. O sênior saudando energicamente os membros do clube era o mesmo, e até mesmo um estudante do sexo masculino que estava chutando levemente as costas de seu amigo estava cheio de energia.

A curta estrada da estação para a Escola Secundária Minegahara estava cheia de vozes alegres e risadas. Dentro disso, Mai parecia estranhamente isolada, andando silenciosamente, sozinha. Como uma pessoa de fora que havia se perdido e acabado em um colégio comum da prefeitura. Uma existência estranha, um patinho feio. Essa era a impressão que Sakurajima Mai mostrava aqui.

Não, pelo contrário, ninguém estava prestando atenção nela. Apesar de Sakurajima Mai estar ali, ninguém se virou para olhar. Nem um único aluno estava fazendo barulho, isso era normal para a Escola Secundária de Minegahara.

Se ele tivesse que colocar em palavras, Mai era como a “atmosfera” aqui. Algo que todo mundo aceitava. A visão fez Sakuta lembrar as reações das pessoas que ele viu na biblioteca de Shonandai, e um sentimento estranhamente desconfortável subiu em seu estômago.

“Hey, Kunimi.”

“Hmm?”

“Você pode ver Sakurajima-senpai, certo?”

“Sim, claro como o dia. Meus olhos são bons sabia, 2.0 em ambos. ”

Uma reação como a de Yuuma era normal para esse tipo de pergunta. Algo tinha acontecido ontem.

“Vejo você depois.”

“Sim.”

Yuuma e Sakuta estavam em turmas separadas este ano, e assim se separaram no corredor do segundo andar, onde Sakuta entrou na sala de aula para a turma 2-1. Cerca de metade dos alunos já estavam lá.

Ele sentou no primeiro assento perto das janelas. Graças ao seu nome ser “Azusagawa”, ele estava aproximadamente no mesmo lugar que na primavera. Enquanto não houvesse um ‘Aikawa’ ou ‘Aizawa’, ele seria o primeiro na lista de presença. Havia de alguma forma muitas desvantagens em relação a esse “primeiro”, mas quando ele veio para a Escola Secundária de Minegahara, ele tinha a garantia do assento na janela, então ele não achava que era tão ruim assim.

E isso era porque o mar podia ser visto das janelas, e várias velas de windsurfistas que estavam indo atrás do vento desde aquela manhã eram visíveis.

“Hey.”

“…”

“Eu disse hey.”

Ele notou uma voz perto dele e olhou para cima.

De pé em frente à sua mesa, uma garota olhava para Sakuta com desagrado. Ela era o centro do grupo de garotas mais atraentes da turma. O nome dela era Kamisato Saki. Seus olhos eram largos e bonitos e seu cabelo alcançava seus ombros, curvando-se suavemente para dentro. Seus lábios eram um lindo rosa com uma leve camada de maquiagem, e ela era famosa entre os garotos por ser fofa.

“É bastante rude me ignorar, não é?”

“Desculpe, eu não achei que houvesse mais alguém nesta sala que falasse comigo.”

“Você sabe—” O sino soou e, seguindo-o, o professor da turma entrou na sala. “Nossa. É importante, então venha para o telhado. Depois da escola. Jure isso.”

Ela bateu as mãos na mesa dele, e então Kamisato Saki voltou para sua própria mesa, diagonalmente atrás da dele.

“Eu não tenho nada a dizer sobre isso?” Ele murmurou para si mesmo, e descansou em seu cotovelo, olhando para o mar. O mar novamente estava lá hoje, mas isso era tudo o que havia. “Isso vai ser irritante…”

Mesmo que ele tenha sido procurado quando as aulas terminaram por uma garota, Sakuta não ficou feliz nem um pouco, seu coração não pulou a menor batida.

Afinal, Kamisato Saki era a namorada de Kunimi Yuuma.

⟡ ⟡ ⟡

Depois da escola, Sakuta tinha se dirigido para as prateleiras de sapato, ele tinha fingido esquecer, mas depois apareceu no telhado como solicitado de qualquer maneira. Ele havia reconsiderado o aborrecimento que apareceria para ele se fingisse ter esquecido. Não era bem o certo dizer, mas ser lento e firme vence a corrida.

E ainda assim, quando ele foi imediatamente repreendido com um “Você está atrasado!” de Kamisato Saki, que tinha chegado lá primeiro, ele se arrependeu profundamente.

“Eu tive que fazer a limpeza.”

“E eu me importo?”

“Então, o que você quer.”

“Eu vou direto ao assunto”, com essa introdução, Saki olhou diretamente para ele, “se ele continuar com você, Azusagawa Sei-Lá-O-Que, Yuuma irá ter uma imagem ruim.”

“…” Ele tinha ouvido algo horrível, ela realmente tinha ido direto ao assunto. “Você sabe muito sobre mim por falar comigo pela primeira vez hoje.”

Ele respondeu monotonamente.

“Todo mundo sabe sobre o ‘incidente do hospital’.”

“Sim… o ‘incidente do hospital’.”

Sakuta repetiu vagamente, não parecendo interessado.

“Eu sinto muito por ele, então não fale mais com o Yuuma.”

“Por essa lógica, sinto pena de você agora; você deve estar com uma aparência horrível, não é?”

Havia outros estudantes no telhado e a visão deles foi atraída para Sakuta e Saki, que pareciam estar em desacordo. Havia pessoas mexendo em seus smartphones também, provavelmente gravando, o que era um incômodo.

“Estou bem, é pelo Yuuma afinal de contas.”

“Entendo, você é incrível, Kamisato-san.”

“Huh? Por que você está me elogiando?”

Ele na verdade estava provocando ela, mas aparentemente, o sarcasmo não foi compreendido.

“Bem, eu não acho que você precise se preocupar. Kunimi vai ficar bem. Ele não vai ficar com uma imagem ruim apenas por estar comigo. Ele é alguém que sempre diz que os almoços que própria mãe faz para ele são deliciosos e agradece por eles todos os dias; ele é um cara legal que entende atos de consideração desse tanto.” Yuuma sempre ria que alguém valorizaria a própria mãe se crescesse sem um pai, mas mesmo um idiota poderia dizer que não era assim tão simples, e definitivamente havia pessoas que iriam inutilmente refutar isso. “Então não se preocupe, Kunimi é um cara tão legal que está perdendo tempo com você, Kamisato-san.”

“Você está atrás de uma briga?”

“Eu irei brigar, mas não é você quem está atrás de uma, Kamisato?”

Provavelmente porque ele estava irritado, Sakuta esqueceu o ‘san’.

“E isso! Isso é irritante! Por que ele te chama pelo seu nome, mas ainda me chama pelo meu sobrenome, mesmo eu sendo a namorada dele?”

Ela se agarrou estranhamente àquela única palavra e de repente mudou de assunto. Ele ficou em silêncio, apenas pensando como se eu me importasse. Ele tinha recusado a ser vencido pelo amor dela. Mas as palavras que vieram aos seus lábios podem ter sido algo que ele não deveria ter dito.

“Kamisato, você está no seu período? Ficando com raiva disso.”

“O qu—!” Em um instante, o rosto de Saki ficou vermelho. “Por que vo—morra! Idiota! Morra! Apenas morra!”

Saki voltou para o centro do telhado, tendo perdido completamente sua compostura, e bateu a porta do telhado atrás dela.

Sakuta ficou para trás e, enquanto coçava a cabeça, disse. “…Porra, bem na mosca, huh?”

Sakuta ficou de pé na brisa do mar por um tempo antes de sair para casa, então ele não se encontrou acidentalmente com Kamisato Saki. Ele chegou às prateleiras de sapatos quando o céu tinha se tingido de vermelho.

Não havia mais ninguém que estivesse indo direto para casa, havia apenas estudantes participando de suas atividades de clube agora. As desertas prateleiras estavam silenciosas e as vozes que podiam ser ouvidas de vários membros dos clubes pareciam demasiadamente distantes. Ele tinha certeza de que ele era o único ali.

Ele possuía a estrada para a estação quase inteiramente para si mesmo também, e quando ele chegou na Estação Shichirigahama logo depois, a mesma estava vazia também. A pequena plataforma, que era cheia de alunos da Escola Secundária de Minegahara logo após o término das aulas, agora tinha apenas algumas pessoas nela.

Entre elas, Sakuta notou uma certa pessoa: uma aluna em pé, de maneira altiva, bem no final da plataforma. Ela tinha uma atmosfera sobre si que parecia recusar o contato com o que a cercava, e o fio para um par de fones de ouvido caíam languidamente de suas orelhas em um bolso do uniforme.

Era Sakurajima Mai. Seu rosto, iluminado pelo sol poente, era de algum modo apaticamente lindo e mesmo que apenas estivesse ali, ela certamente resultaria em uma pintura. Era o suficiente para fazê-lo sentir vontade de olhar para ela por um tempo… mas outro interesse moveu Sakuta agora.

“Olá.”

Ele falou coma ela quando se aproximou.

“…”

Não houve resposta.

“Olááá.”

Ele falou mais alto que antes.

“…”

Claro, não houve resposta. Mas de alguma forma parecia como se ela tivesse notado a presença de Sakuta.

Esperando o trem na plataforma silenciosa estavam Sakuta, Mai e três outros estudantes de Minegahara. Então, um casal na forma de estudantes universitários fazendo turismo chegou e mostrou o seu bilhete diário “Noriori-kun4” para o atendente da estação.

O casal chegou ao centro da plataforma e notou Mai pouco tempo depois.

“Hey, aquela é?”

“Tem que ser, certo?”

Ele podia ouvi-los sussurrar um ao outro enquanto apontavam. Talvez Mai não tenha notado, visto que ela continuava a encarar os trilhos.

“Hey, pare com issoooo~”

A voz da mulher não parecia nem mesmo um pouco estar tentando pará-lo. A conversa lúdica do casal era inevitavelmente desagradável para os ouvidos na silenciosa plataforma. Quando Sakuta não aguentou mais e se virou para eles, o homem apontava seu smartphone para Mai.

Pouco antes do obturador ser disparado, Sakuta entrou na frente do quadro, e quando o obturador disparou, era definitivamente um close-up de Sakuta que havia sido capturado.

“Que diabos!?”

Mesmo que ele tenha ficado surpreso por um momento, o homem veio para a frente confiantemente. Ele provavelmente não poderia se deixar ser exposto por um colegial.

“Eu sou um humano.”

Ele respondeu com uma expressão séria, e ele certamente não estava errado.

“Huh?”

“E você é um tarado então?”

“O qu! N-não!”

“Você não é uma criança, então pare de ser estúpido, cara. Apenas observar você é vergonhoso como um ser humano. ”

“Eu disse que não estava fazendo isso!”

“Você ia twittar a foto e se gabar, certo?”

“!?”

Sakuta estava certo na mosca pelo jeito, visto que o rosto do homem estava cheio de raiva e vergonha.

“Se você quer atenção, eu posso tirar uma foto sua e fazer upload da mesma com ‘eu sou um tarado’ se você quiser?”

“…”

“Você foi informado na escola primária, certo? ‘Trate os outros como você quer ser tratado’.”

“C-cale-se, idiota!”

Finalmente, depois de dizer isso, o homem foi guiado pela mão da namorada para o trem com destino a Kamakura. Os trens nesta estação paravam na mesma plataforma fosse qualquer direção que seguiriam, porque a estação só tinha um único conjunto de trilhos.

Enquanto observava placidamente o trem sair, Sakuta sentiu um olhar em suas costas. Ele lentamente se virou quando Mai estava cansadamente removendo seus fones de ouvido. Seus olhos se encontraram e ela falou.

“Obrigada.”

“Eh?”

Sakuta soltou um som de surpresa pela reação inesperada de Mai.

“Você achou que eu estaria com raiva e diria a você ‘não faça coisas sem sentido’.”

“Eu achei.”

“Estou me contentando com apenas pensar nisso.”

“Eu preferia que você não dissesse isso também.”

Ele não achava que ela estava se contentando de fato quando ela imediatamente disse isso.

“Estou acostumada com isso.”

“Isso deve ser irritante mesmo se você estiver acostumada com isso.”

“…”

Talvez ela não esperasse essas palavras, porque os olhos de Mai mostraram uma pequena surpresa.

“Irritante… realmente é.”

Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela como se estivesse apreciando algo.

Sentindo que ele poderia falar com ela agora, Sakuta ficou ao lado dela. Mas a primeira a falar foi Mai.

“Por que você está aqui tão tarde?”

“Uma menina da minha turma me chamou para o telhado.”

“Uma confissão? Você é surpreendentemente popular.”

“Foi uma confissão de ódio, embora”.

“O que é isso?”

“Foi dito pessoalmente a mim “eu realmente te odeio”.

“Isso está muito na moda recentemente.”

“Ao menos, é a primeira vez que eu experimento isso. E você, Sakurajima-senpai, por que você está aqui tão tarde?”

“Eu estava perdendo tempo para que não encontrasse você.”

Ele não podia dizer se ela estava falando sério ou brincando a partir de seu rosto. Decidindo que ele odiaria se ele checasse e ela estivesse falando sério, Sakuta decidiu não perguntar, e olhou para o horário para mudar de assunto.

“Que horas são exatamente?”

“Você não tem um relógio?” Ele puxou as mangas para cima e mostrou seus pulsos vazios. “Então verifique seu telefone.”

“Eu não tenho um.”

“Você quer dizer um smartphone?”

“Eu não tenho telefone ou smartphone, não quero apenas dizer que esqueci hoje também.”

Ele não só não havia trazido, ele simplesmente não tinha um.

“…Mesmo?”

Mai olhou para ele incrédula.

“Mesmo mesmo. Eu costumava usar um, mas fiquei irritado e o joguei no mar. ”

Ele ainda se lembrava bem disso. Foi o dia em que tinha ido ver os resultados dos exames de entrada da Escola Secundária de Minegahara…

Ele pesava cerca de 120 gramas. Aquele conveniente dispositivo de telecomunicações que poderia se conectar ao mundo inteiro havia deixado sua mão, tracejando uma graciosa parábola para o mar.

“Jogue entulhos no lixo.”

Ela repreendeu-o, naturalmente.

“Eu vou fazer isso da próxima vez.”

“Você não tem amigos, certo?”

Você não poderia sair com amigos se não fosse alcançável por um telefone… era assim como o mundo era hoje. A declaração de Mai estava correta, trocar números, endereços de e-mail e IDs era o primeiro passo em direção à amizade, por isso, não ter nenhuma dessas coisas significava que ele falhara em seguir essas regras da sociedade. No pequeno mundo da escola, aqueles que não podiam seguir essas regras eram deixados de fora desde o início. Então, graças a isso, era difícil para ele fazer amigos.

“Eu tenho dois amigos exatamente.”

“Você ainda tem dois amigos?”

“Dois amigos são mais que suficientes, eu acho. Eles só precisam ser amigos para toda a vida.”

A lógica de Sakuta era que os algarismos dos números de telefone, e-mails e IDs armazenados em seu telefone eram insignificantes, e ter muitos não era bom. Além disso, havia o problema… onde você desenhava a fronteira de ‘amigo’? Sakuta colocava esse nome no tipo de relacionamento onde, mesmo se você ligasse para eles no meio da noite, eles relutantemente conversariam com você.

“Hmmmm.”

Mesmo quando ela fez ruídos educados enquanto escutava, Mai pegou seu smartphone do bolso, ele tinha uma capa vermelha com orelhas de coelho. Ela mostrou a tela para Sakuta, e o horário 16:37 foi exibido nela. O trem chegaria em pouco tempo. Assim que ele pensou nisso, o telefone começou a vibrar em resposta a uma chamada recebida.

“Empresária” estava escrito na tela que ele estava olhando. Mai colocou o dedo no botão de rejeição e a vibração parou.

“Está tudo bem em fazer isso?”

“O trem está chegando… e eu sei o que ela quer, quer eu responda ou não.”

Pode ter sido sua imaginação, mas ela parecia irritada com as últimas palavras.

O trem com destino a Fujisawa parou lentamente na plataforma.

Ele entrou no trem pela mesma porta que Mai, e eles se sentaram em assentos vazios adjacentes.

As portas se fecharam e o trem se avançou lentamente. Havia um bom número de passageiros e cerca de oitenta por cento dos assentos estavam cheios, com várias pessoas em pé.

Duas estações passaram em silêncio, o mar desapareceu e o trem estava atravessando o centro da área residencial.

“Sobre ontem.”

“Eu te aconselhei a esquecer isso ontem.”

“Você estava sexy demais naquela roupa de coelho, Sakurajima-senpai, não tem como eu esquecer aquilo.” Ele soltou um bocejo controlado. “Graças a isso eu estava excitado ontem à noite e não dormi nada”.

Ele olhou reprovadoramente para Mai.

“H-hey! Não me imagine e faça coisas estranhas.”

Em vez do olhar enojado e das palavras desdenhosas que ele esperava, o rosto de Mai ficou vermelho e ela entrou em pânico. Ela olhou para ele como se para lidar com seu constrangimento. Foi realmente uma ação adorável. Mas, quando ela ocultou seu desconforto, ela deu uma desculpa para manter as aparências.

“E-eu estou bem com um garoto mais novo imaginando coisas pervertidas comigo.” As bochechas dela ainda estavam escarlates, e era óbvio que ela estava blefando. Sua aparência adulta talvez contradissesse a sua inesperada inocência. “Você se afastaria um pouco?”

Mai empurrou o ombro de Sakuta como se estivesse limpando algo sujo.

“Uwaahh, isso dói.”

“Eu vou ficar grávida.”

“Como vamos chamar o bebê?”

“Você…” o olhar de Mai se endureceu, parecia que ele tinha se envolvido demais em algo que não pretendia. “Eu não estava dizendo para você esquecer minha roupa…”

“Então o que foi aquilo ontem?”

“Ei, Azusagawa Sakuta-kun.”

“Você se lembrou do meu nome.”

“Eu me certifico de lembrar os nomes quando os ouço.” Era uma atenção que ele gostaria de aprender. Ela provavelmente cultivou isso enquanto trabalhava no show business, ou parecia ter sido assim. “Eu ouvi os rumores sobre você.”

“Rumores… huh.”

Ele podia adivinhar o que eles eram, assim como ele poderia adivinhar porque ele tinha sido chamado para o telhado.

“Tecnicamente falando, eu os vi em vez de ouvi-los.” ​​Assim dizendo, Mai pegou seu smartphone novamente e abriu um quadro de avisos. “Você foi para o ensino fundamental em Yokohama.”

“Está certa.”

“E você teve uma explosão violenta e mandou três colegas para o hospital.”

“Sou surpreendentemente habilidoso em lutas.”

“E por causa disso, embora você fosse para o ensino médio lá, você se mudou para cá e prestou os exames secundários para a Escola Secundária de Minegahara.”

“…”

“Havia muitas outras coisas, devo continuar?”

“…”

“Alguém disse ‘trate os outros como você quer ser tratado’ mais cedo.”

“Isso não é realmente algo para se intrometer, mas pelo contrário, eu estou honrado que você esteja tão interessada em mim.”

“A internet é incrível, muita informação pessoal como esta está disponível.”

“Isso é verdade.”

Ele respondeu sem rodeios.

“Bem, não há garantia de que o que está escrito é verdade”.

“O que você acha, Senpai?”

“É óbvio se você pensar um pouco sobre isso. Não há como uma pessoa que fez algo tão grande ir à escola como se nada tivesse acontecido.”

“Eu gostaria que você contasse isso aos meus colegas.”

“Se eles estão errados, diga-lhes você mesmo.”

“Rumores são como a atmosfera. A ‘atmosfera’ naquele ‘tipo de atmosfera’… O tipo de ‘atmosfera’ que você tem que ler.”

“Apenar por falhar em lê-la faz com que você seja maltratado… E você sabia, aqueles que criam essa atmosfera não estão envolvidos com isso, então se eu explicar a verdade, provavelmente isso acabaria em uma piada dizendo ‘O que é isso? Estúúúpido’.” Ele não estaria lutando contra as pessoas à sua frente, então mesmo que ele dissesse algo não haveria nenhuma resposta. E ainda, se ele fizesse alguma coisa, haveria uma reação concentrada de algum outro lugar. “E lutar contra a atmosfera é ridículo.”

“Então você está deixando o mal-entendido como está e desistindo sem nem mesmo tentar.”

“De qualquer forma, está tudo bem, não estou tão confiante de que seria capaz de ser amigo daqueles caras simplórios que simplesmente acreditam em rumores e postagens sem pensar nada sobre ou saber quem os criou.”

“Essa é uma maneira rancorosa de dizer isso.”

O sorriso de Mai assumiu um tom de simpatia.

“É a sua vez, Senpai.”

“…”

Mai olhou de maneira infeliz para Sakuta por um momento, mas depois de ter ouvido falar das circunstâncias de Sakuta, ela abriu a boca em derrota.

“Eu notei no primeiro dia dos quatro feriados.” Em outras palavras, quatro dias antes, no dia 3 de maio, o Dia Memorial da Constituição. “Eu fui para o aquário em Enoshima por um capricho.”

“Sozinha?”

“Isso é um problema?”

“Eu só queria saber se você tinha um namorado.”

“Eu nunca tive um.”

Mai franziu os lábios desinteressadamente.

“Hehhh.”

“Existe um problema em eu ser virgem?”

Mai olhou para Sakuta, provocantemente.

“…”

“…”

Seus olhares se encontraram. Mai ficou vermelha instantaneamente, vermelho puro, até ao pescoço. Aparentemente ela estava envergonhada com a palavra ‘virgem’, mesmo que ela tenha começado isso.

“Ahh, eu tenho uma regra de não me preocupar com esse tipo de coisa.”

“C-certo… de qualquer maneira! Eu notei que ninguém estava olhando para mim naquele aquário, que estava cheio de famílias.”

A expressão levemente mal-humorada de Mai a fez parecer mais jovem e adorável. Porque ele só tinha visto a aparência adulta dela antes, isso foi uma experiência nova de várias maneiras. Se ele apontasse isso, ele descarrilaria a conversa novamente, então Sakuta manteve isso em mente.

“Eu pensei que era apenas minha imaginação no começo. Já faz dois anos desde que eu estava ativa, e todo mundo estava distraído com os peixes.” O tom da voz dela ficou lentamente e cada vez mais sério. “Mas ficou claro quando entrei num café a caminho de casa. Ninguém me recebeu e eu não fui conduzida a um assento.”

“Era um self-service?”

“Era uma cafeteria tradicional, com assentos nos balcões e apenas quatro em cada mesa.”

“Então você foi lá no passado e foi banida?”

“Não tem como ser isso.”

A bochecha de Mai mudou de raiva e ela pisou no pé de Sakuta.

“Senpai, seu pé.”

“O que tem o meu pé?”

Mai perguntou seriamente, realmente agindo como se ela não soubesse, ele realmente refletiu ali que ela era uma profissional.

“Nada, eu apenas estou feliz por você estar pisando em mim.”

Ele quis dizer isso como uma piada, mas Mai recuou e se afastou de Sakuta tanto quanto ela podia, no mesmo momento que o homem que estava sentado ao lado dela desceu do trem.

“É uma piada.”

“Eu senti pelo menos um pouco de seriedade.”

“Bem sim, como homem, estou feliz de ter uma linda senpai se importando comigo.”

“Certo, certo, eu estou continuando agora, então fique quieto. Onde eu estava?”

“Você estava falando sobre como foi banida de um café.”

“Você vai me deixar com raiva.” O olhar de Mai ficou afiado com isso, e não importava como ele olhasse, ela já parecia zangada. Para mostrar seu pedido de desculpas, Sakuta fez um movimento de fechar um zíper em sua boca, e Mai continuou com uma expressão infeliz. “Mesmo quando falei com os funcionários, eles não responderam e nenhum dos outros clientes me notou também. Obviamente fiquei surpresa, então corri de volta para casa.”

“Quão longe?”

“Para Fujisawa. Mas nada aconteceu quando cheguei lá. Todo mundo olhou para mim como normalmente ficariam surpresos em ver “Sakurajima Mai”. Então eu pensei que realmente tinha sido minha imaginação, mas… eu estava curiosa, então comecei a investigar se isso acontecia em outros lugares.”

“E essa coisa de coelhinha?”

“Nessa roupa, se as pessoas pudessem me ver, elas iriam olhar tanto que não haveria espaço para dúvidas.”

Isso estava exatamente correto, a reação de Sakuta naquele dia provou a eficácia disso.

“Então, por outros lugares… a mesma coisa aconteceu em Shonandai então…”

“Isso mesmo, agora eu só estou esperando até que eu fique invisível para o mundo todo.” Por algum motivo, ela olhou reprovadoramente para Sakuta. “Tudo estava normal na escola hoje… até agora.”

Mai indicou indiretamente a porta interna, onde um aluno com uniforme de outra escola estava checando seu telefone e lançando olhares para eles. Claro, a mira dele não era Sakuta, mas sim Mai.

“Parece que você está se divertindo Senpai, mesmo que você esteja tendo uma experiência tão estranha.”

Sakuta deu suas impressões francas, Mai não parecia estar particularmente triste com isso.

“Bem sim, isso é divertido.”

“Você está sã?”

Ele virou um olhar questionador para ela, não entendendo o que ela queria dizer.

“Eu sempre fui o centro das atenções, não é? Vivendo sob os olhares dos outros. Então, quando eu era pequena, fiz um desejo de poder ir a um mundo onde ninguém me conhecesse.”

Ela não parecia estar mentindo, mas mesmo se o que ela dissera fosse uma atuação, havia razões suficientes para acreditar nela. Ela era uma atriz que tinha tido a capacidade de se tornar uma verdadeira atriz depois de ter sido uma atriz infantil.

Enquanto eles conversavam, Sakuta notou que os olhos dela se moveram em direção a um dos anúncios pendurados no trem. Era um anúncio de uma adaptação de um romance em um filme. A atriz principal era uma mulher popular que havia sido promovida recentemente, e ele achou que ela era da mesma idade que Mai. Ela provavelmente tinha as tendências no mundo do showbiz em sua mente, ou talvez ela estivesse nostálgica? Não, ele tinha a sensação de que não era isso. Ele pensou que os olhos de Mai, que pareciam estar olhando para algum mundo distante, tinham alguma emoção ardendo neles. Colocando de outra forma, parecia ser algum tipo de arrependimento ou apego.

“Senpai?”

“…”

“Sakurajima-senpai?”

“Eu posso ouvir você.” Depois de um piscar de olhos, Mai olhou de soslaio para Sakuta. “Estou feliz com esta situação. Então não interfira.”

“…”

Antes que percebessem, o trem havia chegado à plataforma final da Estação Fujisawa, as portas se abriram e Sakuta apressadamente seguiu Mai, que saíra primeiro.

“Se você entende o quão estranha eu sou agora, tudo bem.”

“…”

“Não associe mais comigo.”

Mai falou sem rodeios e saiu em disparada pelo portão de passagem, e continuou, abrindo a distância entre ela e Sakuta depois que eles se separaram.

Ele seguiu a figura em partida dela, porque esse era seu caminho para casa de qualquer maneira, passando pelo corredor do prédio da JR (Japan Railways) na estação.

Mai estava em frente a um armário operado por moedas em um canto e pegou um saco de papel. Ele pensou nisso e ela então saiu apressada para uma barraca de padeiro.

“Um bolinho de creme por favor.”

Ela chamou a mulher que cuidava da barraca. Não houve reação, como se a mulher não pudesse ouvi-la.

“Um bolinho de creme por favor.”

Mai repetiu seu pedido. Mas, é claro, a mulher não reagiu. Como se ela não pudesse vê-la, a mulher pegou uma nota de mil ienes do funcionário de escritório que havia chegado depois, e como se não pudesse ouvi-la, entregou um pão de melão para uma garota do ensino fundamental.

“Com licença, um bolinho de creme por favor.”

Sakuta aproximou-se de Mai e falou em voz alta para a mulher.

“Aqui, um bolinho de creme.”

Sakuta entregou 130 ienes pelo saco de papel que ela passou por cima do balcão. Ele se afastou da bancada e entregou o pacote para Mai, que olhou envergonhada para o chão desconfortavelmente.

“Você realmente não se incomoda?”

“Estou incomodada por não poder comer os bolinhos de creme daqui.”

“Certo.”

“Mas … Você acredita nas coisas loucas que eu tenho dito?”

“Como devo dizer, eu sei sobre esse tipo de coisa.”

“…”

“É a Síndrome da Adolescência.”

As sobrancelhas de Mai se ergueram de surpresa. Ele não tinha ouvido falar de alguém tornar-se invisível, mas havia muitos rumores de ‘ser capaz de ler mentes’, ‘ver o futuro’, ‘trocar corpos com alguém’ e outras ocorrências misteriosas assim, e se você olhasse nesses tipos de fórum de discussão, haveria muitos outros.

Psicólogos normais assumiam que isso era um sinal de instabilidade e ignoravam isso completamente. Especialistas autoproclamados chamavam isso de um novo tipo de ataque de pânico causado pela sociedade moderna, e os comuns e entretidos grupos de pessoas que monitoram os pensamentos dos outros tinha opiniões como ‘é um tipo de hipnotismo em grupo’.

Havia também pessoas que a chamavam de uma doença da mente provocada pelo estresse causado pela lacuna entre um mundo desumano e o ideal de uma pessoa. O único ponto em comum era que ninguém levava a sério. A maioria dos adultos ignorava isso como ‘apenas sua imaginação’.

Entre essa troca irresponsável de ideias, embora ele não soubesse quem as havia dito, as estranhas ocorrências como o que estava acontecendo com Mai passaram a ser chamadas de “Síndrome da Adolescência”.

“A Síndrome da Adolescência não é uma lenda urbana comum?”

Mai estava exatamente certa, era uma lenda urbana. Normalmente, ninguém acreditaria e todos teriam tido a mesma reação que Mai. Mesmo que eles mesmos tivessem experimentado algo estranho, eles pensariam que era a imaginação deles e não aceitariam isso, porque eles estavam vivendo em um mundo onde essas coisas não deveriam acontecer. Mas Sakuta tinha uma base inegável para sua crença.

“Há algo que eu quero te mostrar, então você vai acreditar que eu acredito em você, Senpai.”

“Algo que você quer me mostrar?”

Mai franziu as sobrancelhas para Sakuta em suspeita.

“Você viria comigo um pouco?”

Depois ela pensou sobre a sugestão dele por um tempo antes de concordar e dizer baixinho.

“…Certo.”

⟡ ⟡ ⟡

Sakuta tinha trazido Mai para a esquina de uma rua residencial, a cerca de dez minutos a pé da estação.

“Onde estamos?”

Mai estava olhando para um bloco de apartamentos de sete andares.

“Minha casa.”

Um olhar de desconfiança e suspeita o apunhalou pelo lado.

“Eu não vou fazer nada,” ele disse, e acrescentou em voz baixa, “provavelmente”.

“Você acabou de dizer algo, não é?”

“Eu disse que se você me seduzir, eu não tenho certeza se vou conseguir me controlar.”

“…”

A boca de Mai ficou no formato de uma linha reta.

“Oh, você está preocupada, Senpai?”

“P-preocupada? Eu?”

“Sua voz está traindo você.”

“E-Entrar no quarto de um garoto mais novo não é nada para mim.”

Soltando um suspiro, Mai caminhou rapidamente até a entrada, e resistindo a uma risada, Sakuta seguiu imediatamente e ficou ao lado dela.

Eles usaram o elevador para subir cinco andares, e a terceira porta à direita era onde Sakuta morava.

“Estou em caaasa.”

Não houve resposta ao grito dele na entrada. Normalmente, sua irmã Kaede o teria emboscado, mas ele tinha voltado para casa em um horário incomum hoje, então ela provavelmente estava emburrada, ou talvez apenas dormindo, ou se concentrando em ler e não tinha notado sua volta.

“Pode entrar.”

Ele convidou Mai, que estava de pé de maneira rígida na entrada e com os sapatos ainda calçados.

Eles entraram e foram direto para o quarto de Sakuta. Mai pôs a mochila e o saco de papel que carregava em um canto, depois abaixou-se para se sentar na cama. Quando Sakuta deu uma olhada no saco de papel, ele viu orelhas de coelho, ela provavelmente estava planejando ser uma coelhinha selvagem em algum outro lugar.

“Hmmm, está limpo.”

Mai deu uma opinião cansada depois que ela olhou ao redor do quarto dele.

“Eu simplesmente não tenho muitas coisas para deixar jogado por aí.”

“Isso é o que parece.”

A única mobília era uma escrivaninha, uma cadeira e uma cama, fora isso o quarto estava vazio.

“Senpai, você—”

“Hey.”

Mai o interrompeu.

“O que foi?”

“Pare de me chamar de ‘Senpai’, não me lembro de me tornar sua senpai.”

“Sakurajima-san?”

“Meu sobrenome é muito longo.”

“Então, Mai… ack!”

Mai tinha agarrado a gravata e puxado-o para baixo.

“Use ‘san’.”

“Pensar que você seria tão ousada…”

“Eu odeio pessoas indelicadas”.

Por um instante havia uma atmosfera tensa causada pela Mai. Não havia espaço para brincar sobre isso. Esse senso de valores, que parecia rígido à primeira vista, certamente era algo cultivado no mundo do showbiz.

“Então, Mai-san.”

“Azusagawa não combina com você, então eu irei te chamar de Sakuta-kun”. Que tipo de imagem de ‘Azusagawa’ possuía Mai? “Bem então, o que você quer me mostrar, Sakuta-kun?”

“Se você não me soltar, eu não poderei.”

A mão de Mai de repente voou da gravata dele. Sakuta levantou-se e afrouxou-a, depois desabotoou a camisa e naturalmente a removeu junto com a camiseta que ele estava usando por baixo, ficando seminu.

“P-por que você está tirando a roupa!?” Mai gritou e desconfortavelmente olhou para longe. “V-você disse que não faria nada. Lascivo! Pervertido! Exibicionista!”

Lançando vaias para ele, Mai lentamente voltou seu olhar para Sakuta. E então, solte um ‘ah’ de pura surpresa.

Havia três cicatrizes vívidas esculpidas no peito dele. Parecia que ele havia sido arranhado por uma enorme fera e cortado do ombro direito para o lado esquerdo. Elas eram como uma enorme minhoca em seu peito, e no momento em que as viu, Mai percebeu que elas eram incomuns. Nem mesmo ser atacado por um urso resultaria nisso. Parecia que ele tinha sido ferido por uma escavadeira. Mas, infelizmente, Sakuta nunca havia lutado contra uma escavadeira.

“Você foi atacado por um mutante?”

“Eu não sabia que você era interessada em quadrinhos americanos, Senpai.”

“Eu só assisti aos filmes.”

“…”

“…”

Mai olhou fixamente para as cicatrizes.

“Elas são reais.”

“Você acha que eu sou o tipo de idiota que faria esse tipo de maquiagem?”

“Posso tocá-las?”

“Vá em frente.”

Mai se levantou e estendeu sua mão, colocando suavemente a ponta do dedo na abertura da ferida no ombro dele.

“Ah.”

“Hey, não faça sons estranhos”.

“Eu sou sensível ai, então seja gentil, por favor.”

“Assim?”

O dedo de Mai traçou ao longo da cicatriz.

“Isso é muito bom.”

Sem mudar sua expressão, Mai beliscou o estômago dele.

“Ow, ow! Me solte!”

“Parece que você está gostando.”

“Isso realmente dói!”

Talvez ela pensasse que era sem sentido, visto que Mai o soltou.

“Então, como isso aconteceu?”

“Ah, eu realmente não sei.”

“Huh, o que você quer dizer? Não era isso que você queria me mostrar?”

“Não, isso não importa, não se preocupe com isso.”

“Claro que isso me preocupa. Além disso, se não, por que você se despiu?”

“É um hábito se trocar logo depois que eu chego em casa, então não pude evitar.”

Assim que ele explicou, Sakuta estendeu a mão para sua gaveta trancada e pegou uma foto dele antes de entregá-la para Mai.”

“É isso.”

“…!?” No momento em que os olhos dela se voltaram para a foto, eles se abriram de surpresa. Sua expressão logo ficou séria, e ela procurou por uma explicação de Sakuta. “O que é isso?”

Estava retratado uma garota do ensino fundamental. Seus braços estavam à mostra com o uniforme de verão, e esses junto com as pernas, estavam cobertos de hematomas e cortes dolorosos.

“Minha irmã, Kaede.”

Sakuta sabia que o estômago e costas dela, cobertos pelo uniforme, eram os mesmos.

“…Ela foi agredida?”

“Não, ela apenas sofreu bullying na internet.”

“…Eu não entendo o que você está dizendo.”

Isso era compreensível, a maioria das pessoas teria essa reação pelo fato da irmã dele ter sofrido bullying.

“Ela deixou uma mensagem lida sem responder, e a ‘líder’ de sua classe a odiou. Então suas colegas escreveram coisas como ‘você é a pior’, ‘morra’, ‘você é nojenta’, ‘você é irritante’ e ‘não venha para a escola’ na rede social que elas usavam.” Sakuta desabotoou seu cinto enquanto ele falava. “E então um dia, isso aconteceu com o corpo dela.”

“Mesmo?”

“No começo achei que alguém a tinha agredido também. Mas ela já não ia à escola e não saía. Eu realmente pensei que Kaede poderia estar se atormentando com isso.”

Ele tirou as calças e pendurou-as nas costas da cadeira para não se amassarem.

pessoas que pensam que estão erradas por sofrerem bullying e se culpam por isso.”

De alguma forma, Mai estava olhando em outra direção.

“Eu queria saber o que estava acontecendo, então matei aula e fiquei com ela.”

“Hey, antes de você continuar?”

“O que é?”

“Sério, por que você está se despindo.”

Ele olhou para seu reflexo na janela, ele estava apenas usando um par de roupas íntimas. Não, ele estava usando meias também.

“Eu te disse, é um hábito de se trocar quando eu chego em casa.”

“Então se apresse e se vista!”

Ele abriu o guarda-roupa e procurou por uma troca de roupas. Enquanto ele fazia isso, ele continuou falando.

“Umm, onde eu estava?”

“Você matou aula e estava com sua irmã.”

“No momento que Kaede olhou para a rede social, novas feridas apareceram em seu corpo. Suas coxas se abriram de repente, e até mesmo jorrou sangue… Cada vez que ela via um post, ela se machucava e elas continuavam se acumulando.”

Quase parecia que as feridas no coração dela foram cortadas em seu corpo.

“…” Mai se preocupou em como aceitar isso. “…É difícil acreditar tão de repente, mas não há motivos para ir tão longe a ponto de fazer essa foto para uma história inventada.”

Tirando a foto de Mai, Sakuta a colocou de volta na mesa e trancou a gaveta.

“Essas cicatrizes são da mesma época.” Ele assentiu com a cabeça ligeiramente. “Um ser humano não as fez.”

“Eu não tenho ideia do que as causou. Eu acordei coberto de sangue e fui levado para o hospital… Eu pensei que ia morrer.”

“Poderia isso ter sido o incidente do hospital?”

“Sim, eu fui enviado para o hospital.”

“É completamente o oposto, você realmente não pode confiar em rumores.”

Mai soltou um suspiro e sentou-se novamente.

Então a porta se abriu e Nasuno, um gato de chita, entrou no quarto com um miado. E atrás—

“Onii-chan, você está… aqui?”

—Kaede espiou da porta com seu pijama.

“Eh?”

Ela soltou um som de confusão.

No quarto de Sakuta, ela podia ver seu irmão de cueca, e uma mulher mais velha sentada na cama.

“…”

“…”

“…”

10

Os três ficaram em silêncio e seus olhares se encontraram por um momento, com apenas Nasuno divertidamente rolando sobre os pés de Sakuta.

Kaede foi a primeira a agir.

“E-Eu sinto muito!”

Assim que ela se desculpou, ela saiu do quarto por um momento mas logo espiou pela fresta, e depois de olhar entre os outros dois, chamou Sakuta.

“O que?”

Sakuta pegou Nasuno e respondeu, parado na frente da porta. De pé na ponta dos pés, Kaede escondeu sua boca com as duas mãos e sussurrou no ouvido dele.

“S-Se você for chamar uma dama da noite, me avise primeiro!”

“Kaede, você está seriamente entendendo errado as coisas.”

“O que mais poderia ser isso além de você se divertindo com o fetiche de uniforme com uma prostituta?”

“Onde diabos você aprendeu sobre isso?”

“No livro que li há cerca de um mês, havia uma garota que trabalhava nessa indústria, ela era uma garota adorável que guiava homens deploráveis ​​ao Nirvana.”

“Bem, embora a explicação varie entre as pessoas, você normalmente não veria isso e acharia que seu irmão trouxe a namorada para casa?”

Ele pensou que isso seria uma suposição muito mais natural, mas…

“Eu não quero imaginar o pior caso assim.”

“O pior caso, irmãzinha?”

“O pior caso, do tanto que a Terra seria destruída.”

“Certo, então eu vou arrumar uma namorada e destruir a Terra!”

“Hey, já podemos continuar?”

Ele se virou para o quarto quando Mai o chamou, e Kaede aproveitou a oportunidade para se agarrar às costas dele. Ambas as mãos dela estavam em seu ombro enquanto ela se escondia atrás dele, espiando Mai de vez em quando. Mas porque ela era alta, ela não conseguia realmente se esconder. Ser vista pela Mai era simplesmente demais.

“Onii-chan, ela não está aplicando um golpe em você, não é?”

“Ela não está.”

“Você não prometeu ir ver pinturas?”

“Eu não.”

“Ela é—”

“Ela não é, relaxe. Ela não faz encontros pagos, ela é uma senpai da escola.”

“Eu sou Sakurajima Mai, prazer em conhecê-la.”

Kaede voltou atrás de Sakuta quando Mai se dirigiu a ela, como um pequeno animal confrontado por um carnívoro. Então, ela colocou a boca nas costas dele e disse algo através das vibrações.

“Uh, isso foi ‘Prazer em conhecê-la, eu sou Azusagawa Kaede’.”

“Certo.”

“‘Este é Nasuno.’ Foi desta vez.”

Ele mostrou o gato em seus braços para Mai, onde este soltou um miado e se inclinou de maneira relaxada.

“Obrigado por me dizer.”

Kaede mostrou seu rosto em resposta às palavras dela, mas depois roubou Nasuno dos braços de Sakuta e saiu correndo do quarto como um coelho em fuga, e a porta se fechou de maneira barulhenta atrás dela.

“Desculpe por isso, ela é muito tímida, então perdoe-a.”

“Não se preocupe com isso e diga isso a ela também. Estou feliz que os ferimentos dela parecem ter sarado devidamente.”

Estranhamente, até as cicatrizes tinham curado. Ele realmente estava feliz com isso, ela era uma garota depois de tudo. E ainda, ainda havia a questão do porquê que as cicatrizes de Sakuta permaneceram, mas… isso não era o que eles estavam pensando sobre, então ele se concentrou em Mai, que se recostou em suas mãos e cruzou as pernas.

“Mas é uma rara garota que não me conhece.”

“Bem… ela não assiste muita TV.”

“Hmmm.”

Ela tinha uma expressão vaga, como se ela não concordasse.

“Então, voltando ao ponto… Mai-san, quão séria você estava quando disse ‘eu quero ir a um mundo onde ninguém me conhece’, o quão séria você estava?”

“Cem por cento.”

“Mesmo?”

“…Tem vezes que eu penso assim, mas quando eu não posso comer bolinhos de creme, isso acaba sendo um problema em si, e eu penso assim.”

Mai pegou o bolinho, segurou-o com as duas mãos e deu uma pequena mordida.

“Eu estava te perguntando seriamente.”

“…” Mai mastigou, e depois de cerca de dez segundos, engoliu e respondeu. “Eu estava respondendo seriamente, o humor muda com o tempo, certo?”

“Bem, eu acho que sim.”

“Então, eu tenho uma pergunta, por que você me perguntou isso?”

Os olhos de Sakuta olharam para a porta, para Kaede que já havia saído.

“No caso da Kaede, removê-la da internet resolveu mais ou menos as coisas.”

Ela não podia ver as redes sociais, ou postar num fórum de discussão, ou usar conversas em grupo. Ele havia cancelado o contrato do smartphone da Kaede e o jogado no mar, e não havia nem mesmo um computador nesta casa.

“‘Mais ou menos’, huh?”

“O médico disse que era o mesmo que as pessoas que pensavam que o estômago doía, então realmente começava a doer. No final, eles decidiram que as próprias feridas foram infligidas pela própria Kaede…”

Sakuta não concordou com tudo o que o médico tinha dito, mas havia partes da explicação que ele poderia concordar. Ser insultada por seus amigos iria rasgar o coração dela, e isso apareceria em seu corpo. Não havia mais nada que você pudesse pensar ao ver Kaede, e a sensação de o estado mental dela estar influenciando seu corpo físico era compreensível. Todo mundo teve experiências como… se sentir mal e ficar doente, sentir que vomitaria ao ver comida de que não gostava, ou se sentir enjoado ao redor de uma piscina.

Então, embora o escopo fosse completamente diferente, “pensar que o estômago dela doía e assim por diante” soou relevante para Sakuta.

“E então?”

“A questão é que a razão pela qual ela foi ferida foi por causa das suposições de Kaede.”

“Eu entendi. Então você está dizendo que isso tem algo a ver com a minha situação?”

“Afinal, Mai-san, você está fazendo o papel da ‘atmosfera’ na escola, não é?”

“…”

A expressão de Mai não mudou, e mesmo quando ela mostrou um pouco de interesse, seus olhos simplesmente disseram ‘então?’, friamente pedindo que Sakuta continuasse. Pessoas comuns não conseguiriam aguentar isso.

“Bem, então para a situação não piorar, acho que você deveria voltar ao show business.”

Sakuta rapidamente desviou o olhar e tentou dizer isso levemente. Não havia necessidade de fazer uma estranha barganha, mesmo que eles estivessem lutando na mesma arena, ele não teria chance de ganhar.

“Por que isso?”

“Se você se destacar na TV, não importa o quão bem você se faça de atmosfera, as pessoas não poderão ignorá-la, assim como antes de sua pausa.”

“Hmmm.”

“E eu acho que você ser capaz de fazer o que você quer seria ótimo também.”

Sakuta disse, enquanto olhava para ela para julgar sua reação.

“…” As sobrancelhas de Mai se moveram em surpresa, era a menor mudança a qual você não teria visto sem olhar com cuidado. “E o que seriam essas coisas que eu quero fazer?”

O tom dela ainda era franco.

“Retornar ao show business.”

“Quando eu disse uma coisa dessas?”

Mai soltou um suspiro e pareceu enojada, mas Sakuta achou que era uma atuação.

“Se você não está interessada, por que você estava olhando com inveja para aquele anúncio no trem?”

Sakuta interrompeu imediatamente.

“É um romance que eu gosto, então eu estava apenas um pouco interessada”.

“Você não queria atuar como a heroína?”

“Você é obstinado, Sakuta-kun.”

Mai deu um sorriso relaxado, a máscara dela não quebrara. Mesmo assim, Sakuta continuou sem desistir.

“Acho que é bom ter algo que você quer fazer. Você tem a habilidade e você tem o histórico. Além disso, você tem sua empresária querendo que você volte, então qual é o problema?”

“…Não tem nada a ver com ela.” Ela falou baixinho, mas as palavras foram controladas, com o ar de um estrondo atrás delas. Como prova disso, as sobrancelhas de Mai haviam se reduzido a um olhar penetrante. “Não se intrometa nas coisas.”

Parecia que ele tinha acertado um nervo.

“…”

Mai ficou de pé em silêncio.

“Ah, se você precisar do banheiro, está aqui fora e à sua direita.”

“Estou indo embora.”

Mai pegou sua bolsa e abriu a porta.

“Kya!” Um grito veio de Kaede, que tinha trazido o chá em uma bandeja e acabado de chegar em frente à porta. Mesmo que ela estivesse com um pijama mais cedo, ela agora estava vestindo uma blusa branca e uma saia. “U-umm, umm… eu trouxe chá.”

Kaede estava completamente em pânico na frente de Mai, que parecia terrivelmente brava.

“Obrigada.”

Mai sorriu brevemente e pegou a xícara enquanto agradecia a Kaede, antes de esvaziá-la em um só gole.

“Estava saboroso.”

Cuidadosamente, Mai colocou a xícara de volta na bandeja que Kaede estava segurando e se dirigiu para a entrada.

Sakuta saiu apressadamente do quarto e correu atrás dela.

“Ah, espere, Mai-san!”

“O que!?”

Mai estava colocando seus sapatos.

“Isso.”

Ele levantou o saco de papel com a roupa de coelho para mostrá-la.

“Você pode ficar com isso!”

“Então pelo menos deixe-me acompanhá—”

Pouco antes de ele dizer ‘você até sua casa’, ela falou com raiva.

“É próximo daqui, então está tudo bem!”

E saiu da entrada.

Ele foi persegui-la, mas.

“Onii-chan, você vai ser preso!”

Kaede apontou que ele estava de cueca, e ele não tinha mais nada a fazer senão desistir.

Sakuta e Kaede foram deixados no caminho da entrada.

“…”

“…”

Vários segundos se passaram e, de alguma forma, ambos os olhares caíram sobre saco de papel, com uma roupa completa de coelhinha.

“O que você vai fazer com isso?”

“Eu me pergunto…”

Ele tirou as orelhas e, como ela estava carregando a bandeja e não podia resistir por enquanto, colocou-as na cabeça de Kaede.

“E-Eu não usarei isso!”

Ela escapou para a sala de estar com passos cuidadosos, para evitar derramar o resto do chá.

Forçar ela não seria bom, então ele desistiu de fazer Kaede usar isso por enquanto. Ele acreditava que chegaria o dia em que ela ficaria interessada em brincar de coelhinha e o colocou em seu guarda-roupa.

“Isso está resolvido.” O que não estava resolvido era Mai, ela estava completamente zangada. “Vou ter que me desculpar amanhã.”

 


↑ [1] taro: nome comum dado a uma espécie de plantas, a Colocasia esculenta.

↑ [2] Havia um anúncio para o Bufferin no Japão que usava a frase “feito pela metade com felicidade”, que tem sido usado/alterado e etc pela internet, e substituído aqui por ‘amabilidade’.

↑ [3] bilhete sazonal: é um bilhete que concede acesso ilimitado ao serviço durante um tempo pré-determinado. Coloquei uma nota por não ter encontrado o nome deste serviço no Brasil, se é que existe.

↑ [4] Noriori-kun: um bilhete diário para o Enoden, particularmente para o turismo, custa 600 ienes para adultos e 300 para crianças. O nome é literalmente apenas ‘Embarque e Desembarque’-kun.

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